Entrevista/ “A internacionalização continuará a fazer parte do nosso futuro”

No ano em que celebra 100 anos de atividade, o Link To Leaders falou com a CEO da Cachapuz, a empresa de Braga que foi pioneira nas balanças eletrónicas e, mais tarde, nas digitais. E que em plena pandemia não baixou os braços: criou o Ecossistema de Inovação e a Cachapuz Academy, focada no conhecimento e na formação profissional.
Nos últimos meses, a Cachapuz nunca parou. Lançou a Cachapuz Academy, uma academia focada no conhecimento, na partilha de sinergias e desenvolvimento pessoal e profissional dos seus colaboradores, e o Ecossistema de Inovação, através do qual os colaboradores, de áreas diferentes, aceitaram o desafio e contribuíram com um total de 60 ideias inovadoras, tendo como foco a geração de valor para o cliente e o desenvolvimento de soluções e iniciativas diferenciadoras.
Com um volume de negócios de 4,5 milhões de euros, em 2019, e perspetivas de crescimento, em 2020, esta empresa tem software português instalado no maior aterro de África (Costa do Marfim), trabalha com os maiores players do mercado internacional do cimento (Votorantim, Jaypee Group e InterCement) e está presente em 15 países.
A sua história remonta a 1920 anos – há 100 anos – quando criou a sua primeira balança decimal. Em 1934 foi responsável pela primeira ponte báscula em Portugal e nos anos 80 desenvolveu, em parceria com a Universidade do Minho, a primeira balança eletrónica e o primeiro terminal eletrónico em Portugal.
Recentemente, recebeu a Acreditação do IPAC a propósito do LabWeigh, Laboratório de Calibrações, sendo o único, em Portugal, para calibrações até 80 toneladas.
Como é que a Cachapuz se está a adaptar à pandemia?
O impato do surto de Covid-19 foi mais um desafio para a Cachapuz. Tivemos de repensar estratégias e mudar planos de ação, num curto espaço de tempo, mas sempre com foco na proteção da saúde dos nossos colaboradores, fornecedores e clientes. Implementámos, desde a primeira hora, um Plano de Contingência, que tem vindo a ser permanentemente atualizado. Iniciámos o teletrabalho, garantindo, a todos os nossos colaboradores, os recursos necessários para o fazerem, dividimos as equipas internas e conseguimos assegurar que todos pudessem trabalhar em segurança. A equipa tem-se mostrado, desde o início, recetiva, empenhada e motivada.
Estamos agora a regressar a uma nova realidade, com todos os cuidados e medidas de proteção e segurança necessários e estamos, sobretudo, atentos à evolução da pandemia e ao seu impacto no contexto social e económico. Na Cachapuz, sempre tivemos a capacidade de nos adaptarmos às mudanças e, é com base nisso, que nos movemos. Para nós, esta tem sido uma nova fase, de desafios, de reforçar laços e compromissos. Queremos, acima de tudo, mostrar a todos – clientes e parceiros – que podem continuar a confiar na Cachapuz, nas suas soluções e nas suas Pessoas. E queremos continuar a entregar soluções de elevado valor acrescentado.
“No espaço de pouco mais de um mês, perto de 20 dos nossos colaboradores, de áreas diferentes, aceitaram o desafio e contribuíram com um total de 60 ideias inovadoras, tendo como foco a geração de valor para o cliente e o desenvolvimento de soluções e iniciativas diferenciadoras”.
E o que estão a aprender com este “novo normal”?
Ao longo destes meses, a Cachapuz nunca parou. Pelo contrário, reinventou-se, como aliás sempre fez, e deu um forte impulso a projetos que já vínha desenvolvendo. Lançámos a Cachapuz Academy, sendo a única empresa do setor, em Portugal, a ter uma academia focada no conhecimento, na partilha de sinergias e desenvolvimento pessoal e profissional dos seus colaboradores. Queremos, acima de tudo, que, na Cachapuz Academy, todos se sintam inspirados e motivados a trocar opiniões, ideias e reflexões. É um projeto desafiante que está a ter excelentes resultados.
