Entrevista/ “A escola de Sines foi ajustada às necessidades específicas da indústria nacional”

A SGS Portugal inaugurou em Sines a Escola de Segurança Fire & Safety, dedicada à formação técnica e prática em contextos industriais de risco. Em entrevista ao Link to Leaders, João Paulo Alves, coordenador da escola, explica como esta nova infraestrutura pode reforçar a prevenção de acidentes e responder às necessidades das indústrias.
Com mais de quatro décadas de presença em Sines, a SGS Portugal reforça agora o seu investimento na região com a inauguração da Escola de Segurança Fire & Safety. Trata-se de um projeto que combina formação teórica com treino em ambientes realistas – como combate a incêndios, resgate em altura, espaços confinados e primeiros socorros -, recorrendo a tecnologia de simulação avançada e à experiência acumulada de 12 anos do grupo em Espanha.
Mais do que uma resposta às exigências das indústrias locais – como energia, logística e química -, o projeto representa uma aposta estratégica na qualificação profissional, na redução de riscos laborais e no desenvolvimento económico regional, garante João Paulo Alves, coordenador da Escola de Segurança Fire & Safety de Sines.
O que representa para a SGS Portugal a inauguração da Escola de Segurança “Fire & Safety” no país, e porquê Sines?
Representa um marco significativo para a SGS Portugal, por ser um reforço do compromisso com a segurança e a formação especializada no nosso país. É um projeto que demonstra a aposta da SGS na capacitação de profissionais e que tem como grande objetivo a redução de acidentes de trabalho através de formação teórica e prática em áreas essenciais, como combate a incêndios, resgate em altura, espaços confinados, primeiros socorros, entre outros.
Mas é também a oportunidade de, aproveitando os 12 anos de experiência em Espanha, onde a SGS conta já com dez escolas e mais de 200 formadores, ter em Portugal um modelo comprovado de excelência em formação de segurança, ao mesmo tempo que procuramos contribuir para o desenvolvimento da região e dar resposta às necessidades do mercado nacional.
“A escolha de Sines como local para esta escola não foi feita por acaso. A cidade tem uma localização estratégica devido ao seu elevado volume industrial (…)”.
Este projeto representa um investimento significativo na região. Que fatores pesaram na decisão de apostar mais de dois milhões de euros em Sines?
A escolha de Sines como local para esta escola não foi feita por acaso. A cidade tem uma localização estratégica devido ao seu elevado volume industrial – tem um dos maiores polos industriais do país, com diversas empresas ligadas à energia, logística e manufatura -, o que aumenta a procura por formação especializada em segurança. Além disso, a SGS tem uma presença consolidada na região há mais de 45 anos, com uma equipa experiente e uma infraestrutura sólida essencial para dar suporte ao projeto.
Quais são os principais objetivos desta escola e a quem se destina a formação oferecida?
O grande objetivo da escola é garantir a excelência da formação, assegurando que os profissionais adquirem competências sólidas através de métodos de ensino eficazes, que combinam teoria e prática para uma preparação para desafios reais. Desta forma, promove-se a segurança no setor industrial e capacitamos os trabalhadores para agirem corretamente em situações de risco.
A formação que é oferecida é especializada e ajustada às necessidades do mercado, adaptada às exigências de várias indústrias e destina-se a todas as pessoas que desenvolvam atividades na área industrial, independentemente do seu nível de experiência, incluindo trabalhadores do setor energético, logístico, químico e outras áreas que exijam conhecimento técnico em segurança.
O que distingue esta escola das restantes infraestruturas de formação existentes em Portugal nesta área?
Um dos fatores distintivos é a utilização de simuladores e equipamentos de alta tecnologia, que replicam situações reais do ambiente de trabalho, permitindo aos formandos enfrentarem desafios práticos em segurança. Nesta escola, a formação não se limita à teoria, mas os cursos são desenhados para repercutir a realidade laboral, garantindo que os participantes adquirem competências efetivas que podem aplicar no dia a dia. É ainda uma infraestrutura especializada e, apesar de ser a primeira escola deste género em Portugal, aproveita a experiência de 12 anos da SGS em Espanha, onde já existe uma rede de de escolas bem-sucedida.
“Mas ainda que o conceito tenha sido inspirado nas unidades espanholas, a escola de Sines foi ajustada às necessidades específicas da indústria nacional (…)”.
Como é que a experiência das dez escolas em Espanha influenciou o conceito e desenho desta nova unidade em Sines?
Desempenhou um papel fundamental na definição do conceito e no desenho da unidade de Sines, que beneficia das melhores práticas e inovações que já foram testadas. A experiência da SGS em Espanha permitiu-nos acumular conhecimento sobre os métodos de ensino mais eficazes e demonstrou ainda que a formação prática intensiva, com recurso a simuladores realistas, aumenta significativamente a eficácia da aprendizagem. Assim, a unidade de Sines foi desenhada para reproduzir fielmente cenários reais do ambiente laboral.
