Entrevista/ “Escolhemos Portugal como o centro da nossa estratégia de internacionalização”

Joana Crispim, diretora da Conquest One em Portugal

 Transformar a Conquest One Portugal num player de referência do mercado nacional de recrutamento de TI  e, enquanto mulher, assumir um cargo de liderança, são desafios que a diretora da Conquest One em Portugal tem pela frente. Em entrevista ao Link To Leaders, Joana Crispim acredita que Portugal tem potencial para se transformar no ‘Sillicon Valley’ da Europa.

Criar em Portugal o hub de recrutamento internacional da Conquest One na Europa é um dos desafios que a multinacional brasileira Conquest One assumiu ao entrar no mercado português. Especializada no recrutamento de profissionais de tecnologias de informação e comunicação, com uma oferta global de serviços de staffing de TI, esta empresa com mais de 24 anos de atividade no Brasil, escolheu Portugal como ponto de partida para a sua estratégia de internacionalização na Europa.

Em entrevista ao Link To Leaders, Joana Crispim, responsável pela gestão centralizada de todo o projeto de expansão europeu, confidenciou que mais do que uma porta de entrada na Europa, a empresa encara Portugal como um ecossistema emergente de acesso a profissionais de tecnologia altamente qualificados, e como tal as ambições são grandes: tornar a empresa num player de referência do mercado nacional de recrutamento de TI.

Qual a estratégia da Conquest One para Portugal?
Acreditamos que Portugal tem potencial para se transformar no “Sillicon Valley da Europa” e como tal queremos criar neste país o hub de recrutamento internacional da Conquest One na Europa. Estamos a entrar no mercado português de recrutamento de profissionais de tecnologias da informação e comunicação com uma oferta global de serviços de staffing de TI, e com uma inovadora plataforma tecnológica que dá acesso a uma base de dados com mais de 230 mil profissionais altamente qualificados nas mais distintas áreas tecnológicas – a CQ1 Talent Search.

“O objetivo é tornar a Conquest One Portugal num dos principais players do mercado europeu de recrutamento de talento (…)”.

Quais os seus principais objetivos enquanto líder da empresa em Portugal?
A Conquest One Portugal vai dar continuidade ao legado da Conquest One Brasil, ou seja, vamos apostar sempre em recursos altamente qualificados e encontrar os melhores profissionais para cada empresa, mantendo sempre o foco nas pessoas. O objetivo é tornar a Conquest One Portugal num dos principais players do mercado europeu de recrutamento de talento na área das TI, e definir metas ambiciosas que desafiem as nossas equipas e contribuam para o sucesso e crescimento de toda a cadeia de valor – os profissionais de TI, as empresas parceiras e o próprio mercado.

E quais os principais desafios que terá pela frente neste novo contexto?
Numa primeira fase, transformar a Conquest One Portugal num player de referência do mercado nacional de recrutamento de TI, à semelhança do que acontece com a Conquest One no mercado sul americano. Numa segunda fase levar o nosso know-how para o resto da Europa. O desafio permanente é estarmos sempre um passo à frente e garantir que continuamos a inovar a todos os níveis: na metodologia, na oferta, nas soluções tecnológicas que disponibilizamos e na relação de proximidade que mantemos com os nossos profissionais e parceiros.

Numa economia digital sem barreiras geográficas e muito penalizada pelo contexto pandémico, atrair e reter talento é ainda mais difícil. Apesar de estarmos na Europa, concorremos diariamente com players de todo o mundo. A inovação é essencial.

Um outro desafio, não menos importante, é o facto de enquanto mulher assumir um cargo de liderança. A verdade é que vivemos numa sociedade em que ainda existem preconceitos sobre este tema. No ADN corporativo da Conquest One percebemos as vantagens de apostar na diversidade de género neste mercado tecnológico. Temos parcerias e formações só direcionadas a esta temática e iremos continuar a trabalhar para combater a desigualdade que ainda existe.