A Cachapuz é uma empresa com história, mas é, sobretudo, uma empresa voltada para o futuro, sempre na linha da frente da inovação. Foi nesse sentido que lançou, em plena época de pandemia, o Ecossistema de Inovação, outro dos projetos de que nos orgulhamos e que está a ter um feedback enorme e muito positivo por parte da nossa equipa. No espaço de pouco mais de um mês, perto de 20 dos nossos colaboradores, de áreas diferentes, aceitaram o desafio e contribuíram com um total de 60 ideias inovadoras, tendo como foco a geração de valor para o cliente e o desenvolvimento de soluções e iniciativas diferenciadoras.
Com esta iniciativa, a Cachapuz quer dar voz aos seus profissionais, partilhar visões e sinergias, fomentar um espaço de colaboração e criação de novas ideias e iniciativas para o futuro e promover a reflexão sobre novas oportunidades impulsionadas pela atual pandemia. Sempre com foco no cliente, nos parceiros e na sua expansão. Só com equipas coesas, focadas, ativas e motivadas, que colaborem e cooperem entre si, é que conseguimos garantir futuro. Esta é a nossa forma de pensar.
Como surgiu a ideia de criar a Cachapuz Academy?
Temos vindo a planear o lançamento da Cachapuz Academy. É um projeto diferenciador, no nosso setor de atividade, centrado na formação profissional, na partilha de experiências e valorização dos nossos colaboradores. São 100 anos de experiência ao dispor de todos. A academia está, nesta primeira fase, focada na formação interna, ultimamente em formato virtual. Mas, no futuro, pretendemos, faseadamente, chegar também a outros públicos.
Queremos, acima de tudo, ser a referência na formação profissional no setor. Num mundo em que vivemos, cada vez mais digital, temos de saber tirar partido das novas tecnologias. A aprendizagem pode ser feita em qualquer momento e lugar. Acabámos por lançar a Cachapuz Academy em plena pandemia, mas estamos muito satisfeitos com a participação e envolvimento de todos. Os resultados têm sido excelentes.
“Estamos em 15 países – na Europa, África, Ásia e América Latina – e temos um volume de exportações de perto de 40%. Fazemos parte de um dos maiores grupos internacionais de pesagem, o italiano Grupo Bilanciai, e temos uma equipa de 60 colaboradores altamente qualificados”.
Celebram este ano 100 anos. Que balanço faz destes 100 anos de atividade?
De facto, este é o ano do centenário Cachapuz. É um marco do qual nos orgulhamos. Não é qualquer empresa que tem a oportunidade de comemorar 100 anos com uma longa história para contar. Foram, sem dúvida, muitos os desafios e obstáculos pelos quais passámos, mas tem sido gratificante. Não é por acaso que a Cachapuz é hoje empresa líder no setor da pesagem, em Portugal, e referência internacional em soluções de software e automação, com presença em clientes de vários setores.
Estamos em 15 países – na Europa, África, Ásia e América Latina – e temos um volume de exportações de perto de 40%. Fazemos parte de um dos maiores grupos internacionais de pesagem, o italiano Grupo Bilanciai, e temos uma equipa de 60 colaboradores altamente qualificados. A nossa história reflete também o peso da inovação que sempre quisemos empreender em todos os nossos projetos. Em 1920 – há 100 anos – foi criada a primeira balança decimal, em 1934 a Cachapuz concebeu a sua primeira ponte báscula e, nos anos 80, desenvolveu, em parceria com a Universidade do Minho, a primeira balança eletrónica e o primeiro terminal eletrónico, em Portugal. São inúmeros os marcos que fazem da nossa uma história peculiar.
E como pensam assinalar a data?
Tínhamos preparado uma série de eventos, atividades e lançamentos que tiveram, inevitavelmente, de ser reagendados e repensados, nomeadamente a visita que iríamos realizar, em maio passado, à nossa casa mãe, em Modena, Itália. Mantivemos, porém, várias iniciativas, como é o caso do nosso mais recente vídeo institucional, a nova brochura digital e estamos a partilhar a nossa história. Um projeto lançado à escala global e que, além de assinalar o centenário da Cachapuz, revela a sua essência e a sua visão, global, integrada e arrojada. Sem barreiras, nem fronteiras, direcionada para todos os mercados, com foco na inovação, no conhecimento e no futuro.
Quais foram os momentos de maior dificuldade para a empresa?