Mas ainda que o conceito tenha sido inspirado nas unidades espanholas, a escola de Sines foi ajustada às necessidades específicas da indústria nacional, garantindo que a formação oferecida proporciona uma resposta eficaz aos desafios e exigências do setor.
Pode destacar algumas das formações que vão estar disponíveis?
O catálogo é vasto, mas vamos disponibilizar formações essenciais para quem trabalha no setor industrial, desde primeiros socorros SBV, DAE e Stop the bleed, a trabalho em espaços confinados, trabalhos em altura, riscos elétricos, ATEX, segurança na operação de máquinas, entre muitas outras.
A componente prática parece ser central neste projeto. Pode dar-nos exemplos concretos de como esta abordagem se traduz na experiência dos formandos?
A componente prática é um dos pilares fundamentais da Escola e vai permitir que os formandos assimilem de forma objetiva os conceitos, competências e comportamentos essenciais para poderem atuar em ambientes industriais. De simulações de combate a incêndios, ao treino de resgate em altura, com o uso de equipamentos reais, passando ainda pelo trabalho em espaços confinados, através de simuladores que replicam locais de difícil acesso, esta abordagem prática proporciona uma experiência imersiva e realista, elevando significativamente a capacidade de os profissionais atuarem de forma eficaz e segura no dia-a-dia do seu trabalho no setor industrial.
Como é garantida a qualidade e a atualização técnica dos formadores envolvidos?
São garantidas através de um rigoroso processo de seleção e de um programa contínuo de desenvolvimento profissional. Além de um recrutamento criterioso, feito com base nas competências psicossociais, técnicas utilizadas e experiência laboral, para garantir que cada profissional tem os conhecimentos necessários para transmitir a formação de forma eficaz, todos os formadores têm de cumprir com os requisitos legais exigidos para a execução da atividade, assegurando conformidade com os padrões da indústria e oferecendo formação de alto nível.
Para manter a qualidade dos serviços prestados, a SGS promove ainda a atualização e desenvolvimento contínuo dos seus formadores, garantindo que estão sempre alinhados com as melhores práticas e evoluções técnicas do setor.
“Em termos do desenvolvimento económico local, ao formar profissionais altamente qualificados, a SGS está a contribuir para elevar a competitividade das indústrias da região (…)”.
A SGS já colabora com empresas como a Galp, Repsol, BP, entre outras. Como antecipa que esta escola possa reforçar essas parcerias e apoiar o desenvolvimento económico local?
Este projeto tem o potencial de reforçar as parcerias existentes, uma vez que as soluções formativas que estão disponíveis estão alinhadas com o que são as necessidades das empresas, procurando dar-lhes resposta. O compromisso da SGS é o da resolução de problemas reais do setor: a escola foi concebida para responder diretamente aos desafios enfrentados pelas empresas e o facto de apresentarmos soluções concretas fortalece a relação de confiança que já temos com os nossos parceiros.
Em termos do desenvolvimento económico local, ao formar profissionais altamente qualificados, a SGS está a contribuir para elevar a competitividade das indústrias da região, proporcionando mão-de-obra capacitada e contribuindo para a melhoria das condições de trabalho e produtividade.
A formação digital é um complemento importante. Que papel terá o digital learning neste projeto?
A formação digital terá um papel essencial no projeto da Escola, funcionando como um complemento estratégico à formação presencial. Desta forma, e com o suporte da SGS Academy, conseguimos superar barreiras geográficas, permitindo que profissionais de diferentes regiões possam aceder aos conteúdos sem necessidade de deslocação, o que amplia o alcance da escola. Mas facilita ainda a aprendizagem noutras línguas, uma vez que pode incluir traduções e materiais interativos que ajudam a eliminar barreiras linguísticas. Finalmente, permite que a aprendizagem seja feita ao ritmo de quem aprende.
Que ambições tem a SGS para o futuro desta escola? Está em cima da mesa a possibilidade de replicar este modelo noutras regiões do país?
Sim, temos grandes ambições para o futuro, apostando na continuidade e expansão do projeto. O sucesso dos colegas em Espanha, com uma rede sólida de escolas especializadas, serve de referência e inspiração para replicar este modelo noutras regiões do nosso país. Sabemos que existem zonas estratégicas em Portugal onde faria sentido implementar novas unidades, sobretudo nas áreas mais industriais, que necessitam de formação de segurança especializada. E acreditamos que a experiência adquirida com a escola de Sines vai permitir aperfeiçoar o conceito e adaptar futuras unidades às necessidades específicas das empresas e trabalhadores locais.
O que gostaria que esta escola representasse para a região de Sines e para a indústria nacional de segurança e formação?
Queremos ser uma referência absoluta quando se trata de excelência e rigor na formação profissional, impactando diretamente a região de Sines e a indústria nacional. Quando o tema é a segurança das pessoas, a atuação tem de ser irrepreensível e é exatamente esse compromisso que a SGS assume com este projeto.