Barómetro FFMS: portugueses valorizam o turismo, mas pedem gestão mais sustentável e controlada

A grande maioria dos inquiridos reconhece a importância económica do turismo, mas pede uma gestão mais controlada e sustentável, e alerta para a distribuição assimétrica dos benefícios do setor, segundo novo barómetro da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

A Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) divulgou o mais recente Barómetro da Fundação, desta vez centrado na forma como a população residente em Portugal continental avalia o impacto do crescimento do turismo. O estudo revela que mais de dois terços dos inquiridos consideram que o turismo é benéfico para a economia nacional e para a criação de novos mercados para os produtos nacionais. No entanto, apenas um terço sente que esses benefícios se traduzem em ganhos concretos nas suas vidas, nomeadamente na melhoria de rendimentos ou de qualidade de vida.

O inquérito revela também que a maioria dos portugueses prefere um crescimento mais controlado e sustentável do setor. Os benefícios do turismo são reconhecidos, mas a sua distribuição é vista como assimétrica, favorecendo as grandes empresas e o Estado mais do que a população residente.

De acordo com a maioria dos inquiridos, a habitação é o domínio mais afetado pelo setor, impacto que os portugueses associam ao aumento dos preços das casas e à redução da oferta.  O estudo identifica ainda a perceção generalizada de que o turismo é também responsável pela subida generalizada do custo de vida, pela pressão sobre os serviços e pelo congestionamento urbano.

O barómetro revela também que a maioria dos portugueses gostaria de ter maior influência nas decisões sobre turismo. Mais de 70% defendem que o Governo deve dar prioridade ao bem-estar dos residentes, mesmo que isso implique uma redução das receitas turísticas. A grande maioria apoia a redução do alojamento local para responder à crise da habitação.

Sobretudo em zonas do país com elevada exposição ao turismo, a maioria dos inquiridos defende a limitação de visitantes em áreas sobrelotadas. Há também consenso em relação à necessidade de diversificar a economia, de forma a reduzir a dependência do turismo.

Os resultados indicam ainda que níveis elevados de satisfação com a vida pessoal e com a situação da economia estão associados a perceções mais favoráveis ao turismo, enquanto os residentes com maior vulnerabilidade habitacional e maior consciência ecológica são os mais críticos face ao crescimento do setor.

Desenvolvido por Zélia Breda, Eduardo Brito-Henriques e Paulo M. M. Rodrigues, entre abril e julho de 2025, com base em 1.072 entrevistas presenciais, telefónicas e online, o barómetro do turismo pode ser consultado no site da FFMS.

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