Em que medida a experiência que acumula a preparou para ser bem-sucedida nessa nova missão?
As empresas por onde passei até ao momento foram, sem dúvida, uma grande escola. Tive o privilégio de conhecer, trabalhar e aprender com alguns dos melhores profissionais do mercado português. Toda a experiência que fui adquirindo permitiu-me crescer e ter a garra necessária para abraçar este novo desafio que acarreta uma enorme responsabilidade, mas que ao mesmo tempo é extremamente motivador e gratificante.

Para além disto, o meu background académico é em psicologia, o que contribui sem dúvida para uma otimização na identificação dos dados psicotécnicos e nas relações interpessoais quer com o recurso de TI, quer com o cliente. Sei que ainda tenho muito a aprender e a crescer, mas estou muito entusiasmada por poder liderar uma empresa como a Conquest One.

“Portugal é mais do que uma porta de entrada para a Europa, é um ecossistema emergente de acesso a profissionais de tecnologia altamente qualificados (…)”.

O que levou a empresa a entrar no mercado português?
Portugal é mais do que uma porta de entrada para a Europa, é um ecossistema emergente de acesso a profissionais de tecnologia altamente qualificados. Para além do idioma que nos une à “casa mãe” no Brasil, a qualidade do talento português é reconhecida internacionalmente, não só em termos técnicos, mas também sociais e culturais. Os vários centros de competências que já existem, e a crescente atração de investimento internacional, demonstram exatamente isso.

“A App SenseOne é uma ferramenta que nos ajuda muito na retenção dos nossos profissionais, mas a proximidade e o contacto humano continuam a ser fundamentais (…)”

A qualidade do talento português é reconhecida internacionalmente? O que é preciso fazer para reter o talento em Portugal?
O talento tecnológico português é reconhecido internacionalmente pela sua qualidade a vários níveis. Aliás, um dos grandes desafios é manter o nosso talento em Portugal e combater as ofertas aliciantes que vêm permanentemente lá de fora. Mas reter talento envolve mais do que uma simples remuneração atrativa, e por isso é que é difícil. A Conquest One segue uma política Human Centered, ou seja, acompanhamos permanentemente os nossos profissionais e privilegiamos o seu bem-estar pessoal e profissional. Destacamo-nos por ter uma equipa de Talent Management que está exclusivamente dedicada e em permanente contacto com o nosso talento.

Para agilizar esta relação, e como temos recursos de todo o mundo, os profissionais têm uma app – a SenseOne, também desenvolvida por nós – através da qual nos dão o seu feedback, indicam as suas necessidades, níveis de satisfação e disponibilidade. Toda a informação é registada e monitorizada no ERM (Employee Relationship Management). A App SenseOne é uma ferramenta que nos ajuda muito na retenção dos nossos profissionais, mas a proximidade e o contacto humano continuam a ser fundamentais, e é aqui que apostamos.

Que serviços vai Conquest One oferecer ao mercado português?
Diferenciamo-nos pelas soluções digitais que colocamos ao serviço dos profissionais de TI e das empresas, mas temos uma oferta global com distintos modelos de recrutamento para conseguirmos responder a todas as necessidades das empresas. A CQ1 Talent Search é a nossa plataforma de recrutamento que tem por base um modelo de “self-service”. O CQ1 RPO (Recruitment Process Outsourcing) é um serviço dedicado à contratação de profissionais de TI através da disponibilização de um Tech Recruiter da Conquest One e de toda a infraestrutura especializada de talent acquisition. O Talent Find é o nosso serviço de hunting.

Neste caso é a Conquest One que identifica, analisa e seleciona os melhores talentos na área da tecnologia, recorrendo à inteligência artificial e a análises técnicas e comportamentais para assegurar o matching perfeito entre as hard e soft skills dos profissionais e as necessidades e cultura do cliente. Por fim temos o Talent Source, onde a Conquest One é responsável por toda a gestão e acompanhamento do profissional ou da equipa contratada pelo cliente – desde o primeiro momento de análise técnica e comportamental dos colaboradores, até à conclusão do projeto.

