Empreendedor dormia no escritório, mas hoje é sócio de uma rede milionária

Thiago España tornou-se sócio da World Study, rede de franquias que oferece intercâmbios, poucos anos depois de abrir a sua primeira unidade. Para conseguir chegar até aqui investiu muito do seu tempo no escritório, onde dormiu várias noites. Conheça a história deste brasileiro.
Começar um novo negócio implica sempre longos dias de trabalho pela frente. Que o diga Thiago España que levou a dedicação ao extremo e passou a dormir no escritório nos primeiros meses de sua franquia, para não perder tempo a ir para casa.
Mas o seu esforço valeu a pena. España tornou-se sócio da World Study, rede de franquias que oferece intercâmbios, poucos anos depois de abrir a sua primeira unidade. A empresa hoje conta com 45 unidades e fatura 79 milhões de reais (cerca de 18,2 milhões de euros).
A dedicação do empresário vem do seu amor à língua inglesa e às próprias experiências fora do seu país de origem, o Brasil. Quando era criança, os seus pais determinavam como regra a aprendizagem de um idioma, assim como a prática da natação.
Assim que se formou no ensino médio e antes de ingressar numa faculdade, decidiu fazer um intercâmbio. Escolheu San Raphael, na Califórnia, para fazer um curso de dois meses de inglês. Mas acabou por frequentar também um outro curso de inglês para negócios na Universidade de Berkeley. As 10 semanas iniciais transformaram-se numa experiência de seis meses.
“O intercâmbio dá uma sensação de confiança e de que conseguimos fazer as coisas sozinhos, mesmo estando num outro país”, conta. “Sofri um choque e comecei a ver o mundo de uma maneira diferente, graças às amizades que fui cultivando em várias partes do mundo”, acrescenta.
Já durante a faculdade de engenharia teve a sua segunda experiência internacional. España participou num programa para trabalhar e estudar nos Estados Unidos, durante as férias. Trabalhou como promotor de eventos em numa estação de ski.
Assim que regressou ao Brasil, entrou em contato com todas as empresas que recebiam estrangeiros para trabalhar, estando disposto a começar um novo negócio de intercâmbio. “Voltei sem saber de nada, nem como abriria a empresa, mas disposto a ter sucesso”, diz.
O início na World Study
Aos 21 anos abriu uma franquia na Barra, em 2001- na época, a empresa tinha seis unidades.
Os primeiros anos foram de grandes desafios para España. “Abrimos no dia 6 de setembro de 2001. Poucos dias depois, aconteceu o ataque terrorista às Torres Gêmeas e, em 2002, com a eleição de Lula o câmbio explodiu e o dólar chegou a 4,30 reais”, lembra.
O empresário procurou impulsionar as vendas ao apelar ao investimento na educação. “As pessoas cortam nas viagens de turismo e na compra de um carro, mas não deixam de estudar”, afirma.
Além disso, como o foco da franquia são os intercâmbios para trabalhar e estudar, o público alvo também está num período de vida bem específico: frequenta a faculdade, mas ainda não começa a trabalhar. “As pessoas não podem esperar o dólar baixar “, diz.
Trabalho 24 horas por dia
Para manter a franquia de pé, o empresário trabalhava o dia inteiro a atender clientes e reservava o horário da noite, depois de fechar a loja, para resolver as questões mais burocráticas, como responder e-mails, envio das matrículas para os cursos nos Estados Unidos e o controlo financeiro.
Além das suas tarefass habituais, participava em muitos fóruns online, respondia a perguntas sobre intercâmbios em comunidades do Orkut, Yahoo Respostas, Uol, entre outras redes. “Era uma forma de encontrar o público para o meu negócio”, diz. “Estava muito empolgado com o segmento de intercâmbio e queria fazer de tudo.”
No entanto, “sempre fui produtivo à noite e, naquela época, o volume de trabalho era muito grande. Ficava até de madrugada no escritório e chegava a casa só às 4h, 5h da manhã”, conta.
Decidiu tomar uma medida drástica. Durante alguns meses, tomou banho numa academia próxima, deixava uma muda de roupa no carro e passou alguns dias por semana a dormir no escritório, num saco cama.
Um ano depois da abertura da sua primeira franquia, alugou um apartamento em frente de seu escritório e só precisava de atravessar a rua para conseguir dormir na sua própria casa.
No período inicial, teve de sacrificar também a faculdade. Ao invés de ir para as aulas de engenharia e, depois, de economia, preferia passar mais tempo no trabalho. Mais tarde conseguiu fazer um curso à distância.
Em 2005, abriu uma nova unidade no Leblon, Rio de Janeiro, e tornou-se sócio da rede em 2006. Três anos depois passou a ocupar o cargo de CEO da rede. Desde então, a rede cresceu para 45 unidades e fatura 79 milhões de reais (cerca de 18,2 milhões de euros) por ano.
Hoje, com a expansão e consolidação da empresa, o ritmo de trabalho já não é tão acelerado. “Ainda passo um terço do meu tempo em viagens para outras unidades, mas já consigo ir às festas das minhas duas filhas pequenas”, conta.