Entrevista/ “As primeiras impressões são tudo!”

Vanessa Van Edwards, investigadora na área das competências sociais

Fazer amizades e influenciar pessoas é uma ciência, defende Vanessa Van Edwards, investigadora, oradora e autora na área das competências sociais e inteligência interpessoal. O seu recente livro acaba de chegar às livrarias e pretende ajudar os leitores a conquistarem pessoas.

Vanessa Van Edwards é hoje uma referência na área das competências sociais e inteligência interpessoal. Tem dedicado a sua carreira a investigar as força invisíveis que condicionam diariamente a nossa conduta. Além de gerir um laboratório de investigação comportamental, o The Science of People, já apresentado em publicações como Fast Company, Inc., Men’s Health, USA Today e Forbes, assim como na Fox News, CNN e CBS, colabora ainda com a Entrepreneur e dá formação a empresas que integram a lista das 500 maiores do mundo da Fortune 500, com destaque para a Microsoft, Nike e Amazon.

Mais de 50 milhões de pessoas seguem os seus vídeos e tutoriais no YouTube, incluindo a palestra viral no TEDx London. No seu mais recentemente livro “Cativar – Segredos e técnicas para perceber e conquistar pessoas”, que acaba de chegar às livrarias, a autora revela estratégias, métodos e truques para que cada um de nós possa assumir o controlo das suas interações sociais, seja no trabalho, em ambiente familiar ou em qualquer outra situação em que enfrente desconhecidos.

Em entrevista ao Link To Leaders, Vanessa Van Edwards revela que “as primeiras impressões são tudo!”.

Porquê um livro sobre Cativar pessoas?
Sempre tive dificuldade em comunicar com as pessoas. Eu queria criar um recurso para introvertidos, pessoas desajeitadas e pessoas que querem ser melhores comunicadoras.

Que mensagens quer transmitir neste livro?
Qualquer um pode aprender a ser carismático. Qualquer pessoa pode encontrar confiança nas interações, se usar as conversas certas, a linguagem corporal correta e entender as regras de comportamento.

“Quando conhecemos alguém, devemos responder a três perguntas básicas: Nível um, amigo ou inimigo? ; Nível dois, vencedor ou perdedor? E Nível três, aliado ou inimigo?”.

O que é crucial hoje em dia para cativar as pessoas?
As primeiras impressões são tudo! Quando conhecemos alguém, devemos responder a três perguntas básicas: Nível um, amigo ou inimigo? ; Nível dois, vencedor ou perdedor? E Nível três, aliado ou inimigo? Temos que ser capazes de responder a estas questões verbalmente e não verbalmente para causar uma boa impressão.

O teletrabalho obrigou os líderes a repensar a sua forma de liderar as equipas e de mantê-las motivadas. Que desafios os líderes enfrentam hoje?
É muito difícil conectarmo-nos através de uma webcam, mas é possível. Temos que trabalhar muito para ganhar tempo no relacionamento, mostrar dicas cativantes e fazer perguntas melhores por telefone e vídeo.

A Vanessa lidera um laboratório de pesquisa comportamental, The Science of People. Como surgiu a ideia de criar este laboratório e qual é a missão?
Em 2010, percebi que havia um grande procura por dicas de comunicação e relacionamento, mas muito poucos conselhos práticos. Questionei-me se poderíamos começar a testar algumas das dicas de pesquisa e a transformá-las em estratégias práticas.

A Vanessa argumenta que saber como o cérebro funciona pode ajudá-lo a impressionar as pessoas e a ser menos chato nas entrevistas e eventos de networking. Como podemos aumentar o impacto do que dizemos e a forma como nos expressamos?
O nosso cérebro anseia por emoção – quer novidades nas conversas. Assim, as pessoas que estimulam perguntas interessantes e instigantes são mais memoráveis. Precisamos de parar de fazer este tipo de pergunta “Como está?”, mas antes questionar: “Qual é o ponto alto do seu dia?”. Pare de perguntar “O que faz?” e comece a questionar “Em qual projeto de paixão pessoal está a trabalhar?”.

“Adoro trabalhar com empresas em transição ou períodos de alto crescimento porque é quando as pessoas estão mais abertas a mudanças”.

Das empresas com as quais trabalhou, qual foi a mais desafiadora? E para qual gostaria de trabalhar e não teve oportunidade?
Adoro trabalhar com empresas de todas as dimensões, mas é sempre difícil trabalhar com empresas em crise. Adoro trabalhar com empresas em transição ou períodos de alto crescimento porque é quando as pessoas estão mais abertas a mudanças. Também adoro trabalhar com novos líderes que desejam desafiar-se e crescer.

Qual foi o momento ou momentos mais desafiadores na sua carreira e como os superou?
Passámos um período de alto crescimento onde tivemos que contratar muito rapidamente. Eu gostaria que nos tivéssemos expandido mais lenta e cuidadosamente.

Qual foi o melhor conselho que recebeu e que deu?
Alguém me disse uma vez que as pessoas importam mais do que as realizações. Eu realmente acredito nisso. Eu concentro-me muito no desenvolvimento dos relacionamentos tanto profissionais como pessoais. Isso pode levar a realizações, mas as pessoas vão durar a vida toda.

Adoro dizer às pessoas que qualquer um pode aprender a ser carismático. Eu tive de aprender a trabalhar as minhas competências sociais. Se eu posso aprender a comunicar, qualquer um pode!

Que projetos podemos esperar de Vanessa no futuro?
Estou animada para continuar a fazer crescer o meu canal do YouTube em outros idiomas. Vamos lançar muito conteúdo exclusivo e interessante para profissionais de alto desempenho. Também contratamos quatro novos escritores para nos ajudarem a colocar o nosso incrível conteúdo de soft skills no ScienceofPeople.com. Queremos ser o melhor recurso de comunicação gratuito na web.

“Percebemos que os melhores picth, aqueles com maior probabilidade de conseguir investimento, eram os que tinham uma maior interação”.

Que conselho dá aos jovens empreendedores para cativarem os investidores?
Fizemos um grande ensaio no nosso laboratório, onde assistimos e analisamos 495 propostas do Shark Tank – um programa em que os empreendedores lançam propostas para investidores. Percebemos que os melhores picth, aqueles com maior probabilidade de conseguir investimento, eram os que tinham uma maior interação. Eles deixaram os investidores experimentarem produtos, testarem produtos, adivinhar e envolver-se. O objetivo de um picth é não ser chato. Quanto mais envolvente poder ser, melhor. Isso inclui dicas não verbais exclusivas, como usar mais gestos com as mãos, levantar as sobrancelhas e ter variedade vocal.

Respostas rápidas:
O maior risco:
A publicação do Cativar foi muito assustadora. Eu queria escrever um livro sobre competências das pessoas como se fosse uma pessoa desconhecida. É uma abordagem muito original para ligar a ciência à ação. Felizmente, as pessoas adoraram.
O maior erro: Eu giro o meu negócio desde 2007. Eu sabia que o YouTube seria grande, mas não sabia o quão grande o Twitter e o Instagram seriam para os negócios. Eu gostaria de ter feito isto antes.
A maior lição: Vulnerabilidade é melhor que perfeição. Aprendi que quanto mais vulnerável posso ser e quanto mais posso partilhar sobre a minha verdadeira experiência, mais as pessoas podem relacionar-se e aprender. Ser perfeito não é real e não devemos tentar.
A maior conquista: Estamos entusiasmados por nos candidatarmos ao programa Golden Visa em Portugal, pois esperamos ser cidadãos portugueses. Também começamos a aprender português em família e tem sido conquista maravilhosa.

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