Entrevista/ “Em Portugal por haver menos recursos disponíveis há uma maior criatividade das start-ups no seu arranque”

Rita Velez Grilo, Operations Manager da Unicorn Workspaces

“Abrimos a Unicorn Workspaces Avenidas Novas em outubro de 2022, mas já estamos a pensar no quarto espaço em Lisboa. Queremos expandir para fora da cidade e planeamos que o sexto tenha lugar no Porto”, revelou Rita Velez Grilo, Operations Manager da empresa alemã.

A Unicorn Workspaces é uma rede de escritórios partilhados que começou em 2015 em Berlim e que tem hoje 15 espaços de trabalho. Desde 2019, está também presente em Lisboa e a sua principal missão é disponibilizae às empresas escritórios a preços acessíveis em locais privilegiados.

Atualmente tem três escritórios na capital portuguesa (Avenida da Liberdade, Marquês de Pombal e Avenidas Novas), que promovem o networking entre os profissionais que lá trabalham. Mas a empresa não quer ficar por aqui e já tem o Porto no horizonte.

Qual o balanço que faz da presença da Unicorn Workspaces em Lisboa?
Fazemos um balanço muito positivo dos quatro anos de presença da Unicorn Workspaces em Portugal. Apesar da pandemia que, naturalmente, abrandou muitíssimo o nosso crescimento e planos, conseguimos ultrapassá-la e até chegámos, no final do ano passado, a abrir o terceiro espaço da Unicorn Workspaces em Lisboa, a Unicorn Workspaces Avenidas Novas. Neste momento, já temos o terceiro espaço com 70% de ocupação e com previsões de chegar aos 90% nos próximos meses.

Qual a vossa missão?
Proporcionamos espaços de trabalho acolhedores com um excelente serviço e preços justos. O nosso foco é o conforto dos nossos utilizadores, por isso estamos sempre disponíveis para que cada membro da comunidade tenha as suas necessidades asseguradas e receba um serviço 100% personalizado.

Que serviços disponibilizam?
Somos especializados em escritórios para equipas de 5 a 20 pessoas, mas também disponibilizamos salas de reunião, salas de formação e o serviço de escritório virtual para quem está a iniciar a atividade em Portugal.

“Sem dúvida que o nosso serviço personalizado é o grande diferenciador em relação aos outros escritórios partilhados”.

O que distingue a Unicorn Workspaces de outros escritórios partilhados?
Sem dúvida que o nosso serviço personalizado é o grande diferenciador em relação aos outros escritórios partilhados. O facto de termos o community manager e community barista presente todos os dias úteis, sempre com um sorriso e amabilidade torna o ambiente mais leve e facilita a comunicação com a nossa comunidade. Além disso, queremos facilitar a vida aos nossos utilizadores desde a resolução de problemas, posicionando-nos como problem solvers de situações que poderão estar a bloquear o seu próprio trabalho.

Quais as vantagens de trabalhar num escritório partilhado?
São várias, por isso a dificuldade está em resumi-las! Mas desde ter a hipótese de começar a trabalhar no escritório no próprio dia da visita porque já tem todos os serviços prontos (internet, limpeza, água e eletricidade, mesas e cadeiras confortáveis para trabalhar), ao cappuccino com café de grão acabado de moer feito pela community manager do escritório e à possibilidade de conversar com  outras empresas e fazer novos negócios. Oferecemos um sentido de comunidade à vida de cada utilizador através de eventos internos e externos, e da empatia que a nossa equipa proporciona perante as adversidades que cada membro da comunidade possa sentir ao longo do seu dia de trabalho.

Quantos clientes têm atualmente? Quem vos procura?
Atualmente temos 26 empresas em escritórios dedicados e cerca de 48 empresas a utilizar salas de reuniões e/ou de formação e com serviço de escritório virtual. Procuram-nos empresas a iniciar atividade em Portugal, outras que já estão bem estabelecidas, mas que precisam de um escritório temporário porque o seu espaço está em obras de remodelação, empresas que querem evitar a burocracia de ter um espaço convencional ou que veem os espaços de trabalho partilhados como uma boa oportunidade de networking.

