Este é o primeiro artigo que escrevo numa situação na qual, há pouco mais de um mês, nenhum de nós imaginaria encontrar-se: em “confinamento”, situação na qual se encontra também a larga maioria dos colaboradores das empresas associadas do GRACE – Empresas Responsáveis.
Sendo, aparentemente, um tema essencialmente de saúde pública, a pandemia causada pela COVID-19 é também porventura, o maior “teste ácido” dos últimos mais de 70 anos, não apenas à resiliência das muitas das economias afetadas, como sobretudo à responsabilidade social das empresas que se vêm afirmando como socialmente responsáveis.
Como pode ler-se num magnífico artigo de Paul Polman (CEO da Unilever entre 2010 a 2019, e atualmente membro da Direção do Pacto Global das Nações Unidas), a atual crise pandémica, além de dizimar vidas, está a testar severamente as organizações, a verificar os limites da coesão social, a ameaçar rasgar “contratos sociais” (incluindo os inter-geracionais) um pouco por todo o mundo. Daí a importância de as empresas (responsáveis) estarem na linha da frente deste combate do qual não podemos sair perdedores.
Neste contexto, é muito animador constatar como se multiplicam, dia após dia, os exemplos de empresas que “reformatam” a sua atividade, engrossando um exército invisível mas eficaz de combate a um inimigo comum: empresas têxteis que reconduzem o essencial da sua produção para batas, máscaras e outro tipo de equipamento de proteção essencial a profissionais de saúde, indústrias “pesadas” que se reconvertem para produzir os muitos milhares de ventiladores de que os hospitais vão precisar, fabricantes de perfumes que passam a produzir produtos desinfetantes que nunca antes haviam produzido, e por aí fora, num incontável número de exemplos, que não será esquecido e que é em si mesmo criador de fé no tempo da reconstrução massiva que teremos de alcançar.
A estes exemplos de “capitalismo responsável”, somam-se os notáveis atos de generosidade e abnegação de muitos dos setores mais fustigados por esta crise sem precedentes: os hotéis e outros equipamentos (anteriormente) turísticos, que aceitam transformar-se em “hospitais de campanha” e/ou “centros de quarentena”, as empresas do setor da restauração que doam milhares de refeições a hospitais, para que os profissionais de saúde não somem, à exaustão, uma nutrição deficiente, entre tantos e tantos outros exemplos, incluindo os da chamada sociedade civil! (as gentes anónimas que, podendo estar “em confinamento” dão o seu tempo e arriscam “sair de casa” para que os mais vulneráveis não vejam vulnerabilidade transformada em fatalidade).
Na batalha contra um inimigo invisível que não conhecemos (e que, ao que tudo indica, nos engana insidiosamente nos esforços de contenção, hospedando-se sem aviso em seres humanos que converte em disseminadores inocentes da doença, fruto de um assintomatismo traidor), teremos de sair vencedores.
E é nesta batalha que os líderes de empresas responsáveis têm um papel particularmente relevante a desempenhar, nomeadamente perante os seus colaboradores e a sua comunidade. Esta crise extraordinária que vivemos exige deles que avancem, e corram riscos, no interesse coletivo de todos.
Como afirmou recentemente o líder de uma “empresa responsável” “Make no mistake, in times of crisis, the character and core values of a firm and its leaders are tested and truly revealed. Now is when public relations jargon gets distinguished from what is real.”
No GRACE – Empresas Responsáveis, não só tudo faremos para estar ao lado dos nossos associados, apoiando-os neste momento tão difícil, como já reformatámos o nosso plano de atividades, adaptando-o àquelas que nos parecem ser “necessidades COVID-19” que somos capazes de suprir, sem qualquer custo acrescido para as empresas da grande família GRACE (informação concentrada no link, arrumada em três separadores, Corporate | Colaboradores | Comunidade). Acreditamos que, em alturas como estas, organizações como o GRACE só servem, se puderem servir a sociedade em geral, e é isso que vamos fazer.
*Presidente do GRACE em representação da Vieira de Almeida & Associados – Sociedade de Advogados