Opinião
Dia Internacional das Mulheres-Mulheres criam valor

No dia internacional das mulheres quisemos afirmar as mulheres como criadoras de valor, criadoras de soluções qualificadas em áreas profissionais, na investigação e desenvolvimento. Por isso, organizei o debate “Women create value”, em parceria com o Programa INCoDe.2030.
Porque é urgente afirmar e reafirmar a indispensabilidade do contributo das mulheres para a sociedade e para a economia, e fechar o gender gap na participação e oportunidades económicas. E são ainda tantas as barreiras e condições desiguais a esse acesso e participação.
Desde um ecossistema nacional de start-ups com um perfil que é 95% masculino; aos apenas 10% de mulheres na atividade empreendedora early stage; ou à persistente subcapitalização de negócios liderados por mulheres, e a sua maior dificuldade de acesso a investidores e a financiamento externo. Ou as desigualdades nas escolhas educativas e formativas, em que menos de 1% das nossas adolescentes deseja trabalhar nas TIC ou em que menos de 1 em cada 3 empreendedoras nessa área são mulheres na Europa.
Na verdade, estas desigualdades questionam a nossa própria racionalidade económica e de desenvolvimento sustentável. Como refere o estudo “Why are women entrepreneurs missing out on funding? Reflections and considerations” (2019) – quer seja pelo potencial aumento de 26% do PIB global anual e 160$ triliões de riqueza em capital humano; ou pelos 5,9$ triliões adicionais de capitalização bolsista global – é urgente eliminar as desigualdades de género no emprego e na tomada de decisão na comunidade financeira e empresarial global.
E precisamos de ações muito concretas: como garantir e monitorizar o acesso das mulheres ao investimento e financiamento; encorajar start-ups e scale-ups a promover o equilíbrio de género nos órgãos de decisão; apoiar mulheres empreendedoras, empresas e start-ups de mulheres; e fechar o gap na investigação, tecnologia e inovação nas TIC e setores mais disruptivos.
É o que o Governo está a fazer, também no quadro do Plano de Recuperação e Resiliência, do próximo quadro financeiro e dos grandes programas de investimento nacionais.
Com mecanismos para garantir que as mulheres contribuem e participam nos ganhos da sociedade digital, melhorando competências, em linha com a inovação, desenvolvimento tecnológico e renovação industrial (como no nosso programa Engenheiras 1 Dia e no âmbito de projetos com o INCoDe.2030). Ou investindo fortemente em equipamentos e respostas sociais, e promovendo um grande pacto de corresponsabilidade pela conciliação. Ou promovendo objetivos de igualdade no nosso programa de investimento público em Investigação & Desenvolvimento até 2030. Ou ainda com a nossa inovadora lei e instrumentos para eliminar o gender pay gap, que é também condição de redução da pobreza e aumento do PIB per capita.
Temos ainda parcerias estratégicas com as empresas. Desde os nossos Pacto para a conciliação e Pacto contra a Violência, à nossa mais recente Aliança para a Igualdade nas TIC – o primeiro cluster nacional vocacionado para aumentar a participação das mulheres no setor digital.
E estamos a reforçar estes objetivos na revisão da nossa Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação, a qual que se encontra em consulta pública. Convido-vos a participar até 22 de março, no Consulta Lex.
Isto tudo significa, afinal, questionar aceções tradicionais de cuidado e de inovação. Desassociar o cuidado de cânones de feminilidade subordinada, e associá-lo ao crescimento socioeconómico. Porque inovar é cuidar.