Entrevista/ “Parar é morrer” – A call for action
Os tempos que temos vindo a atravessar, de pandemia, convidam à reflexão existencial até dos mais distraídos. Mais ou menos conscientemente, sentir uma ameaça desconhecida a nível global, afeta o indivíduo e afeta a consciência coletiva da Humanidade.
Uns ficam inseguros, outros desconfiados, outros sentem-se especialmente atingidos, outros conspirativos, alguns olham com indiferença e, também, há quem negue a evidência, a par dos que a analisam positivamente. Talvez exista um pouco de tudo em cada um de nós, em medidas diferentes.
Globalmente, o resultado é um misto de pensamentos e de sentimentos, e seguramente, uma saída da rotina.Toca-nos a todos.
Muda algo em cada um e, tal como um “zoom out”, o efeito é de inexorável mudança global, mesmo para quem não a veja ou não queira ver, pois todos somos um, estamos interligados e interdependentes e, isso, também está “escancarado” nesta vivência da pandemia COVID19.
Por sua vez, o impacto que nós humanos temos no planeta que nos dá a Vida, é imenso e atravessa tudo o que nos rodeia, por isso, a COVID19 terá igualmente efeitos em toda a Vida do planeta e na sua própria estrutura.
Não deixa de ser “mais do mesmo” que fazemos todos os dias, mudar e fazer mudar, a diferença está, por um lado, pela existência de um denominador comum, a COVID19, no tempo e no espaço e, por outro, na apreensão disso mesmo, mais evidente e mais sentida, pelo que nos obriga a fazer diferente, pelo que todos falam e comentam e, claro, pela forma como a adaptação é mais urgente e mais rápida, pela sobrevivência. Neste caso, a indiferença perante um facto, é mais difícil, quase impossível.
Como consequência, além de crise sanitária e de alteração de paradigmas e equilíbrios na economia mundial, o ritmo de mudança social e cultural, sempre mais lento, nesta fase, está acelerado como dificilmente alguma vez assistimos.
A imprescindível alteração de costumes, de forma de viver e de conviver em regime de “distância física”, ter de escolher de quem se pode estar perto e estar longe, ter de ser entendido como prova de amor, o inerente crescimento das ligações digitais, no trabalho e na vida pessoal, restrições e novas maneiras de viajar, de vestir, de partilhar dor e de refletir. Viver a novas e diversas velocidades e a várias distâncias e formas de interagir.
Em termos económicos, a recessão é global e para a combater os mais fortes já estão a apresentar meios extraordinários de dinamização. O papel do Estado providência é bem-vindo, o Estado meramente regulador, é indesejado. Não se discute, é perene agir.
Capitalismo? Economia de mercado? Livre circulação de pessoas e de bens? O poder vai mudar e rapidamente, como uma consequência óbvia e até querida. Os grandes blocos mundiais estão a reconstruir-se e a reorganizar-se.
É muito a mexer, no Planeta inteiro, ao mesmo tempo por uma só razão e haverá certamente alterações. A onda maior ainda não chegou, mas já se estar a formar, puxando para novas soluções, novos equilíbrios.
Neste caminho, a urgência é conseguir pensar globalmente, respirar planetariamente. E não é só pelo que a pandemia nos trouxe, mas fundamentalmente por tudo o que já fazíamos e como fazíamos. A adaptação é a chave da evolução e a oportunidade é única, estando em alerta global.
A aliança tem de ser feita entre todos, aproveitando a onda de mudança para construir melhor, para passar do individualismo ao altruísmo. Sustentabilidade mais do que moda é força e filosofia a seguir.
Iniciando-se a 1 de julho de 2020 o trio de ano e meio de presidências da União Europeia em que Portugal se encontra (Alemanha, Portugal, Eslovénia) desejo que consigamos saber fazer a diferença para reforçar a força criativa e construtiva que o bloco Europa tem sabido trazer ao Planeta.
É uma oportunidade que nos aguarda e há que saber aproveitá-la a favor de todos! Não é por acaso que a Democracia nasceu na Europa e podemos fazer melhor!
Parar, é morrer. Morre também quem não para pois ignora a mudança e a imprescindibilidade de adaptar as variáveis.
Retomar melhor, continuar sem parar implica analisar com objetividade e lucidez o que se passa, ajustar as velas aos elementos e seguir para o rumo definido. Manter serenidade e força, estarmos preparados.
Vamos lá mudar para melhor!