Como funciona a plataforma CQ1 Talent Search?
A Talent Search é a plataforma tecnológica da Conquest One que mais se evidencia, porque oferece inúmeras vantagens, quer para o candidato quer para a empresa. É uma plataforma que permite a contratação de profissionais de TI de forma totalmente autónoma, remota e segura. De acordo com os requisitos indicados pelo cliente, e com a ajuda de inteligência artificial, a CQ1 Talent Search apresenta uma lista de perfis compatíveis e qualificados, e facilita a comunicação entre as partes, por exemplo, através do envio de convites aos profissionais e agendamento de entrevistas.

Os profissionais de TI registados na plataforma têm acesso a inúmeras oportunidades de trabalho em todo o mundo. As empresas têm acesso a uma base de dados internacional com o melhor talento tecnológico e podem gerir todo o processo de seleção e contratação de forma autónoma e num ambiente 100% digital

Quais as áreas de negócio mais emblemáticas na vossa oferta de serviços?
Penso que não podemos destacar uma área emblemática. O facto de apostarmos numa relação de estreita proximidade com os nossos profissionais, de darmos prioridade ao equilíbrio entre o bem-estar pessoal e profissional e de promovermos a permanente atualização das suas competências permite-nos identificar facilmente os melhores talentos para cada empresa, não só com base nas suas competências técnicas, mas também nas suas expectativas pessoais e perfil social e cultural – as designadas soft-skills. Este matching perfeito entre profissional e empresa é crucial para a retenção de talento, e a nossa taxa de sucesso mostra que este nosso posicionamento é o mais assertivo.

“Responder às expectativas pessoais e profissionais de recursos que são diariamente seduzidos por terceiros é muito complicado”.

É uma constatação que a área tecnológica acusa um deficit de talentos. Hoje em dia, o que é as empresas precisam fazer para reter e contratar talentos nesta área?
Há vários desafios. Não é fácil ter acesso a talento qualificado. Muitas empresas não sabem onde procurar, não têm profissionais nos recursos humanos preparados para atrair este tipo de profissionais, num contexto em que a procura é maior que a oferta, ou simplesmente têm dificuldade em criar uma oferta com benefícios atrativos que possa competir com empresas internacionais. Reter ainda é mais difícil. Responder às expectativas pessoais e profissionais de recursos que são diariamente seduzidos por terceiros é muito complicado. É aqui que uma empresa especializada como a Conquest One faz a diferença. Temos as ferramentas tecnológicas, uma equipa especializada, profissionais altamente qualificados, sabemos onde procurar, como gerir e, mais importante, como encontrar os profissionais mais indicados para cada projeto ou empresa.

Quais serão as profissões do futuro para o setor de TI?
Num futuro não tão distante acreditamos que haverá um aumento significativo (para além daquele que já existe) da procura por Data Scientists, Business Intelligence e Cloud Computing Specialists.´, Outsystems Developers e Cyber Security Specialists.

“(…) escolhemos Portugal como o centro da nossa estratégia de internacionalização na Europa”.

Quais os planos da Conquest One em termos de crescimento em Portugal?
Pretendemos construir um hub de recrutamento internacional para a área das TI, focado na ambição, expetativas e objetivos dos profissionais e nas necessidades das empresas. Por isso, escolhemos Portugal como o centro da nossa estratégia de internacionalização na Europa.

Como foi a performance da empresa no ano passado em termos de resultados financeiros?
Apesar do cenário no último ano, continuamos a crescer. A aceleração dos projetos de transformação digital imposta pela pandemia conduziu ao aumento da procura por profissionais de TI no mercado global. Temos mais de 230 mil talentos de todo o mundo na nossa base de dados. Em Portugal pretendemos triplicar estes números no espaço de cinco anos.

Respostas rápidas:
O maior risco: Liderar aos 31 anos.
O maior erro: Nunca ter feito Erasmus.
A maior lição: Não tomar nada como garantido.
A maior conquista: Enquanto mulher ter a confiança por parte da administração para liderar uma nova operação que emprega tamanha responsabilidade.

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