Entrevista/ “O futuro da educação é online”

Com 10 meses de existência, o CBI of Miami está a iniciar a sua atividade nos Estados Unidos e América Latina, com vista a oferecer formações em inglês e espanhol, revelou Gustavo Teixeira. A instituição de ensino online, especializada em problemas comportamentais na infância e adolescência, está avaliada em um milhão e trezentos mil dólares.
Gustavo Teixeira estudou nos Estados Unidos, formando-se na South High School, em Denver, onde aprendeu sobre programas escolares de inclusão de crianças com necessidades especiais. Tornou-se médico aos 25 anos de idade e continuou os seus estudos no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O brasileiro tem ainda uma pós-graduação em Dependência Química pela Universidade Federal de São Paulo, Saúde Mental Infantil pela SCMRJ e possui um curso em Psicofarmacologia da Infância e Adolescência pela Harvard Medical School.
É mestre em Educação pela Framingham State University, nos Estados Unidos, e orador internacional em inclusão e educação especial, tendo apresentado dezenas de workshops em países como Estados Unidos, Austrália, Coreia do Sul, Áustria, Inglaterra e Suécia. No Brasil, também realiza palestras em universidades e escolas, para orientar professores e psicólogos sobre as principais condições comportamentais que afetam crianças e adolescentes no ambiente escolar. É membro da American Academy of Child and Adolescent Psychiatry e autor de vários livros, tendo vendido mais de 100 mil exemplares, incluindo os best sellers “Manual dos transtornos escolares” e “O reizinho da casa”.
Atualmente, é diretor executivo do Child Behavior Institute of Miami (CBI of Miami), que foi criado na Florida, com o objetivo de oferecer consultoria e conhecimento psicoeducacional a familiares, educadores e profissionais da saúde mental infantil. A instituição de ensino online chegou ao Brasil em parceria com a Gustavo Teixeira Educacional, empresa criada por Gustavo Teixeira, que é hoje um dos médicos brasileiros mais influentes na área da saúde mental infantil e psicoeducação.
O que o levou a ser médico?
Ajudar o próximo, salvar vidas! Sou filho de um médico e fui criado numa cidade do interior do Estado de São Paulo, no Brasil. Sempre admirei o trabalho do meu pai e estava sempre rodeado de médicos, amigos da família ou quando visitava os hospitais nos quais ele trabalhava. Morei em Denver, Estado do Colorado, EUA, quando tinha 17 anos de idade. Na altura, era estudante de Erasmus e foi uma experiência fantástica para a minha formação. Regressei ao Brasil um ano depois e dediquei-me aos estudos para ingressar na Faculdade de Medicina.
O que é o CBI of Miami e a quem se destina?
O Child Behavior Institute of Miami ou CBI of Miami é uma instituição de ensino online, especializada em problemas comportamentais na infância e adolescência e direcionada para educadores, profissionais da saúde mental infantil e familiares. Esta instituição oferece formação online sobre neurociência da educação, educação especial, psicopedagogia e também sobre os principais transtornos comportamentais da infância que afetam o desenvolvimento escolar como: autismo, transtorno desafiador opositivo, entre outros. A empresa foi criada através de uma parceria que se complementa: um médico que abraça a causa psicoeducacional e um grande executivo da área educacional com experiência em formação e metodologia de ensino online.
Porque trouxe o projeto para o Brasil?
Tive três motivos muito sólidos para acreditar nesse projeto: o futuro da educação é online; não existia uma empresa dedicada a esse trabalho no país; e a existência de cada vez mais problemas comportamentais nas escolas.
Quais os objetivos da empresa?
Os principais objetivos da empresa são disponibilizar as melhores formações online, contando com os melhores profissionais do mercado, e levar informação psicoeducacional de qualidade aos pais, educadores e profissionais da saúde mental infantil, em todos os lugares do país e do mundo.
Como é desenvolvido o projeto e quais as diferenças entre Miami e o Brasil?
As operações do CBI of Miami tiveram início no Brasil, pois residíamos no Rio de Janeiro. A minha rede de networking, professores e público de seguidores estava toda no Brasil. Verificámos que o mercado brasileiro teria uma aceitação melhor às formações. A nossa estratégia operacional deu certo. A escolha da data foi também muito importante. A primeira formação foi o Manual do Autismo, inspirado no meu livro que tem o mesmo nome. Decidimos lançá-la no dia 1 de abril de 2016, véspera do Dia Internacional da Consciencialização do Autismo. Na primeira semana de lançamento, matriculámos mais de 200 alunos. Agora, com a empresa bem estabelecida no mercado brasileiro, passei a viver nos EUA e estamos a disponibilizar formações também em inglês e espanhol, e no futuro queremos chegar ao mercado americano e da América Latina.
