Especial Felicidade no Trabalho: o novo motor da produtividade

A felicidade no trabalho deixou de ser luxo para passar a ser uma vantagem competitiva. Segundo vários estudos, empresas que cuidam do bem-estar dos colaboradores ganham mais produtividade, inovação e lealdade — e transformam cada sorriso em resultados concretos para o seu negócio.
Cada vez mais as organizações concluem que ter estratégias que promovem a felicidade organizacional contribui para o bem-estar dos colaboradores, mas também para a rentabilidade e, consequentemente, para o sucesso. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Eurofound evidenciam que, ao longo de uma vida profissional, podemos chegar a dedicar entre 90 mil a 100 mil horas à atividade laboral, sublinhando a importância de ambientes que promovam satisfação, saúde física e mental e desenvolvimento integral.
Num mercado competitivo, em que atrair e reter talento é um desafio constante, a aposta em políticas que promovem o bem-estar organizacional traduz-se não só em colaboradores mais satisfeitos, como também em ganhos de produtividade e rentabilidade. Os números falam por si. O relatório “State of the Global Workplace 2024”, da Gallup, revela que apenas 21% dos colaboradores a nível mundial se consideram verdadeiramente envolvidos no trabalho. “Em 2024, a percentagem global de colaboradores envolvidos caiu de 23% para 21%. O envolvimento só diminuiu duas vezes nos últimos 12 anos, em 2020 e 2024. A queda de dois pontos no envolvimento no ano passado foi equivalente ao declínio registado durante o ano dos confinamentos e ordens de permanência em casa devido à COVID-19”, pode ler-se no relatório.
Essa falta de engagement tem um impacto direto na economia: estima-se que custe cerca de 8,9 mil milhões de dólares anuais em perda de produtividade. Nos Estados Unidos, a situação também é preocupante — apenas 31% dos trabalhadores afirmam estar envolvidos, o valor mais baixo da última década.

Fonte: “State of the Global Workplace 2024”, da Gallup
Ao mesmo tempo, as expetativas mudaram. Inquéritos recentes, como os realizados pela Randstad, mostram que cada vez mais os profissionais valorizam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, bem como o sentido do trabalho que desempenham, muitas vezes acima do salário. Essa mudança obriga as empresas a reverem as suas estratégias de gestão de pessoas.
A ciência também sustenta esta tendência. Um estudo conduzido pela Saïd Business School da Universidade de Oxford, em parceria com a multinacional britânica de telecomunicações BT, demonstrou que trabalhadores felizes são cerca de 13% mais produtivos, sobretudo em contextos de elevada interação, como os centros de contacto. Outras investigações confirmam que o afeto positivo está associado a maior dedicação, criatividade e desempenho. Ainda assim, os especialistas alertam: não se trata de distribuir benefícios superficiais, mas de criar condições estruturais para o florescimento do talento.
Em resumo: empresas felizes não são apenas locais mais agradáveis para trabalhar. São também organizações mais inovadoras, resilientes e rentáveis. Num mundo em que o talento é escasso, apostar na felicidade pode ser a vantagem competitiva decisiva.

Fonte: “State of the Global Workplace 2024”, da Gallup
Empresas nacionais redefinem pacotes de benefícios com atenção ao bem-estar dos colaboradores
As empresas portuguesas estão a ajustar a sua estratégia de benefícios aos colaboradores para responder a uma conjuntura económica marcada pela incerteza e por crescentes pressões orçamentais.
A principal tendência passa por uma alocação mais eficiente dos recursos, segundo o estudo “Tendências em Benefícios para 2025”, desenvolvido pela WTW, empresa global de consultoria e soluções empresariais.
De acordo com o relatório, a competição por talento é o principal fator a moldar as decisões nesta área (66%), seguida pelo aumento dos custos com benefícios e pelas limitações orçamentais (52%). “Após um longo período de forte investimento nos benefícios, e perante a possibilidade de abrandamento da economia, as empresas estão a recuar e a reavaliar o que realmente gera valor para os colaboradores e para o negócio”, afirma Miguel Albuquerque, diretor de Health & Benefits da WTW.
O estudo destaca que os custos com cuidados de saúde em Portugal continuam a crescer perto dos dois dígitos, dificultando a implementação de estratégias em áreas críticas como reforma (47%), saúde (41%) e programas de bem-estar (26%).
Perante este cenário, as empresas estão a adotar abordagens mais seletivas. Em vez de alargar o leque de benefícios, muitas organizações procuram maximizar o valor das ofertas existentes, recorrendo à personalização, à melhoria da experiência do colaborador e à utilização de dados para apoiar a tomada de decisões.

