Empreendedores da Nigéria encontram na reciclagem um modo de vida

Transformar resíduos em novos produtos tem sido a aposta de muitos empreendedores nigerianos, que encontram neste negócio uma forma de ganhar a vida. Conheça alguns casos de sucesso.

Olamide Ayeni-Babajide é uma empreendedora nigeriana que encontrou no lixo um potencial de negócio e investimento. Ao reconhecer o valor que a reciclagem do lixo pode atingir, a empresária começou por recolher colheres de plástico, papel, casca de milho e rolhas de vinho para depois transformar em objetos de decoração.

Esta incursão no mundo da reciclagem foi bem-sucedida e, em 2016, criou a Pearl Recycling, avança o Quartz. Desde então, a empresa já formou mais de 250 pessoas, ajudando-as a transformar resíduos sólidos em novos produtos. Por exemplo, a empresa fornece móveis a escolas, provenientes da reconversão de pneus e os alunos aprendem a construir os móveis desde o início. Além da vertente económica, a empresa tem um cariz educativo ao informar sobre o impacto dos resíduos no meio ambiente e as razões e importância da reciclagem.

A ideia de reciclagem, por si só, não é estranha aos nigerianos. A reutilização de recipientes e materiais é comum no país, até mesmo em pequenas lojas, onde os amendoins são vendidos em garrafas de vinho velhas e garrafas de plástico são reutilizadas para vender óleo de palma e outros líquidos. Mas na capital, Lagos, com uma população de 20 milhões de pessoas, a reciclagem é também um benefício para enfrentar o desafio da sobre-povoação e os resíduos que produzem.

A Greenhill Recycling é uma empresa social com atuação nos bairros de baixo rendimento da capital nigeriana e tem em curso um projeto de incentivos baseados em pontos para trocar de resíduos recicláveis. Esses pontos podem ser trocados por alimentos ou propinas escolares. A organização tem ainda programas comunitários onde os participantes aprendem a reciclar seus resíduos de forma a torná-los rentáveis.

A maioria das organizações envolvidas neste setor é descrita como empresas sociais. Com o aparecimento de start-ups de tecnologia e inovação por toda a África, as empresas sociais começam a sofrer de preconceito negativo por serem mais focadas no impacto social do que estimuladas pelo lucro. Essa preocupação pode ter sido impulsionada pelo que parecia ser um ambiente favorável de financiamento para empresas sociais africanas com acesso a financiamento de capital de risco tradicional, juntamente com subsídios e prémios internacionais, bem como fundos de impacto social específicos.

Apesar das vantagens percebidas pelas empresas sociais, muitas start-ups de reciclagem da Nigéria enfrentam um enorme desafio na captação de recursos. As empresas não têm apoio do governo em subsídios ou instalações para armazenamento do lixo e para muitas start-ups o aluguer de espaço é muito caro.

A Wecyclers é uma empresa social localizada em Lagos que pelo seu trabalho tem captado financiamento e prémios. O seu fundador Bilikiss Adebiyi-Abiola foi distinguido como Quartz Africa Innovator em 2016. Em março último, a empresa ganhou o Prémio Africano de Desenvolvimento no valor de 200 mil dólares (cerca de 176,4 mil euros) oferecido pela Fundação King Baudouin.

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