Eu não lhes chamaria dificuldade, mas sim desafios. Os dois grandes desafios desta empresa são, por um lado, o peso da responsabilidade de ser líder de mercado, que obriga a um trabalho permanente de pesquisa, investigação e desenvolvimento de soluções inovadoras. É um grande desafio, é uma responsabilidade, mas é muito estimulante. A empresa nasceu há 100 anos com uma matriz familiar e quando passou a integrar um grupo internacional houve a necessidade de profissionalizar a gestão. Esse processo foi naturalmente exigente, desafiante, mas felizmente foi bem conseguido.
A Cachapuz tem uma política de recursos humanos muito peculiar. Pode falar-nos dos incentivos que têm para com os trabalhadores?
Para a Cachapuz, as empresas são as suas pessoas. Ao longo destes anos, a dedicação, o empenho e o compromisso de todos os colaboradores tem sido determinante na evolução e crescimento da empresa. Por isso, temos desenvolvido diversas iniciativas, que visam valorizar e motivar a nossa equipa. Além da Cachapuz Academy e do Ecossistema de Inovação, projetos dos quais já falámos, a Cachapuz tem vindo a reforçar o seu apoio aos colaboradores com um vasto conjunto de benefícios extrassalariais.
A atribuição de um seguro de saúde, que inclui 500 euros para despesas em Estomatologia, o dia livre no aniversário de cada colaborador, os protocolos com várias entidades para promover o bem estar dos nossos colaboradores, além de atividades de team building e palestras motivacionais são algumas das medidas que fazem parte da nossa política de recursos humanos. Queremos, acima de tudo, que todos se sintam bem, felizes e motivados no seu local de trabalho.
“Estamos muito satisfeitos por termos chegado aqui e por sermos os únicos, em Portugal, a ter este reconhecimento na categoria de Massa. O nosso LabWeigh é o único laboratório português certificado para calibrações até 80 toneladas”.
A Cachapuz recebeu recentemente a Acreditação do IPAC pelo LabWeigh, Laboratório de Calibrações. É o único laboratório no país acreditado para calibrar instrumentos de pesagem até 80 toneladas. O que tem contribuído para este reconhecimento?
É verdade, é uma das nossas mais recentes conquistas e é fruto de muito trabalho e dedicação da nossa equipa técnica e resultado da experiência que a Cachapuz foi acumulando ao longo de 100 anos e de todo o conhecimento que temos do mercado. Trabalhávamos com laboratórios devidamente acreditados, mas achámos que a Cachapuz tinha todo o know-how e recursos necessários para o fazer. Além de que queríamos complementar o serviço que já prestamos a todos os clientes e parceiros com os quais trabalhamos.
Estamos muito satisfeitos por termos chegado aqui e por sermos os únicos, em Portugal, a ter este reconhecimento na categoria de Massa. O nosso LabWeigh é o único laboratório português certificado para calibrações até 80 toneladas.
Quais são as perspetivas de crescimento para este ano?
O momento em que vivemos exige prudência no que toca a previsões. Felizmente, até este momento, não sentimos efeitos severos da pandemia nos nossos resultados, embora seja naturalmente ainda cedo para fazer uma avaliação definitiva. O nosso objetivo é de crescimento moderado e assente, sobretudo, nas nossas soluções de software e automação, que melhorem a eficiência dos processos logísticos de pesagem.
Como é que é liderar a transformação de um setor que é habitualmente considerado tradicional e “masculino”?
Tem sido um desafio. Felizmente sentimos a mudança gradual de mentalidades e há cada vez mais mulheres a liderar equipas. O que importa, de facto, é termos lideranças competentes, com propósito, preocupadas com as pessoas e com o impacto que as suas ações têm no planeta e, naturalmente, preocupadas com a rentabilidade dos seus negócios.
Projetos para o futuro da Cachapuz…
Estamos a trabalhar com o Grupo Bilanciai para entrar em novas geografias. A internacionalização continuará a fazer parte do nosso futuro. Continuaremos empenhados a apostar na inovação e na transformação digital, em colaboração com as diversas entidades científicas das quais somos parceiros: a Universidade do Minho, o Colab DTX, a HiSeedTech e a rede COTEC, entre outros.
Acreditamos que o nosso trabalho será cada vez mais assente em redes colaborativas e sinergias cruciais para a construção de um futuro, no qual continuaremos também a assumir um papel interventivo e responsável em relação à comunidade envolvente.
Respostas rápidas:
O maior risco: Acreditar que tudo é possível.
O maior erro: Alguma ingenuidade.
A maior lição: A liderança é o caráter em movimento.
A maior conquista: O respeito e confiança das pessoas que importam.