Fórum Económico Mundial e Microsoft juntos no tratamento do cancro

Em 2020, 58,3% das mortes globais por cancro ocorreram na Ásia e, até 2025, a previsão é que aumentem 12% só na Índia. Atento a este problema, o Centro para a Quarta Revolução Industrial, do Fórum Económico Mundial da Índia, iniciou um projeto de tratamento do cancro em parceria com a Microsoft que recorre à inteligência artificial.

O cancro é a principal causa de morte no mundo e uma barreira importante para o aumento da esperança média de vida em quase todos os países. A Organização Mundial da Saúde estima que, entre 2000 e 2019, o cancro foi a primeira ou a segunda causa de morte antes dos 70 anos em 112 de 183 países, ocupando a terceira ou quarta posição em outros 23 países.

Para ambos os sexos, estima-se que metade de todos os casos e 58,3% das mortes por cancro ocorram na Ásia em 2020, onde reside 59,5% da população global. É nesta parte do mundo que são enfrentados os desafios mais complexos em termos de tratamento da doença: falência em traduzir políticas e planeamento em ações; restrições de recursos em termos de infraestrutura e de recursos humanos; lacunas na disponibilidade do serviço; escassez de meios e de investimento em saúde, etc.

Tendo em vista o tratamento do cancro, o Centro para a Quarta Revolução Industrial, do Fórum Económico Mundial da Índia, iniciou em parceria com a Microsoft o projeto Quarta Revolução Industrial para a Transformação Sustentável (Fourth Industrial Revolution for Sustainable Transformation – FIRST).

O Conselho Indiano de Pesquisa Médica projetou que até 2025 a Índia deverá ver um aumento de 12% no número de casos de cancro, somando-se mais 1,56 milhão de pacientes. Neste sentido, o projeto FIRST concentra-se no aproveitamento de tecnologias emergentes como inteligência artificial (IA), Internet das coisas (IoT) e blockchain, que podem ajudar a fornecer serviços de saúde acessíveis e de qualidade na Índia. A estratégia está a ser formulada por parceiros do governo, médicos, provedores de soluções de TI, universidades e organizações da sociedade civil.

Segundo o Fórum Económico Mundial (WEF, na sigla em inglês), a Microsoft está a usar tecnologia de aprendizagem automática (machine learning – ML) e processamento de linguagem natural (natural language processing – PNL) para ajudar os principais oncologistas do mundo a descobrir o tratamento de cancro individualizado mais eficaz para os seus pacientes.

Uma inovação, chamada Inner Eye, está a combinar ML com visão computacional para dar aos radiologistas uma compreensão mais detalhada de como os tumores dos pacientes progridem. A tecnologia está a ser usada no Hospital Addenbrooke, em Cambridge, para desenvolver modelos de IA que usam os próprios dados do hospital para destacar automaticamente tumores e órgãos saudáveis.

Também a BC Cancer juntou-se à Microsoft Canada para colaborar no “Single Cell Genomics”, que permitirá que os médicos visualizem os genomas de células cancerígenas únicas. Este nível de detalhe permitirá combinações direcionadas e específicas de tratamentos para indivíduos e abrirá portas para que os oncologistas prevejam como as células individuais dentro do tumor de um paciente responderão à quimioterapia.

Outro projeto em curso é a Bio Model Analyzer (BMA), uma ferramenta baseada em nuvem desenvolvida pela Microsoft que permite aos biólogos modelar a forma como as células interagem e comunicam entre si, assim como as conexões que fazem. A tecnologia BMA permite descobrir, por exemplo, como detetar o cancro mais cedo e perceber qual a melhor forma de tratamento, aponta o WEF.

A Microsoft e a AstraZeneca têm recorrido à tecnologia BMA para entender melhor as interações medicamentosas e a resistência em pacientes com certo tipo de leucemia. O Projeto Hanover foi desenvolvido para classificar automaticamente todas as informações fragmentadas para encontrar os dados mais relevantes – deixando os especialistas em tumores com mais tempo para descobrir o melhor plano de tratamento para os pacientes.

Por fim, a Jackson Laboratory, uma instituição independente de pesquisa biomédica sem fins lucrativos (também conhecida como JAX, em colaboração com cientistas da computação que trabalham no Projeto Hanover da Microsoft), desenvolveu uma ferramenta para ajudar as comunidades médicas e científicas a estar por dentro do volume crescente de dados gerados pelos avanços na pesquisa genómica.

A ferramenta, apelidada Clinical Knowledgebase ou CKB, é um banco de dados pesquisável em que especialistas no assunto armazenam, classificam e interpretam dados genómicos complexos para melhorar os resultados dos pacientes e partilhar informações sobre ensaios clínicos e opções de tratamento.

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