Quais as atividades/iniciativas que têm previstas até ao final do ano nos vossos três espaços?
Prevemos realizar eventos internos como lunch breaks e happy hours, a eventos externos com conversas informais, pitches de apresentação das empresas que são nossas utilizadoras, workshops e por aí fora. Também prevemos fazer algumas renovações nos espaços para os mantermos atualizados. Temos também o objetivo de nos tornarmos ainda mais sustentáveis, de modo a melhorar também a experiência de cada utilizador.

“Queremos expandir para fora da cidade e planeamos que o sexta tenha lugar no Porto”.

Quais os planos de expansão da Unicorn Workspaces para Portugal? Preveem chegar a outras cidades? Quais?
Abrimos a Unicorn Workspaces Avenidas Novas em Outubro de 2022, mas já estamos a pensar no quarto espaço em Lisboa. Queremos expandir para fora da cidade e planeamos que o sexta tenha lugar no Porto.

Segundo um estudo da Cushman & Wakefield, os espaços de coworking representam 2% do total nas maiores cidades da Europa, com Lisboa a oferecer menos de 1%. O futuro do trabalho passa pelos escritórios partilhados?
Sem dúvida que sim. Cada vez mais os nossos utilizadores querem apenas concentrar-se no seu próprio trabalho e não se a Internet está a funcionar, ou se a copa do escritório precisa de ser arrumada. Além disso, todo o stress de necessidade de aumento ou redução de espaço é amenizado connosco no sentido em que facilitamos esse processo. Precisam de aumentar a sala? Sem problema, temos outra no mesmo escritório com essa capacidade e podem mudar imediatamente sem penalização. E o contrário também acontece! Há imprevistos, há situações menos positivas em que as empresas precisam de fazer um downgrade de equipa e num escritório com várias salas a logística torna-se bastante mais simples.

“Na Alemanha as start-ups têm uma visão mais global e de maior escala, enquanto que em Portugal têm uma visão mais regional e até focada na própria sustentabilidade”.

Quais as grandes diferenças entre Portugal e a Alemanha no que toca ao ecossistema de start-ups? O que temos a aprender com a Alemanha?
As grandes diferenças entre os dois países são a dimensão de mercado, tanto num ponto de vista vantajoso como desvantajoso para as empresas em fase de arranque. Poderá haver mais potenciais clientes e investidores na Alemanha, mas ao mesmo tempo também há mais concorrência. Além disso, na Alemanha o ecossistema de financiamento já está muito mais desenvolvido, com mais capital de risco disponível e business angels. Por outro lado, em Portugal por haver menos recursos disponíveis há uma maior criatividade das start-ups no seu arranque. Finalmente, a cultura de start-ups na Alemanha está mais estabelecida e com uma história muito maior do que em Portugal. Na Alemanha as start-ups têm uma visão mais global e de maior escala, enquanto que em Portugal têm uma visão mais regional e até focada na própria sustentabilidade.

Portugal já começa a aprender com os outros ecossistemas no meio da tecnologia, mas ainda precisa de muito apoio governamental. Apesar de haver um esforço para chamar empresas estrangeiras, em Portugal falta apoio governamental para as empresas em fase de arranque, incluindo benefícios fiscais e subvenções.

O que podemos esperar da Unicorn Workspaces no futuro?
Abertura de novos centros, crescimento da equipa e desenvolvimento do negócio para outras áreas como eventos empresariais de média escala. Além disso, queremos concentrar-nos em soluções ambientalmente mais sustentáveis e responsáveis.

Respostas rápidas:
O maior risco: A expansão de negócio após a pandemia.
O maior erro: Desconhecer a realidade em Portugal do ponto de vista do empresário.
A maior lição: Cada empresa é única e tem as suas próprias necessidades.
A maior conquista: Ter conseguido ultrapassar a pandemia sem reduzir os espaços e a equipa.

 

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