As empresas portuguesas que mais fazem compras ao exterior têm maior produtividade

Um estudo para a Fundação Francisco Manuel dos Santos conclui que em Portugal poucas empresas concentram os fluxos comerciais internacionais e que são as que fazem compras ao exterior que maior produtividade apresentam.

As empresas que importam apresentam um melhor comportamento em termos de desempenho. Esta é uma das conclusões do estudo “As Empresas Portuguesas no Comércio Internacional”, coordenado pelo economista João Amador, com a participação de Sónia Cabral e Birgitte Ringstad, para a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) e apresentado esta semana.

De acordo com o estudo, as empresas que são simultaneamente exportadoras e importadoras dominam a paisagem do comércio internacional em Portugal. Este resultado é também observável noutras economias.

A análise estatística realizada indica ainda que os comerciantes internacionais mais complexos, ou seja, aqueles que estão envolvidos em diferentes tipos de fluxos, tendem a ser maiores, mais jovens, mais produtivos e a pagar salários mais altos. No entanto, a sua rentabilidade não é claramente diferente da dos outros comerciantes.

O estudo avança ainda que as importações estão fortemente associadas à produtividade das empresas e que a participação no comércio de serviços parece estar associada a vantagens acrescidas para as empresas.

Relativamente aos comerciantes bidirecionais de bens e serviços, o estudo aponta que estes são importantes no que respeita às participações de capital. Estas classes participam e são participadas por quase todas as restantes classes de comerciantes internacionais.

Os exportadores de serviços estão fortemente envolvidos em participações de capital noutras empresas que operam no comércio internacional. Os pequenos comerciantes não costumam compensar o seu baixo envolvimento nos mercados internacionais através de fortes participações no capital de outros tipos de comerciantes.

O estudo conclui também que o comércio internacional de serviços não turísticos em Portugal é dominado por três categorias principais: ‘’Outros serviços fornecidos por empresas’’; ‘’Transportes’’ e ‘’Telecomunicações, informática e informação’’.

Quase metade dos comerciantes portugueses está ativo simultaneamente nas exportações e nas importações, representando 90% do total do comércio internacional de serviços não turísticos. Estes comerciantes tendem a ser mais produtivos e mais rentáveis do que aqueles que apenas exportam ou importam.

“O comércio internacional de serviços não turísticos está concentrado num pequeno número de empresas e, dentro dessas empresas, concentra-se num reduzido número de serviços e geografias. Em termos do valor de transações, o que acaba por explicar as diferenças entre as empresas são os valores tipicamente comerciados em cada combinação serviço-parceiro e não as diferenças no número de serviços prestados ou parceiros existentes”, revela o mesmo estudo.

As empresas portuguesas consideram as barreiras à internacionalização como um custo de contexto relevante, identificando dificuldades relacionadas com a abertura de estabelecimentos e filiais no estrangeiro e com a candidatura a programas operacionais e fundos da UE.

As empresas mais produtivas são aquelas que mais avaliam as barreiras à internacionalização como importantes para a sua atividade. As empresas que identificam os obstáculos relativos ao “sistema judicial” como elevados e importantes para a sua atividade são também aquelas que apresentam menor intensidade exportadora, conclui o estudo.

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