A escala da catástrofe ambiental está nas mãos dos empreendedores

O tamanho da catástrofe ambiental que se avizinha pode estar nas mãos dos empreendedores. Um especialista na matéria explica porquê.

Todas as semanas há notícias novas sobre o futuro do planeta e das espécies que ficaram extintas – ou que estão perto de atingir este estatuto. Um relatório recente da Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC) revelou as consequências drásticas que as alterações climáticas podem vir a ter no nossa planeta.

Em 2009, as Nações Unidas começaram a colocar o pé no travão para que estas mutações fossem estagnadas até aos 2 graus. Desde os tempos pré-industriais, a temperatura média do planeta já aumentou 1grau. Na eventualidade deste valor duplicar, vamos poder assistir em primeira fila à morte de todos os corais, à maior frequência e intensidade de furacões e aos níveis médios dos oceanos a “engolir” parte das zonas costeiras.

Esta realidade parece ter assustado os líderes mundiais. Talvez por esta razão, seis anos mais tarde, em 2015, o mundo esteve de olhos postos no Acordo de Paris, onde viu os chefes de estado a debaterem novas formas de combater a catástrofe que se avizinha. Nesta iniciativa foi estabelecida uma meta mais ambiciosa: travar o aquecimento global nos 1,5 graus.

Apesar de diminuir parte dos danos, tal porte no ambiente continuaria a ter um grande impacto (podemos esperar a morte de 70% a 90% de todos os corais). Para atingir tal fim teremos de diminuir as emissões de CO2 em 45% até 2030 e, segundo o estudo, não poderá haver emissões em 2050.

Um cenário que se pode provar potencialmente difícil, especialmente tendo em conta que, por esta altura, o mundo contará com mais alguns milhões de pessoas.

Andrew Winston, especialista e autor de alguns livros que se debruçam sobre este tema e conselheiro de algumas das maiores empresas do mundo sobre as formas de rentabilizar o seu negócio a partir de energias renováveis, acredita que parte do desafio está nas mãos dos empreendedores. A explicação foi feita numa publicação na Harvard Business Review e introduz os seguintes pontos:

– O aspeto mais importante a ter em consideração é tornar os negócios independentes das emissões de CO2. Este tipo de objetivo inclui o investimento em formas de iluminação e de sistemas de aquecimento, ventilação e de refrigeração mais eficientes. A utilização de software e inteligência artificial para tornar os edifícios e operações mais eficientes também pode contribuir. Neste campo, a melhoria da logística da frota (adquirindo também veículos movidos a energias verdes) e as novas formas de embalamento também apoiam a causa.

Interagir com os colaboradores, através de prémios e incentivos, de forma a inovar, encontrar formas de poupar nas operações e de desenvolver produtos que diminuam as emissões dos clientes mais eficazmente.

Adotar as energias renováveis de maneira a não deixar uma pegada da sua empresa no ambiente. Mais de 150 grandes marcas já se comprometeram a utilizar energias 100% renováveis nas suas operações. IKEA, Adobe, AXA e Bloomberg são apenas alguns dos nomes que constam nesta lista. A Apple é outro exemplo. A criadora do iPhone investiu recentemente perto de 250 milhões de euros para potenciar a energia limpa na China.

Estabelecer metas de redução de CO2 nas suas operações com base na ciência. Cerca de 500 empresas já fazem parte do grupo de projetos que se inscreveram para diminuir as suas emissões de gases para a atmosfera. As únicas insígnias portuguesas que fazem parte deste grupo são a EDP e os CTT.

– Trabalhe com os seus fornecedores para que também eles reduzam a sua pegada.

Para além destes pontos, Andrew Winston acrescenta que é importante que as empresas apoiem o combate ao lobby (especialmente norte-americano) que desacredita o aquecimento global. Este aspeto ganha outra relevância na altura das “fake news” e dos ataques a cientistas.

Outra ação que pode ser implementada é a utilização de todas as plataformas disponíveis para mudar a mentalidade dos consumidores. E numa altura em que todas as marcas estão presentes nas redes sociais, não há melhor forma de levar este tipo de iniciativas para a frente senão através da Internet.

Por fim, é ainda prioritário que as empresas repensem nos seus investimentos de forma a terem em consideração a redução de carbono. Apesar da maioria destas tecnologias, como os carros elétricos, ainda não conseguirem competir com os seus antecessores, poderá marcar um novo rumo à sua empresa. Um caminho mais verde e que pode, se bem comunicado, atrair mais clientes para a sua empresa.

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