Entrevista/ “Fazemos questão de promover a qualidade dos têxteis portugueses”

Ana Osório e Catarina Canto Moniz decidiram revolucionar a indústria do sono e, com o apoio de Eugénio Santos, dono do grupo Colunex, lançaram a Marialma, marca de roupa de cama produzida com materiais antialérgicos e antibacterianos. Em setembro, materializaram o sonho com o lançamento da loja online, após dois anos de pesquisas, ensaios e dedicação. Ao Link To Leaders, Ana Osório explica como tudo começou.
Ana Osório é formada em Gestão Financeira e Marketing, cresceu no Brasil e está no Porto há 30 anos. Foi na cidade Invicta que conheceu e se tornou amiga de Catarina Canto Moniz, também ligada ao marketing e à tradução de línguas. No final de 2018, a vontade de criarem juntas um projeto próprio ganhou força de tal forma que deixaram os seus empregos para criarem a Marialma.
Depois de avaliarem a potencialidade do negócio, encontrar investidores, fornecedores e parceiros de negócio foi o passo que se seguiu. Neste caminho, cruzaram-se com Eugénio Santos, um empresário com experiência na indústria do sono, que se tornou sócio da Marialma, incubada na UPTEC – Parque da Ciência e da Tecnologia da Universidade do Porto. Além de ser amiga do ambiente, a Marialma promete ajudar a cuidar da pele e a dormir melhor.
Como surgiu a ideia de criar a Marialma?
Sendo bem objetiva: vontade de empreender num negócio diferenciador, que incorporasse tecnologia, que gerasse valor acrescentado, que fosse ao encontro das necessidades do consumidor atual e que ao mesmo tempo pudesse refletir a minha maneira de encarar um sistema empresarial de gestão inovadora.
Como surgiu a parceria com Eugénio Santos, dono do grupo Colunex? Foi determinante para o lançamento da Marialma?
A parceria com o Eugénio Santos foi, sem dúvida, determinante para que o negócio vingasse. Apesar do conceito do negócio já estar consolidado e de ter os primeiros tecidos já fabricados, foi num golpe de sorte que felizmente se deu o meu encontro com o Eugénio.
Desde a primeira apresentação que fiz, ficou claro o interesse dele pelo negócio, pois por força do acaso ambos tínhamos a mesma ideia e o próprio Eugénio já seguia em curso com um desenvolvimento semelhante dentro portas. Sem dúvida houve desde cedo um reconhecimento de competências e características de personalidades que naturalmente poderiam vir a se complementar.
É com total reconhecimento, que enalteço o seu mérito enquanto empresário e a sua visão de futuro! Foi sem dúvida o início de uma parceria promissora. Mas é importante referir que somos três fundadores, eu, a Catarina Canto Moniz e o Eugénio, que, apesar de ser o acionista maioritário, tem ao seu lado duas mulheres empreendedoras e decididas em dar alma à Marialma.
“O cliente que nos procura é aquele que paga pela qualidade. Talvez seja mais cuidadoso no processo de escolha e mais lento a tomar a decisão de compra, mas quando percebe a qualidade da oferta, não hesita”.
A aceitação tem sido positiva? Como definem os vossos clientes?
Sim, embora leve algum tempo até a marca atingir a notoriedade que pretendemos. Trata-se de um produto que requer alguma explicação. E, como já era esperado, temos recebido vários contatos de consumidores interessados em perceber melhor a nossa oferta. O cliente que nos procura é aquele que paga pela qualidade. Talvez seja mais cuidadoso no processo de escolha e mais lento a tomar a decisão de compra, mas quando percebe a qualidade da oferta, não hesita.
O que distingue os vossos artigos da concorrência?
O nosso posicionamento está inserido dentro de uma categoria muito recente, denominada por Performance Bedding. Muito focada em melhorar a performance diária dos seus clientes, através da otimização das condições do sono. Somos a primeira marca portuguesa a dinamizar esse conceito, como também somos a primeira marca portuguesa a produzir lençóis 100% de cânhamo, tecido com fio fino e com um toque extra suave.
