Start-up quer transformar Internet num livro didático para facilitar a aprendizagem

A Internet pode ser “um livro didático” através do qual se pode aprender com técnicas científicas a desenvolver a memória, segundo o criador da plataforma Mindstone. A start-up britânica sugere a revisão espaçada ou aprendizagem interligada para ajudar os utilizadores.
Transformar a Internet “num livro didático” é o objetivo da Mindstone, uma start-up britânica que aplica técnicas como revisão espaçada ou aprendizagem interligada para melhorar o uso dos materiais de leitura.
A start-up britânica, fundada há menos de um ano e que acaba de receber uma ronda de financiamento de cerca de 2,2 milhões de dólares (1,8 milhões de euros) liderada pelo fundo Moonfire Ventures, é basicamente uma ferramenta que reúne recursos de aprendizagem, como páginas da web, documentos em PDF ou trabalhos académicos e sublinha ou seleciona citações relevantes.
O utilizador pode selecionar os tópicos ou elementos que quer recordar e o sistema automaticamente disponibiliza lembretes sobre essas informações. Esta funcionalidade tira proveito de uma técnica de aprendizagem chamada repetição ou revisão espaçada, que propõe que a melhor forma de reter informações é revê-la repetidamente, mas espaçando cada vez mais esses momentos de repetição.
“Existe uma frequência ideal em que o seu cérebro pode ser exposto a ideias para otimizar a retenção. Isso é usado em marketing, mas não tem sido aplicado à educação, e o efeito é que retemos 20% a mais”, diz o fundador da start-up, Joshua Wohle, ao Sifted.
A plataforma utiliza algoritmos como o SM2, desenvolvido por Piotr Wozniak na década de 1990, que alcançou 95% a mais de retenção de informações num estudo comparativo, conforme explica a start-up no seu site.
Outro dos princípios que aplica é a aprendizagem interligada, que consiste em combinar diferentes tópicos para desafiar a capacidade do utilizador de reter e aplicar soluções comuns para esses problemas.
No futuro a start-up quer que a plataforma disponibilize perguntas mais adequadas ao processo de aprendizagem de cada pessoa, além de perguntas em vídeo e áudio.
Joshua Wohle é um dos cofundadores da SuperAwesome, empresa especializada no desenvolvimento de tecnologias para proteção de menores no que diz respeito a conteúdo de vídeo, que foi adquirida em outubro de 2020 pelo estúdio que criou o Fortnite, o Epic Games.
De seu ponto de vista, os sistemas educacionais não têm em consideração o que a ciência tem descoberto sobre o funcionamento do cérebro humano. “Eu li o How We Learn, de Benedict Carey, que mostra a discrepância entre o que sabemos sobre como o nosso cérebro funciona e o quão pouco é usado nas escolas”, explica.
Por isso, Wohle pretende que a plataforma seja capaz de fornecer a cada utilizador conteúdos e etapas para a criação dos seus próprios caminhos de aprendizagem.
“A Internet já é o nosso livro didático, mas está muito isolada. Há muito conteúdo de qualidade, mas precisamos de um sistema que nos ensine a navegar para aprender”, refere Wohle no suplemento do Financial Times sobre start-ups europeias.