Aprenda a dizer ‘não’ a tarefas que atrapalham a sua carreira

Já reparou como é difícil dizer “não”? Uma palavra tão pequena e com um enorme peso. Mas dizer “não” significa, muitas vezes, saber priorizar o que mais importa, segundo as autoras do livro “The No Club” que acaba de ser lançado.
Quem fica responsável pela ata da reunião? Quem vai integrar o novo colaborador na equipa? Quem vai organizar a sequência de slides da apresentação?
Infelizmente, quando se trata do mundo empresarial, estas tarefas – que são importantes para o sucesso da organização, mas raramente contribuem para o avanço na carreira – na maioria das vezes são realizadas por funcionárias mulheres. Ao dizer sim, as mulheres assumem 200 horas extras de trabalho a cada ano, o que totaliza um mês de trabalho anualmente.
É esta a premissa do livro “The No Club: Putting a Stop to Women’s Dead-End Work” (O Clube do Não: Colocando um basta nas tarefas sem sucesso”, em tradução livre), onde as autoras Linda Babcock, Brenda Peyser, Lise Vesterlund e Laurie Weingart apresentam as pesquisas mais recentes sobre o que chamam de tarefas não-promocionais ou TNPs.
As autoras baseiam-se em mais de uma década de experiência como investigadoras da Universidade Carnegie Mellon e da Universidade de Pittsburgh. “Apesar de observarmos avanços em direção à igualdade no local de trabalho, esta batalha ainda não foi ganha”, referem, citadas pela Forbes.
De acordo com as autoras, todas as organizações têm um trabalho que não conta para a próxima avaliação de desempenho de um funcionário – não importa quão bem esse trabalho tenha sido realizado. “Referimo-nos a esse trabalho como tarefas não-promocionais ou TNPs porque, embora sejam importantes, tendem a ser menos centrais para a missão e os objetivos da organização. Elas são realizadas nos bastidores e podem ser feitas por muitas pessoas. Como resultado, não ajudam os funcionários a progredir nas suas carreiras”, explicam as investigadoras, referindo que as mulheres realizam mais TNPs do que os homens, independentemente da indústria ou trabalho.
“Consultoras, analistas de tecnologia, advogadas, engenheiras, empregadas de supermercado e professoras universitárias assumem muitas TNPs. Algumas pessoas pensam que isso ocorre porque as mulheres gostam de fazer este tipo de trabalho, ou porque elas inerentemente são melhores nisso, mas nenhuma das duas teorias está correta”, acrescentam.
A pesquisa das autoras do “The No Club” revela que tudo se resume a uma coisa: como sabemos que as mulheres vão dizer sim às TNPs, são as primeiras a serem questionadas. Por isso, “dizer não a uma TNP requer planeamento e manobras defensivas”, advertem as autoras no seu livro, enumerando algumas etapas que facilitam a recusa de um pedido.
1. Dê uma explicação para dizer não
Explicações sucintas ajudam a outra pessoa a entender os custos de lhe pedir mais uma TNP. Os solicitantes não conhecem todas as outras tarefas que está a realizar e é importante que entendam o que fará em vez da TNP.
Exemplo: “Estou a liderar o lançamento de um novo produto nos próximos dois trimestres. Não poderei dedicar o tempo necessário para o novo comité de integração.”
2. Resolva o problema
Indique uma outra solução ao dizer não. Ajude o solicitante a encontrar uma alternativa. Sugira outra pessoa com poucas TNPs ou alguém que poderá beneficiar da tarefa, adquirindo novas competência ou conhecendo novas pessoas. Uma tarefa que pode não ser interessante para si pode ser para alguém noutra posição.
Exemplo: “Acho que o Lucas faria um ótimo trabalho e gostaria da experiência e das novas conexões com os outros membros do comité.”
3. Diga sim, enquanto diz não
Às vezes não é possível, prático ou inteligente recusar uma TNP. Nesses casos, deve ser criativa – pode responder ao pedido de uma maneira diferente. Pode dividir as tarefas em partes e oferecer-se para fazer a que for mais interessante ou que aproveite a sua experiência. Ou negocie para deixar uma outra TNP que tinha em mãos para poder assumir a nova.
Quando as mulheres estão sobrecarregadas com TNPs, segundo as autoras, algo deve ser feito porque existem apenas algumas horas num dia. As mulheres têm duas opções – sacrificar o tempo gasto em trabalhos mais importantes ou trabalhar mais horas. Quando elas realizam menos trabalhos importantes do que os seus colegas, têm menos oportunidades de demonstrar as suas capacidades e o seu valor para a empresa. O resultado é que avançam mais lentamente na sua carreira do que seus colegas homens, concluem as investigadoras.