Agricultores da UE suportam longas horas de trabalho, diz novo estudo

As longas horas de trabalho e a exigência constante do trabalho agrícola, muitas vezes realizado de forma independente em zonas rurais isoladas, caracterizam o setor agrícola e têm impacto na saúde mental, conclui novo estudo da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho.
Metade dos agricultores e trabalhadores agrícolas da UE suportam cargas de trabalho elevadas e longas horas de trabalho que excedem regularmente as 48 horas por semana. Estes profissionais trabalham muitas vezes em zonas rurais isoladas e enfrentam a necessidade de disponibilidade constante e sem tempo livre.
Estes e outros fatores de risco psicossociais podem levar a taxas elevadas de stress, ansiedade e depressão. Estatisticamente, existem taxas de suicídio mais elevadas neste setor em comparação com outras profissões, segundo o mais recente relatório da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA), que explora a forma como a exposição a riscos psicossociais afeta os agricultores e os trabalhadores agrícolas, e apresenta medidas para proteger a sua saúde mental e aumentar a sensibilização para este tema na agricultura.
De acordo com o estudo, as longas horas de trabalho e a natureza de permanência constante do trabalho agrícola, muitas vezes realizado de forma independente em zonas rurais isoladas, caracterizam o setor agrícola e têm impacto na saúde mental. Nas entrevistas, foi sublinhado que os riscos psicossociais associados às pressões económicas, regulamentares e políticas ligadas à utilização e produção das terras têm impacto tanto nos agricultores como nos trabalhadores agrícolas.
Além disso, a literatura destacou a natureza mutável das tarefas agrícolas e do trabalho agrícola associada às alterações climáticas, à digitalização e à mecanização.
“Os agricultores e os trabalhadores agrícolas têm de se adaptar continuamente às mudanças, por vezes imprevisíveis, que ocorrem no sector”, pode ler-se no relatório.
O estudo evidencia ainda que as questões globais (por exemplo, a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia) e as tendências a longo prazo (por exemplo, a digitalização e as alterações climáticas) introduzem novos fatores de stress neste profissionais.
“Os fatores de stress psicossocial comuns associados a estas tendências incluem exigências cognitivas, formação e especialização, stress financeiro (por exemplo, custos de investimento), receios ligados à precariedade do emprego e à automatização, isolamento social e solidão, desafios organizacionais (por exemplo, gestão da mudança, reestruturação das explorações agrícolas), dependência e questões de controlo (por exemplo, vulnerabilidade dos dados, clima imprevisível), conflitos familiares e diferenças geracionais”; explica a EU-OSHO.