Fonte: “Tendências em Benefícios para 2025”, desenvolvido pela WTW – dados globais
Nos próximos três anos, mais de metade das empresas (52%) planeia reajustar os seus investimentos em benefícios e 78% pretendem alargar as opções disponíveis para os colaboradores. Entre as medidas previstas, destacam-se o uso de soluções de navegação para otimizar a utilização dos benefícios, o realinhamento de gastos entre diferentes áreas e a escolha de fornecedores com melhor relação custo-benefício nos domínios da saúde, reforma e proteção.
A saúde mental, o bem-estar financeiro e os benefícios de reforma surgem como áreas prioritárias para reforço nos próximos anos. As empresas também tencionam melhorar a comunicação interna e implementar ferramentas que influenciem positivamente os comportamentos dos colaboradores.

Fonte: “Tendências em Benefícios para 2025”, desenvolvido pela WTW – dados globais
Norma para a gestão do bem-estar e felicidade organizacional
Em Portugal existe desde 2023 uma norma para a gestão do bem-estar e felicidade organizacional, a NP 4590:2023. É uma espécie de guião para as empresas, com orientações sobre o que devem fazer para que nos locais de trabalho as pessoas se sintam bem a nível físico, mental e emocional. Destina-se a todo o tipo de organizações e empresas, públicas ou privadas, que depois de auditadas podem ser certificadas. A norma foi elaborada por uma comissão técnica e publicada em 2023 pelo Instituto Português da Qualidade.
Por agora, há apenas três entidades certificadas no país. A primeira empresa foi a Águas de Santarém, uma empresa municipal de gestão privada, que tem como clientes os 58 mil habitantes do concelho.
Do bem-estar ao sucesso: Milestone lidera ranking Happiness Works 2025 entre as médias empresas
Happiness Works: as empresas mais felizes em Portugal
Ao longo dos últimos meses a Happpiness Works mediu o nível de felicidade organizacional e concluiu, depois de mais de 8.560 respostas, quais as empresas felizes na edição de 2025 do estudo. No ranking da última edição foram premiadas grandes, médias e pequenas empresas, além de se ter distinguido o Happy Boss, prémio que resulta do convite aos participantes para indicarem o nome de um profissional — da sua organização ou de outra — que considerem um exemplo de felicidade no trabalho.
O prémio Happy Boss foi atribuído a Samuel Soares, fundador e diretor executivo da consultora tecnológica portuguesa Samsys. Empreendedor apaixonado por liderança e desenvolvimento pessoal, Samuel Soares é também autor e orador, dedicando-se a inspirar outros através da partilha de conhecimento e experiências.
Foi ainda entregue o galardão de Happy Manager, cujo método de escolha é similar, sendo que é atribuído em conjunto com a APG – Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas. A vencedora foi Raquel Canoa, Coordenadora – Pessoas, Cultura e Solidariedade da RHmais, que tem a seu cargo mais de 1500 colaboradores.
No Top 3 de entre as grandes empresas estão a Adecco Portugal, o Grupo Conceito e a VTXRM – Software Factory. No segmento das médias empresas, os três primeiros lugares são da Milestone, Colégio Novo da Maia/Colégio Novo de Gaia e Fielnorte. E porque nas pequenas organizações também já existe a preocupação com a felicidade das suas pessoas, a AMCO Intermediários Crédito, a Academia Transformar e a Rumos ocupam os três primeiros lugares desta categoria.
Para figurar no top 25 do ranking Happiness Works 2025, as empresas vencedoras apresentam algumas características diferenciadoras. São organizações com uma rotatividade média 47% inferior ao benchmark, têm uma produtividade autorreportada até mais de 23% e apresentam o melhor NPS (Net Promoter Score) interno e externo (clientes e candidatos).
De acordo com o estudo Happiness Works, o índice médio de felicidade “aumentou de 3,4 em 2012 para 4,1 em 2025, com uma especial aceleração pós-2020, impulsionada por políticas de bem-estar, teletrabalho e foco no equilíbrio emocional. Ainda assim, a estagnação em certas funções operacionais revela desigualdade emocional dentro das organizações”.
Great Place To Work distingue empresas no setor das TI
Os colaboradores confirmam: as empresas com elevados níveis de confiança têm um desempenho superior ao da concorrência. Ter uma “cultura de confiança elevada”, como a dos Best Workplaces em TI, o ranking dos Melhores Lugares para Trabalhar em Tecnologias de Informação, da Great Place To Work, tornou-se, assim, numa vantagem estratégica.
Conheça os melhores lugares para trabalhar em tecnologias da informação, segundo a Great Place To Work que voltou a distinguir este ano as 25 empresas em Portugal com os maiores índices de confiança no setor das tecnologias da informação.
