Espanha propõe a criação de um “fundo de fundos” na Europa para promover mais unicórnios

A Espanha propôs à Europa a criação de um “fundo de fundos” transnacional para ajudar no cofinanciamento e implantação de scale-ups e unicórnios. A Secretária de Estado espanhola da Digitalização e Inteligência Artificial reivindica o propósito e as possibilidades que o  fundo Next Tech, que acaba de anunciar, pode trazer.

O fundo Next Tech foi apresentado recentemente como uma iniciativa que prevê mobilizar até 4 milhões de euros entre recursos públicos e privados (com uma participação do Estado espanhol até 49%) num período inicial de quatro anos. O objetivo é projetar e promover o surgimento de mais unicórnios, ou seja, empresas que valem mais de mil milhões de euros, cujo modelo funciona e que desejam escalá-lo.

A iniciativa vem da secretaria de Estado espanhola da Digitalização e Inteligência Artificial (SEDIA), do Ministério espanhol da Economia e Transformação Digital, e do Instituto Oficial de Crédito (ICO) em Espanha. Nas palavras da secretária de Estado espanhola Carme Artigas, o Next Tech só poderia ser um primeiro passo.

“Estamos a liderar a nível europeu que os fundos nacionais como o Next Tech se unam para criar um fundo de fundos europeu transnacional”, disse Artigas numa entrevista ao Business Insider. Artigas já tinha partilhado esta proposta numa das últimas reuniões do Conselho da União Europeia.

A ideia é que as empresas espanholas não só tenham acesso aos fundos do Next Tech, mas também possam ir à Europa à procura cofinanciamento. “É o caminho a seguir”, defende Artigas. “As novas empresas espanholas, se não conseguem financiamento na Europa, têm de se vender ou sair à procura de dinheiro. Não crescem nem criam empregos em Espanha”.

“Este é um problema que ocorre em geral no nível europeu e que em Espanha queríamos resolver”, diz. “A razão do Next Tech é angariar 4 milhões de euros de investimento. Mas não para qualquer tipo de empresa: só para quem precisa. O benefício é que o talento vai ser criado aqui, a parte intelectual vai ficar aqui, as patentes ficarão aqui e poderão gerar-se unicórnios [empresas com uma avaliação superior a mil milhões de euros]”, acrescenta.

Na cerimónia de apresentação do Next Tech, Artigas referiu que 60% do capital de risco investido nas empresas espanholas chega em fases de semente. “O problema é quando as empresas crescem. No campo tecnológico, as empresas precisam de grandes somas de capital para serem competitivas a nível europeu. E devem ter acesso a outras fases de investimento da Série B para competir”.

A capacidade de investimento do Next Tech será uma das maiores dos fundos nacionais europeus. Só está atrás do fundo alemão em volume. “A sua dotação é o dobro do fundo na França, apesar de termos um ecossistema de empreendedorismo digital menor”. A ideia é que, para uma start-up espanhola se tornar num unicórnio, não precise de sair do país.

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