BfK da ANI premeia 4 projetos de investigação inovadores

Já são conhecidos os quatro projetos vencedores do programa Born from Knowledge (BfK) Ideas, da Agência Nacional de Inovação. “Reciclagem” de fígados, terapêutica para feridas cutâneas, construção sustentável e gamificação para disléxicos, foram os temas vencedores.

Com o objetivo de impulsionar a transferência de conhecimento das instituições de ensino superior para o tecido empresarial, a Agência Nacional de Inovação (ANI) voltou a premiar a inovação nacional através do seu programa Born from Knowledge (BfK) Ideas.

Nesta edição do concurso estiveram representadas 29 instituições de ensino superior nacionais, das quais saíram os quatro projetos vencedores, nascidos da investigação científica em instituições de ensino superior como o Instituto Politécnico do Cavado e do Ave e as Universidades da Beira Interior, Trás-os-Montes e Alto Douro e Porto.

Os vencedores foram:

Orgavalue (Universidade do Porto) – Criou uma tecnologia de bioengenharia que permitirá reabilitar órgãos humanos, tornando-os totalmente transplantáveis. O projeto é baseado numa solução líquida de limpeza que remove as células, deixando uma matriz não celular com a matriz orgânica apropriada. Então, novas células humanas saudáveis ​​são introduzidas na matriz para bioengenharia de um novo órgão. O processo é otimizado pela máquina de perfusão da Orgavalue. Uma vez concluído, o órgão de bioengenharia pode ser implantado no paciente usando técnicas e equipamentos de transplante existentes.

A Orgavalue está pronta para iniciar o desenvolvimento do processo de fabricação em pequena escala, suscetível às Boas Práticas de Fabricação (BPF) e entrar em testes pré-clínicos piloto. É expectável que o primeiro ensaio pré-clínico de Fase 1 ocorra no final de 2025 com o fígado de bioengenharia desenvolvido (“BeLiver”). A Orgavalue espera entrar no mercado em 2028.

PlatGen® (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) – Desenvolveu uma terapêutica veterinária biológica que cura feridas cutâneas de animais domésticos (cães ou gatos) mais rapidamente, com menos custos e menor impacto ambiental. O PlatGen® é um produto terapêutico, eficaz na regeneração de feridas complexas. Apresenta capacidade antimicrobiana e analgésica, sendo biocompatível, biodegradável e sustentável.

Surgiu do desenvolvimento de uma tese de doutoramento em Ciências Veterinárias da UTAD e já tem uma patente em curso. A sua aplicação no tratamento de feridas cutâneas de cães e gatos já está publicada por este grupo de trabalho. No futuro, os promotores pretendem que a sua utilização se estenda a outras espécies animais, incluindo aos humanos.

BOB – Bulding Out of the Box (Universidade da Beira Interior) – Conceberam uma solução que irá atuar na indústria da construção civil em três vertentes: digitalização do processo comercial de empresas de impressão 3D de betão e outras argamassas; impressão 3D de vários elementos decorativos e estruturais, nomeadamente para projetos de renovação urbana e impressão de corais e outras estruturas baseadas na natureza; e investigação e desenvolvimento de materiais de impressão através do aproveitamento de resíduos industriais, minas, entre outros.

A investigação, que está a ser feita através do C-Made, da Universidade da Beira Interior, já está no terreno, nomeadamente no município do Fundão, onde os promotores estão a scanear prédios devolutos e a desenvolver módulos para encaixarem nas estruturas existentes, quase como se de um “tetris” se tratasse.

As Aventuras de Lexie (Instituto Politécnico do Cávado e do Ave) – Este projeto nasceu para ajudar as crianças com dislexia. É um jogo que permite, de forma divertida, ultrapassar as limitações de aprendizagem. O conceito assenta na oportunidade das crianças interagirem com as várias personagens e e ficarem satisfeitos por jogar e praticar os exercícios propostos, sempre através de desafios que tragam motivação. O jogo permite ainda aos pais, educadores, terapeutas e psicólogos o acesso aos dados de resultados dos minijogos, de forma a poderem acompanhar o desenvolvimento da criança.

Com a marca registada e algum trabalho de campo com crianças disléxicas, o projeto pretende submeter o registo de patente no próximo ano. Os seus clientes serão pessoas individuais, escolas e municípios e, além do mercado nacional, a marca planear entrar no Brasil.

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