Opinião

Tempo dos executivos executarem

Pedro Celeste, diretor-geral da PC&A

Tudo mudou! No modo de vida, na dinâmica empresarial, na organização do trabalho e na interacção com os demais.

No que concerne à vida das empresas a dificuldade de adaptação a este novo contexto, leva-nos pensar de que vale ter uma agenda sobrecarregada que agora se demonstra inútil e repleta de incertezas. Ou que mais valia significativa resulta da presença física em reuniões e eventos onde o tempo útil é diminuto, considerando as viagens, os tempos mortos e o cansaço. E que dizer dos números projetados naquele Excel que aceita tudo e que são hoje um retrato triste do que não vai acontecer?

A revelação de novos modelos na dinâmica das empresas, remete-nos para a necessidade de simplificação dos processos de trabalho: com menos custo, maior flexibilidade, mais atenção ao mercado e, em particular, aos clientes. Sim, não diminuiu o seu grau de exigência e estes reclamam respostas efetivas e eficazes das empresas, privilegiando quem está presente, atuante e em sintonia com as suas necessidades.

A este propósito, Jack Trout escreveu um livro muito inteligente em 1999 intitulado The Power of Simplicity, que poderia ser muito útil passados mais de 20 anos. Ali, defendia que a importância da introdução de processos básicos e simplificadores, cuja finalidade é manter o foco na essência de cada negócio e, sobretudo, nos clientes.

Esta é uma excelente altura para recordar a base da teoria da gestão das organizações, seja na sua vertente social ou económica.

No domínio das necessidades dos consumidores, vem à tona de água a antiga pirâmide de Maslow, lembrando-nos a importância de ver preenchidas as necessidades básicas e de segurança, às vezes tão esquecidas e substituídas na escala de valores por necessidades de auto-realização.

Por outro lado, nunca a lei de Pareto fez tanto sentido neste momento: concentrar 80% do foco naquilo que é claramente relevante e crucial para a sobrevivência de muitas empresas a curto prazo. Onde? Nos clientes! Mantendo viva a relação, a comunicação, oferecendo flexibilidade e propondo soluções. É a isto que se chama diferenciação e fazem bem muitas marcas em comunicar no momento terrível causado pela pandemia (ex. Continente, Lidl, Swatch ou Remax), lembrando que as mesmas estão ativas, presentes nos bons e nos maus momentos.

Pode ser que seja desta que as empresas e as escolas de gestão valorizem mais os departamentos e currículos nas áreas do marketing e da criação de valor.

Presto a minha homenagem a todos aqueles que dia a dia, por mais difícil que seja, se esforçam por trabalhar arduamente para inovar, diferenciar-se e lutar por empresas melhores, colaboradores mais capazes e clientes mais satisfeitos. Do cafézinho da esquina à multinacional.

Estar sentado à secretária, à espera que a tempestade passe, ignorando os clientes, é o maior contributo para o suicídio empresarial. Os executivos bem-sucedidos de hoje, executam!

Dar o exemplo não é a melhor forma de influenciar os outros. É a única! Albert Einstein

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Pedro Celeste

Pedro Celeste

Doutorado em Gestão pela Universidade Complutense de Madrid. Diplomado pelo INSEAD, London Business School, Wharton School, University of Virginia, MIT Management Sloan Management School, Harvard Business School, Imperial College of London, Kellogg School of Management de Chicago e IESE Business School. Na Católica Lisbon School of Business & Economics é Diretor Académico dos Executive Master in Management e coordenador do Programa Avançado de Marketing para Executivos, do Programa de Gestão Comercial e Vendas, do Programa de Gestão em Marketing Digital... Ler Mais..

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