Os tecidos utilizados na confeção de todos os nossos artigos são únicos e especialmente desenvolvidos por nós. Após identificarmos os benefícios que queremos introduzir nos nossos artigos e quais as melhores tecnologias a utilizar, damos início ao processo de produção do nosso próprio fio. Outro aspeto relevante é que tudo é feito em Portugal. Controlamos 100% a cadeia produtiva.
“O negócio nasceu dedicado ao canal B2C, para ser 100% e-commerce. Numa primeira fase não nos vamos distanciar desse objetivo, embora não esteja posta de lado a ideia de virmos a ter pop up stores futuramente!”
Os vossos produtos estão disponíveis exclusivamente online. Faz parte da vossa estratégia apostar em pontos físicos? Se sim, o que está a ser feito nesse sentido?
O negócio nasceu dedicado ao canal B2C, para ser 100% e-commerce. Numa primeira fase não nos vamos distanciar desse objetivo, embora não esteja posta de lado a ideia de virmos a ter pop up stores futuramente!
Quais os maiores desafios que encontraram pelo caminho?
Desde o surgimento da ideia até à sua concretização, passaram-se cerca de dois anos. Trata-se de um processo complexo no qual foram necessários vários testes, ajustes, estudos, que envolveram várias pessoas e diferentes fornecedores. Coordenar tantas pessoas, gerir expectativas e controlar uma cadeia produtiva que envolve diferentes indústrias, não é uma tarefa fácil.
A própria divulgação da marca no canal digital, onde não é possível acontecer a experimentação do produto, não é um caminho rápido e previsível. São necessários ajustes diários e muita agilidade para adaptar estratégias de abordagem ao público-alvo. Temos que estar up to date sempre e com uma enorme capacidade criativa para realizarmos inúmeras ações que decorrem em paralelo em vários canais diferentes!
Quais os vossos critérios para encontraram os fornecedores certos?
Claramente, identificamos os parceiros dispostos a abraçar desafios que apesar dos riscos existentes, confiam e partilham da mesma visão que nós. Igualmente apostam na inovação como fator chave, compreendem o valor dos pequenos nichos, têm boa capacidade técnica e respondem com total empenho e dedicação às nossas necessidades.
“A nossa loja online nasceu na língua universalmente mais falada, mas gradualmente passará a ter outros idiomas, sendo óbvio a nossa língua materna”.
A Marialma nasceu portuguesa, fabrica em Portugal, mas tem os olhos direcionados para o mundo. Qual é a vossa estratégia além-fronteiras?
Sendo um negócio 100% digital, naturalmente falamos de um mercado global com visibilidade em todo mundo. A nossa loja online nasceu na língua universalmente mais falada, mas gradualmente passará a ter outros idiomas, sendo óbvio a nossa língua materna. Enquanto portugueses, fazemos questão de promover a já reconhecida qualidade dos têxteis portugueses, bem como incentivar internamente a produção de artigos diferenciados.
Quais são os mercados onde veem mais potencial para os vossos artigos?
Nos mercados mais maduros relativamente às compras na internet e cujos consumidores estão dispostos a pagar o preço justo por um artigo de alta qualidade, diferenciador e eficiente.
Quanto preveem faturar no próximo ano?
Preferimos não adiantar números, mas com certeza trata-se de um valor aliciante!
Que novidades podemos esperar para 2020?
Muitas! Será sempre uma surpresa, mas com certeza a Marialma nasceu para ser inovadora sempre!
Como veem a Marialma dentro de cinco anos?
Como gosto de dizer, vivemos numa época de incertezas, na qual deixou de ser possível prevermos o futuro com precisão. Mas é nosso objetivo acima de tudo que a marca seja reconhecida pela sua expertise no desenvolvimento de produtos de elevado valor acrescentado que incorporam sempre benefícios para o nosso dia a dia.
Que conselhos deixam a quem quer lançar um negócio?
Que a maior motivação não seja monetária. Empreender é uma escolha que deve ser guiada pelo seu propósito de vida e pelo impacto que deseja ter na sociedade. Só assim, somos capazes de resistir aos obstáculos, aprender com os erros e persistir até obter o tão desejado sucesso.
Respostas rápidas:
O maior risco: Não controlar as variáveis que dependem diretamente do nosso poder de decisão.
O maior erro: Não ser fiel à visão inicial do negócio.
A maior lição: Resiliência.
A maior conquista: Tornar o sonho realidade!