Empresas podem reduzir 30% das emissões sem custos no negócio, segundo estudo do BCG e do WEF

Um estudo publicado pelo Boston Consulting Group (BCG), em colaboração com o World Economic Forum (WEF), revela que a adoção de medidas de combate às alterações climáticas traz benefícios às empresas.
O estudo Winning the Race to Net Zero: The CEO Guide to Climate Advantage, publicado pelo Boston Consulting Group (BCG) e pelo World Economic Forum (WEF) traz algumas pistas sobre como os CEO podem navegar numa transformação global que está a ocorrer a nível ambiental, concretamente na redução das emissões globais.
Apesar de este ser um dos grandes desafios com que as empresas se deparam, o relatório realça o facto de esta transição ser também uma oportunidade para as estas ganharem vantagens competitivas. Ou seja, através da análise de dados e qualitativos, incluindo entrevistas com CEO e altos executivos de empresas líderes em todas as regiões e indústrias, o relatório mostra alguns dos benefícios de uma abordagem empresarial ambientalmente mais responsável.
A atração e retenção de talento é um desses benefícios uma vez que metade das pessoas que procuram emprego atualmente dão prioridade à sustentabilidade. A nível de negócio, o estudo mostra que as empresas com alternativas verdes crescem até mais 25p.p. do que as que oferecem produtos tradicionais. A par disso, a análise do BCG e do WEF revela ainda que é possível que quase todas as empresas reduzam, pelo menos, um terço das emissões exigidas sem custos líquidos para o seu negócio.
Inclusive, algumas organizações conseguem descarbonizar quase totalmente sem estes custos (uma média de 50% de redução de emissões sem custos líquidos em setores-chave). Por outro lado, existe também uma redução da exposição ao risco, com uma melhoria entre 2 a 12p.p. na margem de EBIT, devido à redução da obrigação fiscal de carbono, e um acesso a financiamento mais acessível, através da redução do custo médio de capital de 100bp para os líderes em sustentabilidade. Por último, estas organizações têm também um retorno aos seus acionistas em média 3p.p. superior às restantes.
O relatório destaca ainda que o progresso dos últimos anos resulta de uma ação competitiva, desencadeada por uma única empresa que avança à frente do seu setor, e não de uma ação coletiva. Ou seja, as empresas pioneiras elevam a fasquia para as suas indústrias, reformulam o seu contexto de mercado, criam disrupção nos modelos de negócio, mostram que a redução de emissões pode funcionar economicamente, proporcionam aos clientes uma escolha sustentável e forçam o mercado a segui-los, conclui o estudo.
É o caso do setor automóvel concretamente com a marca a Tesla que introduziu o primeiro veículo 100% elétrico produzido em massa em 2008, quando esta tecnologia era ainda vista com ceticismo. Ou ainda da Mercedes-Benz que em 2019 assumiu a ambição de ter uma frota de veículos neutra em carbono até 2039.
Patrick Herhold, managing director e partner do Centro para o Clima e Sustentabilidade da BCG, lembra que a “a mudança está a acontecer muito mais rapidamente do que a maioria das pessoas e das empresas se apercebem. Por exemplo, as previsões para a capacidade solar fotovoltaica em 2030 aumentaram num fator de 36 entre 2002 e 2020, enquanto os custos unitários previstos caíram num fator de três. As empresas que subestimam o ritmo e a magnitude de mudanças como estas, correm o risco de subestimar o impacto que a transformação climática pode ter nos modelos de negócio, produtos, e valor da empresa”.