PEQUENAS EMPRESAS
JTA – The Data Scientists, na liderança da tabela das “Pequenas empresas”
01 JTA – The Data Scientists
02 Peaceful Evolution
03 Wire IT
04 AdvanceWorks
05 WireMaze
06 AmeXio
07 Vopak IT
08 LS Retail
09 Normática
10 Westcon-Comstor
MÉDIAS EMPRESAS
Swiss Post IT Campus, na liderança do ranking das “Médias empresas”
01 Swiss Post IT Campus
02 Crossjoin Solutions
03 Salesforce
04 Innotech
05 Mind Source
06 Stellaxius
07 ICT Strypes
08 Salsify
09 Oddsgate
10 Logicalis
GRANDES EMPRESAS
A Noesis, à frente nas “Grandes empresas”
01 Noesis
02 Synopsys Inc.
03 Cisco
04 Olisipo
05 Softinsa
Este ranking mostra que ouvir os colaboradores, promover a confiança e apostar na inovação são fatores determinantes para o sucesso no setor tecnológico. Clique aqui, para aceder ao ranking completo, com as informações sobre as empresas, e consultar o relatório do estudo.
Nasce primeira incubadora para projetos focados em saúde mental e felicidade no trabalho
O Centro de Negócios da Área de Acolhimento Empresarial de Ul/Loureiro, no concelho de Oliveira de Azeméis, tem uma incubadora que os seus promotores consideram única na Europa e que designam por NIBEL – Núcleo de Inovação e Bem-Estar Laboral.
A incubadora é gerida pela equipa do centro de empreendedorismo de impacto Start In, uma copromoção entre a ADRITEM – Associação de Desenvolvimento Regional Integrado das Terras de Santa Maria – e a Gaiurb, entidade com experiência na gestão urbana e inovação territorial. O Município de Oliveira de Azeméis conta-se entre os parceiros e fundadores do NIBEL.
“Pretendemos criar um ecossistema pioneiro onde se cruzam ciência, inovação social e soluções práticas para melhorar o bem-estar laboral em contextos diversos”, afirma Teresa Pouzada, diretora não executiva da ADRITEM, que quer “acolher e apoiar a nova geração de soluções inovadoras na área do bem-estar laboral”.
A permanência no NIBEL varia entre três a cinco anos, dependendo da fase de maturidade e das necessidades do projeto. No entanto, adianta Teresa Pouzada, “temos flexibilidade para avaliar, caso a caso, a possibilidade de uma permanência prolongada, sempre que essa continuidade se revele estratégica para o sucesso e sustentabilidade” da iniciativa incubada.
Segundo esta responsável, são oferecidos dois modelos de incubação: a modalidade virtual, com um custo mensal de 39,90 euros, e a modalidade física, com espaço próprio no centro e um custo de 49,90 euros por mês. Ambos os modelos incluem acesso a programas de mentoria, networking e apoio especializado nas áreas de inovação e impacto social.
Barómetro da Felicidade no Trabalho avalia trabalhadores nacionais. Só 7% estão “extremamente felizes”.
Numa parceria com a DATA-E, o IDEA Spaces realizou um inquérito para identificar os fatores que impactam a felicidade no trabalho e avaliar se os benefícios oferecidos pelas empresas estão alinhados com as expetativas dos colaboradores. As conclusões do Barómetro da Felicidade mostram que apenas cerca de 7% dos inquiridos estão “extremamente felizes” no seu trabalho e que a taxa de satisfação dos colaboradores com benefícios como flexibilidade de horário, seguro de saúde e de vida e bónus de desempenho é baixa.
Os diferentes regimes de trabalho foram um dos indicadores contemplados no Barómetro, e neste ponto os resultados demonstram que os trabalhadores em regime remoto são os mais felizes. Contudo, aqueles que utilizam os espaços de cowork apresentam, tendencialmente, maiores níveis de satisfação com a modalidade de trabalho, revelando a crescente procura por flexibilidade a todos os níveis
O “interesse e motivação pelo trabalho desenvolvido” (31%), o “bom ambiente de trabalho” (23%), “reconhecimento e valorização profissional” (19%) e “boa remuneração” (17%), são os principais fatores que os inquiridos relacionam com a felicidade no trabalho.
O estudo comprova ainda a forte correlação entre o salário e a felicidade no trabalho, já que os colaboradores com rendimentos superiores a 2500 euros mensais registaram a maior média de felicidade (sete em dez), enquanto aqueles que recebem menos de 1000 euros apresentaram uma média de seis em dez.
Também se observou uma ligação entre a felicidade e o vínculo que os colaboradores têm com as empresas, uma vez que os inquiridos que trabalham na mesma empresa há mais de 10 anos são os mais infelizes no trabalho.
