As músicas de Natal que ensinam storytelling de liderança

Há três músicas em específico da quadra natalícia que podem ajudar os líderes a construir narrativas de sucesso, de acordo com a Forbes.
Ano após ano, há várias canções de Natal que não nos cansamos de ouvir. Mas por que motivo há músicas desta época que são um sucesso? O que nos faz continuar a ouvi-las todos os anos? E, mais importante, que lições de storytelling de negócios podem retirar os líderes? Como podem estes elaborar o que o prémio Nobel e economista Robert J. Shiller apelida de “narrativas contagiosas”?
Robert Shiller investigou como as narrativas contagiosas moldam os eventos económicos, mas tais narrativas também moldam a esfera dos líderes, e valem a pena ser construídas. No caso das canções de Natal, há três em particular com princípios fundamentais que ficam no ouvido, quer em termos de melodia quer de liderança, afirma a Forbes.
- “Noite Feliz” – combine a mensagem com a transmissão. Muitos fatores contribuíram para que “Noite Feliz” seja uma das canções de Natal mais populares há mais de dois séculos. Para começar, a história: reza a lenda que um órgão de igreja avariado originou a composição de uma melodia simples que poderia ser acompanhada à viola; e que a igreja se situava numa aldeia pitoresca perto de Salzburgo, segundo Peter Tregear, da Universidade de Melbourne.
O professor refere que a história encantadora é provavelmente ficcional, mas, no entanto, “estamos inclinados a disseminar mitos como este”, que “servem para consagrar e enobrecer o que de outra forma poderiam ser motivos mundanos para atos criativos”.
O que não é fictício nesta música é a forma como a sua transmissão se adequa à mensagem: a melodia é suave. Ao contrário de outras músicas de Natal mais exuberantes ou ruidosas, a melodia força o cantor a cantar baixinho. A música “tem os contornos e o estilo de uma canção de embalar”, observa Peter Tregear. Ou seja, sempre que veicular uma mensagem relevante, é importante que a forma como a transmite se adeque, seja correspondente. Há um anúncio recente do Google Translate sobre o poder das palavras, que ilustra bem o conceito: podemos ouvir o narrador, calmo e enfático, e a mensagem – de que as palavras são poderosas – é curta e agradável, permitindo que sintamos o impacto das palavras.
- “All I Want for Christmas Is You” – repita, repita, repita. A “Newsweek” acaba de anunciar que o single de 1994 de Mariah Carey é a terceira música de Natal mais popular de todos os tempos. Nada mal, considerando que a primeira e a segunda canções mais populares – “White Christmas” e “Noite Feliz” – já existem há décadas ou séculos. O que há na música de Mariah Carey que a faz ficar no ouvido?
Para o descortinar, o Spotify recorreu ao programa The Music, Mind and Brain na Goldsmiths University of London, cuja pesquisa conclui que a maioria das mil músicas que mais ficam na nossa memória é incrivelmente repetitiva. Não se pode dizer que seja uma surpresa. O mais revelador é que, de alguma forma, o nosso cérebro gosta da repetição. Esta “permite que as pessoas se liguem emocionalmente a uma música sem terem de se esforçar muito”, diz o Spotify, resumindo a análise da Goldsmiths. Este princípio aplica-se à transmissão da mensagem. A repetição de uma palavra ou frase importante pode preparar o público para receber e reter o que o líder quer comunicar.
- “Rudolph the Red-Nosed Reindeer” – domine o subvalorizado. A versão de Gene Autry desta canção é a quarta música de Natal mais popular de todos os tempos, indica a Newsweek. O facto de ter passado de um livro de histórias para uma música, e depois para um filme, também ajuda: confere ao público maneiras diferentes de experienciar e de imaginar a narrativa. Mas a história em si – o subvalorizado cuja diferença se torna útil – encaixa-se no enredo clássico que as pessoas continuam a considerar apelativo com o passar do tempo.
A Apple recorreu a este artifício num anúncio recente, intitulado “The Underdogs”, no qual um grupo de trabalhadores de escritório subestimados tem a oportunidade de apresentar a sua ideia a um chefe de topo, enquanto usam os produtos da Apple na preparação da apresentação. Qual a lição de storytelling sobre liderança? Enquanto o público fica preso à narrativa clássica e torce pelos subvalorizados, absorve outras mensagens; e a informação é passada de uma forma que a audiência aprecia.
Sempre que a vida é stressante, apressada ou até enervante – como pode ser no final do ano –, podemos aprender a procurar lições de liderança. Afinal, as histórias estão à nossa volta, o que significa que as lições sobre storytelling de liderança estão mesmo à frente dos nossos olhos (ou ouvidos).