As ajudas da UE para start-ups da Indústria 4.0

A transformação digital não está reservada apenas às empresas de comércio e serviços. O setor industrial tem aqui uma oportunidade de se modernizar e de criar produtos de valor acrescentado. As start-ups cuja estratégia passa pela Indústria 4.0 têm o caminho aberto, podendo receber até 3 milhões de euros de programas europeus.

O conceito não é novo e a lógica já foi detalhada pelas principais consultoras: a indústria precisa de se modernizar, implementando novas soluções digitais e formando quadros para continuar competitiva a uma escala global.

Em Portugal existem fileiras industriais de excelência, com qualidade reconhecida globalmente, como o têxtil, o calçado e a agroindústria, com empresas sólidas e com capacidade exportadora, mas também um ecossistema de start-ups que pode beneficiar com esta modernização do tecido empresarial que está em curso.

Segundo dados da consultora PwC, o nível médio de digitalização das empresas do setor industrial deverá crescer de 33% para os 72% dentro de 5 anos e as empresas preveem investir cerca de 5% das suas receitas anuais em digitalização, garantido um retorno em dois anos. A transformação está a acontecer a nível global e Portugal não quer ficar de fora desta modernização.

Para impulsionar este crescimento, a União Europeia oferece uma série de ajudas, como o Instrumento PME, uma ferramenta de financiamento do programa de investigação Horizonte 2020 da Comissão Europeia, cujo objetivo é a aceleração por fases para trazer para o mercado inovações promissoras – quer sejam tecnológicas ou não tecnológicas -, que geram crescimento para as PME.

“Esta ferramenta destina-se a uma PME inovadora com um plano empresarial, apoiando dessa forma as start-ups que desenvolvem e comercializam novos produtos, serviços e modelos empresariais que possam impulsionar o crescimento económico”, explicou Adrian Noheda, especialista em Instrumento PME do Acelerador Startup Europe.

O Instrumento PME destina-se fundamentalemente a PME orientadas para o lucro, incluindo empresas jovens e recém-criadas, de qualquer setor. Para se candidatarem, devem estar estabelecidas num Estado-Membro da UE ou num país associado ao Horizonte 2020.

“Através desta ferramenta, as PME podem obter entre 50 mil e 2,5 milhões de euros de financiamento”, diz Juanma Revuelta, diretor geral da Fundação Finnova.

O Instrumento PME está dividido em três fases independentes (Avaliação de Viabilidade, Atividades de I&D&I e Comercialização) e, dependendo do avanço do projeto, não será necessário passar por cada uma delas. A fase 1 do Instrumento para PME estará aberta até 5 de setembro e a fase 2 até 10 de outubro.

Outra das ferramentas oferecidas pela União Europeia é o programa Fast Track to Innovation (FTI) destinado a tecnologias, conceitos e modelos de negócios inovadores relativamente maduros e próximos do mercado. Trata-se de projetos de até 3 milhões de euros, em consórcios transnacionais de 3 a 5 entidades, onde pelo menos 60% dos sócios devem ser industriais.

Durante o período anterior, o FTI distribuiu quase 200 milhões de euros, sendo a Espanha o terceiro país com mais participantes, atrás do Reino Unido e da Alemanha. Para 2018-2020, a União Europeia tem previsto um orçamento total de cerca de 300 milhões de euros, o que é uma grande oportunidade para as empresas industriais.

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