Funcionários de start-up ucraniana trabalham durante o dia em I&D e à noite protegem as cidades

Os funcionários da Promin Aerospace continuam a trabalhar durante o dia na pesquisa e desenvolvimento de um lançador de foguetes, mas à noite ajudam na defesa nacional de um país que está em guerra há um mês com a invasão da Rússia.
Um dia depois de os mísseis russos terem atingido um aeroporto perto de Dnipro, onde a Promin Aerospace está a desenvolver um lançador de pequenos satélites, os 11 engenheiros da start-up ucraniana regressaram ao trabalho. Nas suas outras instalações, em Kiev, também os seus funcionários continuam durante o dia o trabalho de pesquisa e desenvolvimento (I&D) do foguete de combustível sólido. Mas depois do expediente, todos se voluntariam para proteger as suas casas e famílias.
“A equipa de engenharia fica em Dnipro e continua o seu trabalho no desenvolvimento de um foguete. Se sentirmos algum perigo para as suas vidas, eles mudam-se rapidamente para a parte oeste da Ucrânia. Já a equipa de Kiev já se mudou para outra cidade do nosso país. Além disso, tentamos ser voluntários, pois … [isso] tornou-se parte de nossa rotina diária”, disse Volodymyr Kravchuk, chefe de comunicações da Promin Aerospace, à SpaceNews.
“Alguns estão fortalecer as defesas das cidades; outros estão a ajudar o exército ucraniano com medicamentos, munições e alimentos. A nossa equipa de engenharia decidiu continuar o seu trabalho de desenvolvimento técnico, juntamente com responsabilidades diárias adicionais para proteger as suas famílias”, acrescentou Kravchuk.
Vlady Berezina, chefe de desenvolvimento de negócios da start-up, está a recolher ajuda humanitária, incluindo agasalhos e cobertores. Enquanto isso, a advogada da Promin Aerospace, Lisa Bordun, coordena a entrega de suprimentos aos soldados e civis ucranianos. Já Kravchuk participa nas patrulhas como parte da defesa territorial da Ucrânia e para evitar ataques. E fá-lo com um machado.
Apesar da invasão da Rússia à Ucrânia, que forçou as empresas espaciais locais a adaptarem as suas atividades às realidades da guerra, a Promin prevê realizar um lançamento de teste suborbital em novembro deste ano e um lançamento suborbital comercial no início de 2023. Tem ainda programado um lançamento de teste orbita para 2024 e, em meados de 2025, pretende realizar um lançamento de foguete orbital.
Cooperação com parceiros estrangeiros
Cofundada pelos engenheiros ucranianos Misha Rudominski e Vitaliy Yemets, a Promin Aerospace coopera com os gigantes estatais da indústria espacial. No âmbito dos seus planos de expansão internacional, a start-up assinou um memorando de entendimento com o Atlantic Spaceport Consortium para realizar um lançamento a partir dos Açores e preparou um memorando com o Spaceport 1, do Reino Unido, para o lançamento a partir da Escócia.
“Os nossos motores de foguete autofágicos permitirão lançamentos orbitais suborbitais e posteriores eficientes e económicos”, afirma Kravchuk, acrescentando que o veículo de lançamento da empresa pesará 100 quilos, tornando-se num dos foguetes orbitais mais leves do mundo.
A start-up acabou de receber um ronda de investimento que será usada “para expandir ainda mais a equipa e desenvolver foguetes suborbitais. O primeiro passo é testar novamente a tecnologia por contratados independentes, como a Yuzhmash, para identificar possíveis falhas”, explicou Kravchuk.