As tendências da inteligência artificial para 2018

Afinal não são só os trabalhadores de fábricas que se devem preocupar em perder os seus postos de trabalho. Conheça esta e outras tendências neste artigo.

A inteligência artificial (IA) foi um dos tópicos principais discutido em 2017 e este ano esperam-se grandes investimentos no setor.

A CB Insights lançou recentemente um estudo que se debruça sobre as grandes tendências da indústria para os próximos anos.

O nascimento de um novo trabalho, robot babysitting
Existe a ideia de que os trabalhos nas fábricas há muito que têm os dias contados. Eventualmente, este tipo de trabalhadores vai ser substituído por máquinas. Esta tendência poderá resultar também numa descentralização dos grandes distritos de fabrico, visto que o custo de operação de um robot na China é idêntico ao que custaria em Portugal.

A inclinação apontada pela CB Insights enuncia que os robots serão usados para trabalhos pesados, enquanto que os trabalhadores ficarão encarregues da manutenção, supervisão e operação das máquinas.

Os trabalhos de colarinho branco também estão em risco
Os chamados trabalhadores de colarinho branco, como advogados e consultores, também estão em risco de perder os seus postos de trabalho.

Isto acontece devido ao potencial do aumento da produtividade e da eficiência associados à inteligência artificial. A Atrium, uma start-up de Silicon Valley que quer substituir advogados por robots, é fruto desta nova realidade.

Mesmo o emprego de programador, que é atualmente visto como um dos mais seguros, está em risco. Já há start-ups focadas no desenvolvimento de ferramentas capazes de testar softwares, desenvolver sites e fazer debugging (depuração).

À medida que as plataformas de inteligência artificial vão ganhando ímpeto vão ser cada vez mais os empregos afetados. Os setores da educação e da saúde são os que se pensam serem menos propícios a perderem os postos de trabalho para a tecnologia.

No que toca à inteligência artificial: China > EUA
A China já é vista como o paraíso das start-ups focadas em inteligência artificial. Exemplo disso foi um painel da Web Summit de 2017, onde Jim Breyer, fundador da Breyer Capital e early investor no Facebook, respondeu que o principal país a apostar em 2018 é “China, China, China”.

Apenas no ano passado, as start-ups chinesas de inteligência artificial recolheram quase 50% do total de investimentos feitos a nível global neste setor. Apesar deste campo representar apenas 9% do total de negócios feitos, esta é a primeira vez que a China bate os Estados Unidos em termos de investimentos.

Se nos anos 60 John F. Kennedy reclamou uma grande diferença entre os mísseis dos Estados Unidos e os da União Soviética, hoje, Trump pode reclamar de uma diferença entre os desenvolvimentos da inteligência artificial entre os seus conterrâneos e os chineses.

O governo da China está a executar um plano com uma visão bastante orientada para a inteligência artificial, que inclui a utilização desta tecnologia em quase tudo, desde a agricultura a aplicações militares. Exemplo disso são os óculos inteligentes que os polícias chineses já estão a utilizar para identificar suspeitos.

Apesar dos Estados Unidos ainda estarem à frente no que toca ao número de start-ups e aos negócios dentro do setor, a China está gradualmente a apoderar-se do campo de inteligência artificial.

O frenesim à volta do machine learning vai acabar
Em 2017 atingimos um pico de interesse na área de machine learning. As incubadoras norte-americanas alojaram mais de 300 start-ups deste sector, o triplo do que aconteceu em 2016.

No ano passado, os investimentos em inteligência artificial atingiram valores acima dos 12 mil milhões de euros (o equivalente ao que Portugal arrecadou há dois anos com o turismo). Este valor subiu 141% em comparação com 2016.

Mais de 1100 projetos relacionados com esta área receberam investimentos desde 2016. Mas, segundo o relatório da CB Insights, esta tendência está prestes a morrer. Isto porque, quando o setor atingir a normalização, os investidores vão-se tornar mais exigentes na seleção das empresas onde colocam o seu dinheiro.

Daqui a alguns anos espera-se que todas as start-ups tenham inteligência artificial incorporada na sua tecnologia, o que vai resultar num desinteresse por parte dos investidores neste campo.

Amazon, Google e Microsoft vão dominar a inteligência artificial para empresas
Enquanto que atualmente existem start-ups focadas em desenvolver o que se chama de machine learning-as-a-service, esta realidade está prestes a terminar.

Com gigantes tecnológicos como a Amazon, Google e Microsoft a entrarem neste campo de jogo de soluções para as empresas, espera-se que as pequenas empresas se tornem obsoletas.

A Google já tem o Cloud AutoML, onde os clientes podem alimentar dados da sua empresa ao seu próprio robot, que faz uma análise consoante as necessidades de cada projeto. A Amazon começou a vender o AI-as-a-service através da sua componente de web services e a Microsoft está no encalce da gigante de e-commerce, com soluções semelhantes.

“Faça você mesmo” chega à inteligência artificial
Já não é preciso ser um génio para construir o seu próprio sistema com inteligência artificial. Já existem bibliotecas em open source, centenas de APIs (interfaces de programação de aplicativos) e SDKs (kit de desenvolvimento de software), sistemas de construção fácil da Amazon e da Google, entre tantas outras facilidades.

Espera-se então que nos próximos anos o conhecimento sobre a inteligência artificial – e sobre como a manipular – seja bastante mais abrangente no que diz respeito à quantidade de pessoas que dominam a tecnologia.

Fotografia de Joseph Chan.

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