Entrevista/ “O arrendamento por quarto é o mais lucrativo”

A duração média dos contratos de arrendamento e o aumento do número de estudantes internacionais e domésticos que recorrem aos serviços da Uniplaces têm contribuído para o sucesso da start-up, revela André Rodrigues Pereira ao Link To Leaders.

No início de 2012, três recém-licenciados decidiram juntar-se em Lisboa, para criar uma empresa digital de alojamento universitário. Desde então, já muito aconteceu e hoje a Uniplaces chega a mais de 20 países e emprega mais de 130 pessoas.

Três anos depois da sua criação, a start-up fundada por Miguel Santo Amaro, Ben Grech e Mariano Kostelec deixou o meio tecnológico português de boca aberta, ao angariar, de uma só vez, 22 milhões de euros, numa ronda de financiamento série A. E continua a reunir capital mediático na imprensa internacional. No início deste ano, a Uniplaces esteve em destaque na BBC.

Sediada na estação do Rossio, em Lisboa, a Uniplaces explorou, desde cedo, novos mercados. Fez mais de uma centena de contratações. Cresceu 400% em 2016 e os seus fundadores querem o mesmo para 2017. Só no último ano, a Uniplaces gerou semanalmente mais de 1 milhão de euros em arrendamento.

O Link To Leaders falou com André Rodrigues Pereira, country manager da Uniplaces em Portugal, sobre o que tem contribuído para que o alojamento de média duração destinado a estudantes se destaque no mercado imobiliário.

Qual o tipo de alojamento mais procurado em Portugal?
O arrendamento do quarto, devido ao seu baixo custo. Com especial ênfase nos quartos numa média de 250 euros – 300 euros.

E qual o mais lucrativo para os proprietários?
O arrendamento por quarto é mais lucrativo do que o arrendamento do apartamento inteiro. O total das rendas de cada quarto deverá ser superior ao valor de arrendamento de mercado do mesmo apartamento.

Como conseguem garantir a segurança, tanto para os proprietários como para os estudantes?
Com a garantia Uniplaces, o proprietário fica com as rendas contratualizadas, garantidas através da plataforma. Ou seja, se, por algum motivo, um estudante sair da propriedade antes do término do seu contrato de arrendamento, a Uniplaces garantirá as restantes rendas aos proprietários. Por outro lado, a Uniplaces verifica e fotografa as propriedades que constam na sua plataforma, garantindo, desta forma, a veracidade dos anúncios. Por último, a Uniplaces apenas transfere para o senhorio o montante pago pelo estudante, após este ter visitado a propriedade e não ter apresentado nenhuma reclamação.

A Uniplaces gera semanalmente mais de 1 milhão de euros em arrendamento. O que permite alcançar estes valores?
A crescente procura por este tipo de solução de rentabilização dos imóveis, a duração média dos contratos de arrendamento (1 semestre) e o aumento do número de estudantes internacionais e domésticos que recorrem aos serviços da Uniplaces.

Quais as lições aprendidas com a dores de crescimento da Uniplaces?
O crescimento é, em primeiro lugar, ter processos escaláveis e recursos e, em segundo lugar, sobre fazer aquisições (inteligentes).

O vencedor é o que conquista o mercado, não o primeiro a lá chegar.

Recorra a métodos já comprovados. Não é preciso reinventar a roda cada vez que começa a operar num novo mercado.

Não caia na armadilha do “paralisado pela análise”. À medida que as empresas vão reunindo mais informação, é fácil cair na tentação de estar demasiado focado nos dados, em vez de nos KPI certos. A análise dos relatórios é tão importante como a recolha dos mesmos.

Quais os mercados mais complexos na área do alojamento para estudantes?
Os mercados pouco estruturados, onde não existe uma profissionalização e “digitalização” do setor. É nestes mercados que a assimetria de informação entre proprietário e inquilino se torna particularmente evidente, e é nestes mercados que a proposta de valor da Uniplaces faz mais sentido, para inquilinos e proprietários.

Já levantaram mais de 30 milhões de euros. O que é fundamental para conseguir rondas de investimento bem-sucedidas?
A capacidade de recrutar pessoas muito talentosas e a capacidade de demonstrar um crescimento constante e sustentado.

Dias de férias ilimitados e fim-de-semana da empresa são alguns dos incentivos que a Uniplaces dá às suas pessoas e que ainda assustam muitos empresários em Portugal. Como gerem estes incentivos e que feedback dá sobre a sua implementação?
A gestão começa no momento da contratação. Apenas procuramos contratar pessoas ambiciosas e focadas em resultados, e é por esses resultados que as pessoas são avaliadas e não pelo tempo que passam no escritório.

O que perspetiva como tendências, num futuro próximo, para este mercado avaliado em mais de 249 milhões de euros em Portugal?
A proliferação de ofertas privadas de alojamento universitário cada vez mais elaboradas e com uma crescente integração de serviços complementares aos do alojamento.

Respostas rápidas:
O maior risco: Ficarmos confortáveis com o nosso sucesso.
O maior erro: Demasiado grandes demasiado depressa.
A melhor ideia: Scholarship Uniplaces, onde conseguirmos gerar milhares de boas ações pelo mundo fora e dar a conhecer a Uniplaces no processo.
A maior lição: Sucesso não é um sprint, é uma maratona.
A maior conquista: A nossa equipa.