Opinião
Desbloquear o poder da IA – Oportunidades de crescimento e o impacto em Portugal
A Inteligência Artificial (IA) está a emergir como uma força transformadora em várias indústrias, com impacto direto na economia, no mercado de trabalho e na sociedade em geral.
No evento Accelerate for Peak Season 2024, a Google Portugal apresentou o relatório “A Oportunidade Económica da IA em Portugal”, elaborado pelo Implement Consulting Group, que explora o potencial transformador da IA generativa. Este estudo posiciona Portugal como um país com capacidade para capturar enormes ganhos económicos nos próximos anos, reforçando que a IA pode ser uma peça chave para o crescimento económico do país.
IA Generativa: um impulsionador do PIB em Portugal
O relatório prevê que a IA, especialmente a IA generativa, poderá contribuir para um aumento de até 8% no PIB de Portugal, o que corresponde a um acréscimo anual de €18 a €22 mil milhões. Este aumento seria resultado de três fatores principais:
Ganhos de produtividade: Ferramentas de IA vão automatizar tarefas repetitivas, permitindo que os trabalhadores sejam mais eficientes.
Poupança de tempo: A automatização proporcionada pela IA libertará tempo para atividades de maior valor.
Realocação de empregos: Embora alguns empregos sejam automatizados, a criação de novos papéis na economia digital mitiga o impacto, prevendo-se um impacto neutro no emprego total.
Oportunidades de crescimento global e preocupações
A nível global, o mercado de IA deverá crescer de 86,9 mil milhões de dólares em 2022 para 407 mil milhões até 2027. Nos Estados Unidos, estima-se que a IA contribuirá para um aumento líquido de 21% no PIB até 2030. No entanto, há preocupações: 77% das pessoas temem a perda de empregos devido à automação, e mais de 75% dos consumidores estão preocupados com a desinformação gerada por IA.
Benefícios setoriais e transição da força de trabalho em Portugal
Em Portugal, os setores de serviços como saúde, educação e serviços empresariais estão previstos para beneficiar mais da adoção da IA, seguidos pela manufatura, construção e agricultura. Cerca de 60% dos empregos poderão ser melhorados pela IA, mas apenas uma pequena percentagem (6%) enfrenta uma elevada exposição à substituição.
A transição deverá ser gradual, e programas de upskilling e reskilling serão essenciais para preparar os trabalhadores para os novos desafios. Empresas portuguesas, em especial as PME, devem ser incentivadas a adotar soluções de IA, dado que estas ainda estão atrás de grandes empresas na adoção desta tecnologia.
Portugal: forças, lacunas e a corrida global da IA
Embora Portugal reúna condições favoráveis para a implementação da IA, enfrenta desafios como a falta de infraestrutura e uma estratégia de IA pouco desenvolvida. Um atraso de cinco anos na adoção da IA poderá reduzir os ganhos no PIB para apenas 2%. Comparativamente, a China já lidera a corrida global, com 58% das suas empresas a adotarem IA, enquanto na Europa, cerca de 30% das empresas utilizam IA em alguma capacidade.
Confiança e ética no uso da IA
Apesar das preocupações sobre os impactos da IA, a confiança nas empresas que utilizam esta tecnologia ainda é elevada, com 65% dos consumidores a confiarem em negócios que empregam IA. Contudo, a transparência e a responsabilidade no uso da IA serão cruciais para manter esta confiança.
Conclusão
A IA representa uma oportunidade única para Portugal redefinir o seu panorama económico e afirmar-se como líder na economia digital global. Ao acelerar a adoção da IA e ao preparar a sua força de trabalho, Portugal poderá captar os benefícios desta próxima onda de inovação, garantindo ao mesmo tempo que os desafios sociais e éticos sejam abordados.