Opinião
Como vês o “copo” da tua vida?

Quem bem me conhece, sabe o quanto gosto de usar a metáfora do “copo meio cheio, copo meio vazio”. Em todas as dimensões da nossa vida, seja, pessoal, familiar ou profissional. A nossa vida, não é feita sempre de coisas boas ou agradáveis. Nem sempre fazemos o que gostamos ou sentimos propósito. Temos de lidar com pessoas que não apreciamos, dificuldades inesperadas ou obstáculos surpresa.
O vermos o “copo meio cheio ou meio vazio” é interessante, porque a metáfora, diz-nos qual a perspetiva que queremos ter da situação ou da vida. Não é verdade que a quantidade de água é a mesma? Sim, é. O que muda é a base a partir da qual queremos endereçar a situação: de um cenário de abundância ou de escassez?
Já imaginou, se os nossos navegadores, há 500 anos atrás partissem para as suas conquistas de um cenário de escassez ou de “copo meio vazio”? Há 500 anos partimos de um cenário de abundância e arriscámos por esse mundo fora. Partir de perspetivas do “copo meio cheio” está na nossa génese, no nosso DNA. Não é verdade?
Então, por que razão, estamos sempre a ver o “copo meio vazio”? Ou tendencialmente o fazemos, muitas vezes até de forma inconsciente?
Sem segredos ou pruridos, todos concordamos que vivemos numa sociedade altamente penalizadora e invejosa. O fracasso é sinal de fraqueza e até enxovalho. Como se não fosse suficiente estes elementos “externos”, ainda, pioramos a situação, porque medimos o nosso sucesso com a régua dos outros. Comparar-nos com outros é altamente destrutivo, pois desvia-nos dos nossos objetivos, foco e verdadeiro conceito de felicidade e sucesso para nós. Se isto explica tudo sobre vermos o “copo meio vazio”, é verdade que não, mas contribui para criarmos esta atitude na nossa vida. E quanto mais o fazemos, mais esta perspetiva nos deixa “negativos” perante a vida e, sobretudo, com fracas capacidades de superar os problemas e obstáculos que a vida nos concede. Sim, C-O-N-C-E-D-E!
Na minha opinião, e baseada numa jornada de vida já bem preenchida de “rosas e espinhos” (sim, porque rosas sem espinhos, não são rosas!), partilho convosco, como vejo o “copo meio cheio”, sempre! Advertência: não é fácil, mas se fosse, não seria para si, aquele ser que se transforma todos os dias numa melhor versão de si, para si e para os outros.
Em primeiro lugar, uma dica importante: partir de um cenário de abundância ou de “copo meio cheio” está dentro de si. Não vale a pena procurar por aí fora, nos outros, ou onde quer que seja. Está dentro de si. Interiorize.
Partilho com o leitor algumas atitudes ou formas de estar, que considero importantes, numa nova jornada que queira para si, e que o ajudará a ver o “copo da sua vida” noutra perspetiva – a da abundância.
Gratidão pelo que tem – Seja grato pelo que tem e não é apenas material. Grato pela sua saúde, pela dos seus filhos, da sua família, grato por ter um trabalho, das oportunidades que lhe foram surgindo, em suma, pelo que você tem, pelo que conseguiu, mas, não os meça pela régua os outros! Sermos gratos pelo que temos, estamos sempre a ver o “copo meio cheio” e a deixar que a prosperidade entre nas nossas vidas e de quem está à nossa volta.
Não julgar – Temos tendência e porque fomos ensinados assim: bom/mau, certo/errado, bonito/feio. Conhecem aquela frase “certo ou errado a vida o dirá!”, pois bem, acreditem que é mesmo assim. Quantos de vós, tiveram graves dificuldades ou decisões tomadas numa determinada circunstância, que, no momento, foram o “terramoto” e, portanto, dentro da caixinha do “muito mau” e mais tarde dizem, “ foi o melhor que me aconteceu”! Façam essa reflexão passando em revista vários momentos da vossa vida e tirem as conclusões com reflexão e autoconsciência. É certo, que terão havido decisões ou situações, em que dirá “foi o pior que me aconteceu”. Mas não a julgue, questione: “o que aprendi com ela?”. Tenho a certeza que lhe será muito precioso ao longo da vida.
Deixar ir – Esta é difícil. Sentimos as mais variadas emoções que nos corroem. Aprender a perdoar-se e aos outros, significa deixar ir. Abandone as perspetivas assentes na escassez. Deixar ir, deixa espaço para novas ideias, novos pensamentos e desenvolver todo o nosso potencial. Uma nova cocriação da sua realidade. Desapegue-se de situações, pessoas, pensamento e coisas.
Compaixão – Lembre-se que nunca sabemos a história toda do “outro”. Nunca sabemos o que as outras pessoas estão a experienciar ou a vivenciar. Há uma frase que aprecio muito e que reflete bem isto: “everybody has a story”. Apressamo-nos a encontrar as tais caixas dos julgamentos para encaixar tudo, sobre nós, mas principalmente sobre o “outro”. Desprenda-se de julgamentos e do ego. A compaixão pelo outro, permite-nos colocar “nos pés” do outro, e questionar, “se fosse eu como reagiria?”, ou “o que de melhor ou pior pode acontecer?”. Uma nota importante: ter compaixão não se trata de ser “mole” ou “deixar passar” como muitas vezes categorizamos. Trata-se efetivamente de se “despir” de julgamentos sobre o outro e calçar genuinamente os “seus sapatos” consciencializando verdadeiramente a situação.
Humildade – Ter a capacidade de aprender com o que é menos bom ou agradável é um presente, se tivermos a humildade de o receber de braços abertos. Uma vez mais, aprender com a situação, não é encontrar as caixas do julgamento e arrumar por lá. É questionar o que o “presente” lhe está a dizer e a dar.
Autoconfiança – Trata-se do quanto acreditamos em nós? Esta atitude e forma de estar é fundamental, pois é o gatilho para mudarmos comportamentos, atitudes e escolhermos como queremos ver o “copo” da nossa vida. A autoconfiança, permite ultrapassar crenças limitantes e obstáculos, desbloquear o que de melhor temos e ativar todo o nosso potencial.
Como pode ler, só depende de si como quer ver o “copo” da sua vida: partir em cada situação de uma perspetiva de escassez ou de abundância? Boa reflexão!