Entrevista/ “O recrutamento tem cada vez mais peso, devendo ser certeiro e eficaz na “união” colaborador/empresa”
“Em Portugal existe muito talento, mas ainda assim faltam-nos especialistas em TI”, afirma Amílcar Augusto, CEO e fundador da Think Attitude. Dez anos depois de iniciado atividade, a empresa mantém a mesma abordagem – a especialização no recrutamento e na gestão de profissionais na área das Tecnologias de Informação -, mas reconhece que o grande desafio do momento é conseguir reter talento.
A Think Attitude é uma empresa 100% portuguesa que faz recrutamento e integração de especialistas no setor das tecnologias de informação. Em entrevista ao link To Leaders Amílcar Augusto, um dos fundadores e atual CEO, aborda o impacto que o recrutamento tem na performance de uma empresa e as dificuldades de Portugal para reter talento.
Qual o peso que o recrutamento tem atualmente na vida de uma empresa?
O principal ativo das organizações são as pessoas e a gestão das suas expetativas numa empresa e da sua carreira profissional é cada vez mais importante. Por este motivo, o recrutamento tem cada vez mais peso, devendo ser certeiro e eficaz na “união” colaborador/empresa. Neste processo, notamos que a identificação de talento com boas soft skills, como proatividade, vontade de aprender, capacidade de abraçar novos projetos, resiliência, trabalho em equipa e empatia, são sempre uma vantagem na hora da seleção.
“(…) o grande desafio atualmente não passa por encontrar esses profissionais, passa por reter esse talento”.
E como está a captação de talentos na área das TI em Portugal?
A criatividade e a comunicação são valências em grande desenvolvimento nos departamentos de Recursos Humanos, até mesmo nestas áreas das TIC. Mas o grande desafio atualmente não passa por encontrar esses profissionais, passa por reter esse talento. Gerir a carreira de um profissional de TI através de estratégias e ações de integração, acompanhamento constante e reconhecimento é essencial. O mercado é muito volátil, por isso é fundamental planear programas de desenvolvimento onde é possível os colaboradores encontrarem desafios que correspondam às suas necessidades.
Qual o papel da Think Attitude na vida das empresas?
As empresas de RH dão um contributo mais decisivo na identificação de profissionais de uma forma geral, libertando os clientes para as atividades do seu core business. No caso das Tecnologias de Informação essa atuação é especialmente importante dada a escassez desses profissionais no mercado, bem como a sua especialização cada vez maior.
De onde são os principais clientes? Nacionais, internacionais?
Os nossos principais clientes são organizações internacionais que se têm estabelecido em Portugal nos últimos anos. Também são nossos clientes companhias portuguesas com projetos multinacionais.
O que procuram as empresas quando recorrem aos vossos serviços? Que perfil de profissionais querem encontrar?
Essencialmente procuram uma atitude de compromisso para com os desafios apresentados. Coerência e transparência nos processos e com todos os envolvidos. Nós somos sempre muito envolvidos em todos os projetos e empenhamo-nos do princípio ao fim. Temos noção das necessidades dos clientes e queremos apresentar os melhores profissionais, focados, dedicados e com forte sentido de responsabilidade.
Os clientes têm projetos muito diferentes, em diversas áreas tecnológicas, e nós procuramos fazer um match perfeito com os perfis dos nossos thinkers, de forma muito personalizada, num processo que começa na entrevista, que passa pela fase da contratação das pessoas e até mesmo após a integração no projeto. O acompanhamento é ongoing até que o profissional saia da empresa para abraçar outro desafio.
“(…) os RH nem sempre sabem gerir os processos, a falta de conhecimento por parte dos recrutadores acontece muitas vezes e estes não estão devidamente preparados para entrevistar candidatos nesta área”.
Que lacunas ainda encontra nas empresas ao nível da gestão de RH?
Transparência é um fator muito importante e creio que essencial para o início de qualquer relação laboral. Por vezes a informação acerca das oportunidades não é passada corretamente e as expetativas são defraudadas. A sua função no projeto, os benefícios e contrapartidas, entre outras envolvências.
Infelizmente, os RH nem sempre sabem gerir os processos, a falta de conhecimento por parte dos recrutadores acontece muitas vezes e estes não estão devidamente preparados para entrevistar candidatos nesta área. Por essa razão é tão importante as empresas de RH darem um contributo mais decisivo na identificação de profissionais de uma forma geral, libertando os clientes para as atividades do seu core business.
(…) o facto de haver países muito mais apelativos em termos de vencimento salarial, faz com que os nossos profissionais queiram abraçar projetos fora de Portugal”.
É fácil encontrar talentos em Portugal ou estão todos no exterior?
Em Portugal existe muito talento, mas ainda assim faltam-nos especialistas em TI. O reconhecimento desse mesmo talento fez com que muitas companhias internacionais quisessem desenvolver o negócio localmente, com necessidade de mão de obra. Temos um mercado apelativo, onde a competição é enorme e os desafios uma constante, mas o facto de haver países muito mais apelativos em termos de vencimento salarial, faz com que os nossos profissionais queiram abraçar projetos fora de Portugal. Infelizmente, as TI também não escapam à regra dos salários baixos, quando comparado ao mercado internacional.
Qual o vosso principal “fornecedor” de talentos? O mundo académico ou o empresarial?
Um misto dos dois mundos, mas tem crescido o trabalho junto das universidades para a captação de talento.
“A Academia ainda produz muito talento em poucas quantidades”.
Como olha para a relação entre academia e as empresas no que toca a possíveis sinergias na produção de profissionais de excelência?
É fundamental. A relação entre os dois mundos tem vindo a estreitar-se. A Academia ainda produz muito talento em poucas quantidades. Agora o desafio que se levanta é fazer chegar mais alunos às Faculdades Técnicas. Um caminho possível seria a criação de uma maior apetência para a aprendizagem de matemática e de tecnologias de informação, do 1º aos 12º anos.
Desde a vossa fundação, em 2012, como analisa o mercado nacional de recrutamento em TI? Quais os principais desafios para os diferentes players deste mercado?
O mundo é cada vez mais tecnológico, as necessidades de mão de obra especializada são cada vez maiores. Têm aportado todos os anos a Portugal muitas companhias internacionais com a ambição de recrutar dezenas e até centenas de pessoas. Os grandes desafios para os próximos anos será ultrapassar a enorme escassez de mão de obra e, mais motivante, o crescimento da massa salarial.








