Opinião

Como é que as empresas podem mitigar os riscos do negócio em 2024

Pedro Cilínio, assessor do Conselho Diretivo do IAPMEI

Na primeira parte deste artigo, abordei os principais riscos que as empresas enfrentam em 2024, incluindo a instabilidade geopolítica e económica, as exigências da transição verde e digital e a escassez de talento e mão de obra.

Tendo presente aqueles riscos é possível identificar um conjunto de estratégias que as empresas podem tomar para mitigar esses riscos e garantir o sucesso num ambiente cada vez mais desafiador e que passam pela diversificação, diferenciação, sustentabilidade, capital humano, inteligência artificial e colaboração.

Diversificação para fortalecer a resiliência: diversificar as fontes de energia, explorando alternativas renováveis e diversificar fornecedores e mercados para reduzir as dependências, são medidas essenciais para fortalecer a resiliência das empresas. A diversificação garante flexibilidade e adaptabilidade num ambiente em constante mudança.

Diferenciação e inovação para impulsionar a competitividade: investir em diferenciação e inovação é crucial para as empresas se destacarem no mercado. Desenvolver produtos e serviços com maior valor, adotar novas tecnologias e promover uma cultura de experimentação, impulsionam a competitividade e garantem vantagem estratégica.

Sustentabilidade para construir um futuro resiliente: implementar práticas de sustentabilidade, reportar o desempenho ESG, descarbonizar a atividade e promover a circularidade dos recursos são medidas que contribuem para um futuro mais resiliente. A sustentabilidade não beneficia só o meio ambiente ou aumenta a reputação da empresa. Consumir menos recursos por unidade de produto, através da reciclagem, da circularidade ou da otimização de processos, tem como consequência o incremento da eficiência produtiva aumentando por essa via a criação de valor no negócio, podendo ainda contribuir para reduzir a dependência de fornecedores.

Apostar no capital humano para o sucesso a longo prazo: promovendo a capacitação dos colaboradores e a atração de talento nacional e internacional. Investir na capacitação dos colaboradores em green skills e digital skills, é um fator crítico para o sucesso na dupla transição verde e digital. Por outro lado, a atração de talento nacional e internacional passa por posicionar a marca da empresa como um empregador de qualidade, através da oferta de salários e benefícios competitivos e da promoção do bem-estar dos colaboradores num ambiente de trabalho positivo e inclusivo.

Otimização de processos com inteligência artificial para aumentar a eficiência: utilizar a inteligência artificial para automatizar tarefas repetitivas, melhorar a tomada de decisões e aumentar a eficiência operacional, permite às empresas otimizar seus processos e reduzir custos. A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa que pode impulsionar a produtividade e a competitividade.

Colaborar para aumentar a resiliência perante a incerteza: a colaboração entre empresas, administração pública e academia é fundamental para o desenvolvimento de soluções eficazes para os desafios globais. Nenhuma empresa per si possui todos os recursos e conhecimento necessário e a colaboração permite que as empresas partilhem e acedam a recursos externos que potenciem a sua resiliência.

Ao concretizar estas ações, as empresas poderão navegar pelos desafios de 2024 e construir um futuro mais resiliente, competitivo e sustentável. A diversificação, a diferenciação, a sustentabilidade, o desenvolvimento de capital humano, a otimização de processos com inteligência artificial e a colaboração, são pilares que sustentarão o sucesso das empresas num contexto de incerteza.

 

PS: Este texto surge na sequência no meu contributo para o Relatório de Riscos para as empresas em 2024 da Control2Risk apresentado nas Risk Talks.

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Pedro Cilínio

Pedro Cilínio

Atualmente partner da Craftgest Consulting, depois de, entre dezembro de 2022 e novembro de 2023, ter passado pelo cargo de secretário de Estado da Economia. Possui mais de 25 anos de experiência na conceção, implementação e gestão de sistemas de incentivos para o I&D, inovação, Qualificação de PME e internacionalização, consolidada em várias funções de coordenação e direção no IAPMEI e na AICEP (ex-ICEP) onde promoveu vários projetos de transformação digital ligados à gestão de sistemas de incentivos, tendo sido... Ler Mais..

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