Entrevista/ “Criar operações em outras geografias é um desafio enorme”

Vítor Rodrigues, CEO da Magic Beans

“Queremos continuar a crescer de forma sustentada, investindo na formação e capacitação de jovens portugueses, e a fornecer às empresas portuguesas valor diferencial na adoção da cloud por forma a serem mais competitivas no mercado global”, afirma Vítor Rodrigues, CEO da Magic Beans. Em entrevista ao Link To Leaders, o responsável revela que, entre os projetos para o futuro, está “uma Universidade Magic Beans, na qual os nossos profissionais possam de forma continuada desenvolverem-se e serem os melhores do mercado”.

O ano de 2022 voltou a ser de forte crescimento para a Magic Beans em todas as geografias onde está presente. A empresa liderada por Vítor Rodrigues que presta serviços de aconselhamento em tecnologia para a cloud fechou o ano de 2022 com um crescimento de 75% e receitas de três milhões de euros, e quer atingir os cinco milhões de euros de receitas este ano.

Entre os objetivos para 2023 está também o de consolidar a presença internacional nos mercados onde opera, seja com subsidiárias, seja com a recente abertura de operações, e de alargar a operação para mais dois países, Áustria e Alemanha, revelou Vítor Rodrigues ao Link To Leaders.

Com sede em Portugal, a Magic Beans possui subsidiárias em Espanha, na Bélgica, operações em Itália, na Holanda e na Suíça, escritórios em Óbidos, Lisboa, Porto, Barcelona e Madrid, e presta serviços também no Luxemburgo, em França, na Alemanha e nos EUA.

O que tem sido mais desafiante no negócio da Magic Beans?
O que mais tem sido desafiante é o facto de as grandes empresas nacionais perceberem que a nossa agilidade e especialização as pode ajudar a serem mais rápidas e mais competitivas. Adicionalmente, por sermos uma empresa portuguesa, a massa crítica para crescer internacionalmente é muito menor. Criar operações em outras geografias é um desafio enorme, que requer tempo, investimento e muita dedicação e pragmatismo, para aprender com os erros.

Quando preveem faturar este ano?
Este ano de 2023 a previsão é de cinco milhões de euros de receitas. Para 2023, queremos continuar a crescer e neste sentido, e tendo em vista o nosso objetivo deste ano de chegarmos às 120 pessoas, estamos também a recrutar.

Neste momento qual o país que mais peso tem na faturação da Magic Beans?
Portugal é o país que mais peso tem. Atualmente, o negócio da empresa está repartido entre Portugal – entre 60 a 70% do negócio – e Espanha.

“As empresas devem perceber que a cloud é uma coisa diferente, que migrar sem transformar não lhes vai dar a agilidade, a performance e o retorno do investimento que poderiam ter”.

As empresas portuguesas estão cientes das possibilidades e características da cloud? O que ainda é preciso fazer para que possam implementar o processo com sucesso?
As empresas devem perceber que a cloud é uma coisa diferente, que migrar sem transformar não lhes vai dar a agilidade, a performance e o retorno do investimento que poderiam ter. Para isso devem investir em fazer boas e profundas análises do que têm, do que necessitam, sobre qual o melhor percurso e o melhor parceiro de viagem para os apoiar em todo o processo.

Algumas experiências de migração para a cloud podem não ter benefícios financeiros concretos para as empresas. Este pode ser um entrave à decisão de adoção da cloud?
Existem cenários em que a cloud pode não ser a melhor solução, apesar de serem casos muito específicos. O maior entrave, na minha opinião, é a falta de maturidade de algumas empresas (clientes e fornecedores), o que leva a que os projetos de migração acabem por não trazer os benefícios financeiros esperados. Para adotar cloud por forma a ter benefícios financeiros é necessário: bom planeamento; transformar; monitorizar e fazer ajustes constantes às necessidades do negócio.

Comparativamente aos mercados internacionais onde estão presentes, como define o perfil do mercado português/empresas nacionais?
Pela nossa experiência, são os tempos de decisão. Nas geografias onde operamos, os tempos de decisão são na generalidade mais rápidos do que em Portugal. Adicionalmente, e em virtude da dimensão de mercado, a capacidade de investimento é muito maior fora de Portugal. Tanto projetos como investimento são maiores nas várias dimensões.

Quais os principais clientes no mercado nacional e quais as áreas de atividade predominantes?
Trabalhamos essencialmente com empresas de média dimensão, de todos os setores de atividade, maioritariamente na área de serviços.

Quais as principais mais-valias da adoção da cloud?
Para além de acesso constante à inovação, sem necessidade de realizar grandes investimentos, diria que pagar o que se usa em cada momento, poder escalar as operações de forma quase instantânea e ter níveis acrescidos de segurança são as mais-valias.

“(…) a maior lacuna em Portugal é a falta de capacidade de investimento das empresas e a falta de apoios pragmáticos às empresas que querem efetivamente inovar e aumentar a sua competitividade baseada no digital”.

Apesar da transformação digital global em curso, as empresas já dominam efetivamente este processo? Que lacunas ainda encontra na abordagem das empresas às tecnologias?
Creio que a maior lacuna em Portugal é a falta de capacidade de investimento das empresas e a falta de apoios pragmáticos às empresas que querem efetivamente inovar e aumentar a sua competitividade baseada no digital. Por outro lado, para as empresas nacionais, é muito difícil conseguir contratar os melhores profissionais, pois estes estão a trabalhar em centros de empresas internacionais que se estabelecem cá apenas para terem acesso a esses talentos.

Qual a estratégia de crescimento e internacionalização da empresa para 2023? Que outros mercados estão na mira da empresa?
Este ano vamos estar focados em consolidar as operações em Itália e na Suíça, e vamos testar os mercados alemão e austríaco.

Projetos para o futuro da Magic Beans?
Queremos continuar a crescer de forma sustentada, investindo na formação e capacitação de jovens portugueses, e a fornecer às empresas portuguesas valor diferencial na adoção da cloud por forma a serem mais competitivas no mercado global. Para podermos alcançar este objetivo, estamos a estruturar uma “Universidade” Magic Beans, na qual os nossos profissionais possam de forma continuada desenvolverem-se e serem os melhores do mercado.

Respostas rápidas:
O maior risco: Instabilidade geopolítica global.
O maior erro: Ter várias iniciativas em paralelo que leva a falta de foco.
A maior lição: As coisas levam tempo.
A maior conquista: Internacionalização.

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