Opinião
Turismo em Portugal: é altura de dar um passo em frente
A atividade turística está pujante neste verão. Um pouco por todo o país, os visitantes enchem esplanadas, restaurantes e hotéis, comprovando que depois de uma tempestade vem sempre a bonança – leia-se, depois da crise provocada pela pandemia, vem a vontade de sair de casa como nunca antes.
Os números não mentem. Os indicadores disponíveis deixam antever que 2022 vai ser o melhor ano de sempre para a atividade turística em Portugal. E não só nos destinos mais maduros. Todo o país, com especial relevância para os territórios de interior, regista taxas de ocupação muito promissoras. E estão a chegar até nós visitantes de novos mercados internacionais, o que abre excelentes perspetivas a longo prazo.
Este renascer das cinzas é fruto de muito trabalho e constitui um prémio merecido para os empresários do setor turístico, que durante dois anos fizeram o possível e o impossível para se manterem de portas abertas. Nem todos o conseguiram, lamentavelmente. Mas os que dobraram este Cabo das Tormentas têm motivos para encarar o futuro com redobrado otimismo.
Algumas nuvens negras permanecem, no entanto, no horizonte, as quais podem ameaçar a recuperação prometida. A escassez de recursos humanos é a principal. Os anos da pandemia afastaram milhares de trabalhadores da atividade turística, que encontraram empregos noutras áreas, e a atual retoma da procura não está a conseguir o equivalente regresso da força de trabalho. Os setores da restauração e do alojamento debatem-se com uma gritante falta de recursos humanos, e não apenas de recursos humanos qualificados. Há hotéis e restaurantes que não conseguem reabrir porque não há quem assegure os serviços mínimos.
A única forma de minorar o problema, a curto prazo, é recrutando mão-de-obra em outros países, desejavelmente países de língua portuguesa. Mas este recurso é conjuntural e não pode ser uma solução de futuro. Para se alcançar uma solução estrutural para o problema, será essencial melhorar as condições de quem trabalha no turismo, não apenas nos salários – que já estão a subir – mas também na gestão dos horários. Este objetivo implica que haja um aumento de receitas das empresas, o que não se coaduna com o facto de Portugal ser vendido lá fora como um destino barato.
É forçoso que haja uma mudança de paradigma em relação ao destino Portugal. De uma vez por todas, os empresários têm de refletir nos preços o valor e a qualidade acrescentada que representa fazer turismo em Portugal. É altura de dar um passo em frente e concorrer pela qualidade do que se oferece e não pelos preços que se praticam.