Quando questionados sobre as oportunidades de desenvolvimento e progressão na carreira, os inquiridos destacaram a importância destes aspetos, mas apresentaram um grau de satisfação muito baixo. Sugerem que as organizações devem reforçar o investimento em estratégias que promovam a retenção de talento e a motivação das suas equipas.
Os resultados do Barómetro revelam também que nove em cada dez colaboradores estão abertos a novas ofertas de trabalho, sendo que destes, sete em cada dez recebem menos de 1500 euros.
No que diz respeito às atividades oferecidas pelas empresas, mais de 40% dos inquiridos afirmaram que a sua entidade patronal não oferece quaisquer iniciativas aos colaboradores. Destas organizações, cerca de 70% operam há mais de 20 anos no mercado, o que pode indicar uma maior resistência à adoção de novas práticas de gestão de pessoas. Em contrapartida, o relacionamento com colegas e chefias foi avaliado de forma positiva, com níveis de satisfação acima da média, afirmando-se como um ponto forte nas organizações.
O estudo indica ainda que oito em cada dez inquiridos não consideram que a qualidade de vida dos portugueses seja satisfatória. Entre os fatores para esta perceção, 26% destacaram a cultura laboral como um dos principais fatores, o que revela a necessidade de as empresas repensarem as suas culturas organizacionais e adaptá-las às características de cada equipa.
Zurich Portugal abre as portas do escritório aos amigos de quatro patas
A Zurich Portugal tem um novo benefício para os colaboradores: a possibilidade de levarem os seus cães todas as sextas-feiras para a sede, em Lisboa. A iniciativa “Tragam o vosso cão ao escritório” visa promover o bem-estar e criar um ambiente de trabalho ainda mais alegre e acolhedor.
“Na Zurich, acreditamos que cuidar das nossas pessoas é também cuidar de todos os membros da sua família – incluindo os animais. Ao permitir que os colaboradores tragam os cães para o escritório, promovemos a integração entre a vida pessoal e profissional, além de incentivarmos um ambiente mais leve e positivo, com benefícios comprovados para o bem-estar mental, tema que está sempre no centro da experiência que queremos promover”, afirma Sílvia Espinheiro, People Experience Manager da Zurich Portugal.
Para tal, a sede da Zurich foi preparada para receber os animais dos seus colaboradores: o edifício conta com Pet Stops, locais de apoio para quem leva os cães para o escritório, e os colaboradores que levem os seus cães vão receber um Kit Zurich Pet Friendly, que inclui uma manta, dispensador de água e comida, uma bola e uma bandana.
A decisão de tornar a sede pet friendly surge em linha com diversos estudos que dão conta de que a presença de animais de estimação no escritório contribui para diminuir o stress e aumentar a produtividade, além de reduzir o sentimento de culpa dos tutores por deixarem os animais sozinhos, explica a seguradora em comunicado.
“Millennials” são os trabalhadores com maior risco de saúde mental
Os profissionais da geração millenium (30 a 45 anos) são os que têm maior risco ao nível da saúde mental e a geração ‘babyboom’, próxima da reforma, a que tem mais fatores de proteção relacionados com ambiente de trabalho saudáveis.
As conclusões são da última investigação do Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis (Labpabs), que indica que os profissionais das gerações mais jovens são os que referem “menos envolvimento“ com as empresas
“Nitidamente a ‘babyboom’ é a melhor [em termos de riscos para um ambiente de trabalho saudável], ou seja, aqueles que estão quase a reformar-se, os filhos também já estão criados”, explica Tânia Gaspar, coordenadora do estudo e fundadora do Labpats.
Entre as outras gerações, disse haver “coisas boas e más” em cada uma delas: “No caso dos mais novos, é mesmo esta coisa do ‘engagement’. Este envolvimento, sentimento de pertença, que o trabalho dá significado à sua vida, não têm”.
Afirmou que esta caraterística acaba por proteger estes profissionais a nível da saúde mental, pois o envolvimento está muito relacionado com o ‘burnout’: “Estudei a relação entre o ‘engagement’ e o ‘burnout’ e há uma correlação, ou seja, há um grupo de pessoas que têm grande ‘engagement’ , mas grande ‘burnout’, porque acabam por se envolver demais, não têm limites”.
Já as gerações do meio – millenium e X (a partir dos 45 anos) -, já estão há algum tempo a trabalhar e com casa e filhos “ficam mais afetadas na sua saúde mental” e, no caso da X, são os pais daquela que “está a começar a trabalhar”.
Dos estudos que fez, a geração millenium é “a que está mais saudável”, pois “já não teve de levar com os pais que passaram por uma ditadura” e têm pais que se dedicam muito a eles e têm “alguma dificuldade em impor regras”.