Opinião

A conquista da educação

Teresa Damásio, administradora do Grupo Ensinus

Há uma questão pertinente que devemos colocar a nós próprios, enquanto membros duma comunidade, que queremos que seja colaborativa onde todos colaboram e têm o propósito de colaborar, que se prende com a relevância que queremos dar à educação enquanto motor propulsor do crescimento económico e do desenvolvimento sustentável.

Para que consigamos responder afirmativamente a esse desígnio é fundamental sabermos se a educação nos conquista ou se, ao invés, há por parte da sociedade a conquista da educação.

A contrario sensu se for a educação a conquistar-nos significa que não fomos capazes de perceber que não há sociedades prósperas e ricas sem educação e que não colocámos objetivos auspiciosos nem metas de aprendizagem e de aquisição de conhecimentos à altura de gerarmos níveis de bem-estar a par das nações mais abastadas no planeta Terra.

Ao invés se formos à conquista da educação o que está implícito é a ideia de que todos os membros da sociedade têm as políticas públicas no âmbito da educação no centro das respetivas prioridades.

Para haver a conquista da educação, é da maior relevância que haja uma comunidade colaborativa pois para haver êxito nestas políticas é óbvio que todos os seus membros têm que estar implicados na conquista do objetivo comum.

Muitos progressos têm sido alcançados, tanto ao nível do ensino secundário como do ensino superior. Basta pensarmos na revolução que foi a Declaração de Bolonha[1] e o consequente Processo de Bolonha[2] para o ensino superior europeu e o Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular dos ensino básico e secundário[3] para o ensino não superior.

Mas é preciso ir mais além e dar resposta aos desafios que surgiram no ensino com a pandemia, que veio introduzir novos meios de aprendizagem nas instituições de ensino e revolucionar os territórios educativos.

Estamos na segunda década do século XXI e é preciso reinventar o processo de aquisição e de transmissão do conhecimento de forma a que a transformação a que vimos assistindo não estagne fruto dos muitos problemas que surgiram com os dois anos letivos em que tivemos que responder precipitadamente a uma pandemia para a qual ninguém estava preparado. Apesar de, como referi anteriormente, termos sido capazes de ultrapassar o desafio e realizar novas conquistas houve, igualmente, muitos problemas que surgiram e que se prendem com o bem-estar e com a saúde mental dos estudantes independentemente do nível de ensino que frequentem.

Há por isso, a obrigação coletiva de continuarmos à conquista da educação de forma a que esta continue a servir os propósitos de progresso e de coesão social.

[1] https://www.infoescola.com/educacao/declaracao-de-bolonha/
[2] https://ec.europa.eu/education/policies/higher-education/bologna-process-and-european-higher-education-area_pt
[3] https://www.dge.mec.pt/autonomia-e-flexibilidade-curricular
https://afc.dge.mec.pt/

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Teresa Damásio

Teresa Damásio

Teresa Damásio é Administradora do Grupo Ensinus desde julho de 2016, que faz parte do Grupo Lusófona, o maior grupo de ensino de língua portuguesa no mundo. É também Administradora do Real Colégio de Portugal e do Grupo ISLA. Presidente do Conselho de Administração da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau e Membro do Conselho de Administração do ISUPE Ekuikui II, em Angola. Presentemente, integra a Direcção da AEEP. Foi fundadora da Internacionalização do Grupo Lusófona, passou pela Assembleia da República como... Ler Mais..

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