Quais as principais condições comportamentais que afetam crianças e adolescentes no ambiente escolar? Conhece a realidade portuguesa?
Segundo estudos internacionais, estatisticamente, cerca de 10 a 20% dos estudantes apresentam alguma patologia do comportamento. As principais condições são: transtorno do espetro autista, TDAH (transtorno de deficit de atenção/hiperatividade), transtorno desafiador opositivo, uso de drogas, transtornos ansiosos e transtornos do humor. A realidade portuguesa é semelhante à encontrada no Brasil, assim como em qualquer país da Europa, ou Estados Unidos, Canadá, Austrália, Coreia do Sul, Singapura ou Japão.
Na sua opinião o que deve ser feito para reduzir os problemas comportamentais que afetam as crianças do século XXI? E quais as soluções oferecidas pelo CBI of Miami neste sentido?
Informação psicoeducacional é o primeiro passo. As condições comportamentais são de origem biológica e ambiental, portanto tentar melhorar as condições de vida da população e disponibilizar apoio médico precoce e informação e orientação aos pais e educadores é fundamental para a melhoria dos sintomas e melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade.
Como surgiu o empreendedorismo na sua vida?
Acredito que tudo começou após formar-me na Faculdade de Medicina. Queria apostar na carreira médica, estava desempregado e tinha muito tempo para pensar e refletir sobre o futuro. Sabia que, para me destacar na profissão médica, devia fazer algo novo, diferente de tudo. Daí surgiu a ideia dos livros psicoeducacionais. Estava habituado a participar em congressos médicos no exterior, pelo que observava o crescimento desse tipo de literatura para pais e professores sobre problemas comportamentais infantis. Essa literatura não existia no Brasil e as famílias ficavam perdidas, sem material de apoio para os tratamentos dos seus filhos e os professores não sabiam como agir em sala de aula.
O primeiro livro foi o cartão de visita para o mercado editorial e médico. Ganhei notoriedade e espaço na televisão e impressa. Hoje, atingimos a marca de mais de 100 mil exemplares vendidos no Brasil. A internet foi um grande divisor de águas para novos escritores como eu. O Facebook foi a minha grande vitrina, ajudando-me na divulgação de produtos.
Qual a sua principal meta como empreendedor social?
Levar conhecimento, proporcionando prevenção e intervenção precoce na saúde mental de crianças e adolescentes. Ajudar o maior número possível de pessoas, oferecendo informação de alta qualidade e com preço acessível a educadores e familiares de regiões desenvolvidas ou carentes de infraestrutura médica e educacional.
Quais os apoios com que conta para promover o CBI of Miami?
Procuramos apoio de associações de pais interessadas na saúde mental infantil e associações de professores.
Projetos para o futuro do CBI of Miami no Brasil e no mundo?
Estamos a expandir o nosso trabalho e o próximo passo já está a ser dado. Com apenas 10 meses de existência, o CBI of Miami está a iniciar as suas operações nos Estados Unidos e América latina, com vista a oferecer formações em inglês e espanhol. A empresa está avaliada em um milhão e trezentos mil dólares [mais de um milhão e duzentos mil euros] apenas com as operações em língua portuguesa. Portanto, o CBI vai crescer muito nos próximos anos com as operações internacionais.
O que ainda lhe falta realizar?
Expandir as formações do CBI of Miami para todo o mundo e torná-la na maior empresa de ensino online especializada em problemas comportamentais do mundo. Quero também muito lançar os meus livros em inglês, aqui no mercado americano e, depois, para outros países da América Latina e Europa.
Que mensagem, como empreendedor social, gostaria de passar a quem está a criar um negócio ou projeto neste momento?
Acredite nos seus sonhos! Você é do tamanho do seu sonho. Se sonhar pequeno, será pequeno, mas, se sonhar grande e lutar pelo que acredita, você atingirá seus objetivos. Impossível é tudo aquilo que não quer alcançar! Não tenha medo de errar e não dê ouvidos aos pessimistas ou àqueles que o tentam desencorajar dos seus projetos. Durante toda a minha carreira, escutei palavras como: impossível, nunca vai conseguir, desista!
Para se ter sucesso, precisamos de pensar de forma inovadora, pioneira e diferente de todos. Aquilo que os americanos chamam de “pensar fora da caixa”. Vejam o meu exemplo: médico que tirou um mestrado em educação nos EUA. Hoje, reflito e vejo que foi algo completamente “fora da caixinha”, que eu fui buscar para a minha carreira e que fez toda a diferença!
Respostas rápidas:
O maior risco: Não existe risco quando você está preparado.
O maior erro: Acreditar nos pessimistas.
A melhor ideia: CBI Of Miami.
A maior lição: Acredite nos seus sonhos.
A maior conquista: A minha família, a minha esposa e os meus dois filhos (Pedro Henrique e João Paulo).