Quem são os grandes investidores americanos no setor da canábis?

Os fundos de venture capital pelo mundo fora estão a apostar cada vez mais no segmento da canábis. Os Estados Unidos não são exceção a esta tendência.

Os venture capital (VC) norte-americanos, à semelhança do mercado europeu, estão a investir em força na indústria da canábis. Os principais players já ultrapassam a dezena e o Business Insider listou alguns dos nomes que estão a dar carta no setor, bem como as suas próximas apostas de investimento.

Lerer Hippeau
O fundo de capital de risco de Nova Iorque fechou dois negócios relacionados com canábis em 2019, ambos no âmbito do CBD (canabidiol, uma das substâncias químicas da planta). Os investimentos do fundo incluíram uma ronda de 3,3 milhões de dólares na Prima, uma start-up no segmento de beleza com base no CBD (criada pelo cofundador da Honest Co., Christopher Gavigan), e na Sweet Reason, empresa de bebidas também com base no CBD.

A diretora do fundo explicou ao Business Insider que usa o mesmo critério de investimento nas empresas relacionadas com canábis que emprega em qualquer outro setor. A principal qualidade que procura são “equipas excelentes a construir negócios disruptivos em grandes mercados”. No entanto, refere que os desafios únicos e os obstáculos regulatórios da indústria da canábis “aumentam um pouco a fasquia em termos de investimento”.

A executiva diz que 2020 será o ano em que o mercado começa a amadurecer e a ser legitimado, à medida que a regulamentação estabilizar. Andrea Hippeau mostrou-se disponíel para investir em equipas que estão a “construir tecnologia para apoiar o ecossistema”.

Panther Opportunity Fund
Localizado nos Estados de Illinois e da Geórgia, este fundo realizou, desde que foi fundado em 2016, um total de 30 investimentos e introduziu 10 milhões de dólares no setor de canábis.

Os quatro investimentos efetuados em 2019 incluem a PayQwick, uma companhia de pagamento eletrónico; a VividGro, tecnologia de agricultura indoors; a Mood33, especializada em bebidas de infusão de cânhamo; e a Apex Trading, grossista de canábis.

O diretor Jordan Tritt, avança que, este ano, pretende adicionar investimentos estratégicos que complementem o seu portefólio.

Big Rock Partners
Fundada em 2013, na Califórnia, fez 20 investimentos em canábis desde 2016. No ano passado, a Big Rock Partners investiu em seis empresas de canábis, incluindo de bebidas como a Proposition Cocktail Co., ou empresas verticalmente integradas como a Henry’s Original. A diretora de operações, Joyce Cenali, afirma que a estratégia é focar-se nas “melhores marcas da Califórnia” e na tecnologia que as apoia e impulsiona.

A responsável antecipa que em 2020, vão redirecionar o investimento em capital privado num estágio posterior, em vez de apostar apenas em investimentos de risco. “Acreditamos que a Califórnia oferece os melhores talento e know-how do planeta em canábis, e a consolidação que com certeza vai ocorrer poderá causar fusões regionais, por oposição aos operadores em vários Estados”, concluiu.

Navy Capital
Sean Stiefel, fundador do fundo de investimento Navy Capital, declara que a empresa investiu nas privadas Connected, Island, Pax e Mineral em 2019. E, no setor público, aumentou o investimento em empresas a operar em vários Estados, ou multi-estaduais, como a Green Thumb Industries, a Trulieve e a Curaleaf.

O fundo está animado com o aumento do interesse institucional em operadores públicos de vários Estados nos EUA. Acredita que as marcas em que investiu, como a Raw Garden e a Connected, “vão distinguir-se das restantes e começar a consolidar-se como incumbentes de escala na sua categoria”.

Casa Verde Capital
Criada em 2015 e liderada por Karan Wadhera, no ano passado a empresa fez oito investimentos, metade dos quais novas apostas, e concentra-se em exclusivo no setor da canábis. Karan Wadhera refere que este ano está mais focado em investir nos produtos de marca de consumo. O executivo considera que as marcas de canábis são um bom investimento porque não dependem muito de infraestruturas e podem ser rapidamente escaladas para novos locais. “A longo prazo, os produtos de marca poderão obter preços mais altos e ajudar a impedir a eventual pressão nas margens”.

AFI Capital Partners
Os investimentos em 2019 incluiram a Abaca, do setor da banca focada em canábis e sedeada no Arkansas; e a Leif Goods, com sede no Oregon. Dos 11 novos investimentos, a AFI Capital Partners tem assento no conselho ou status de observador em oito empresas.  Através do seu Fundo I, a AFI concentrou-se, sobretudo, em negócios complementares porque, “em última análise, são mais eficientes em termos de capital e escaláveis ​​que os investimentos em espaços físicos”, explicou o seu responsável Nico Richardson. Este ano, a AFI espera investir, com o seu segundo fundo, em empresas que lidam diretamente com a planta de canábis, desde que tenham “um caminho claro e eficiente para escalar o lucro”.

Altitude Investment Management
Em 2019 a empresa fez 11 investimentos em nove empresas, incluindo a PathogenDx, uma empresa de biotecnologia do Arizona, e a Sunderstorm, que vende produtos comestíveis e vapes (cigarros eletrónicos). Das nove empresas investidas, cinco são novas adições: a KannaSwiss, a CannaCare, a Nobl, a EMMAC e a Sunderstorm.

A Altitude Investment Management aposta em empresas no estágio inicial. Jon Trauben, um dos partners, frisou  que “uma série de questões operacionais e de liquidez” estão a prejudicar as companhias de canábis.

Salveo Capital
Desde o seu lançamento em 2016 já fez um total de 35 investimentos. Em 2019 as novas empresas incluíram a SC Labs, a Herbl, a KelSie Biotech e a Leaf Logix que lidam com áreas como testes de laboratório, software de gestão de negócio e distribuição. Também fez investimentos de follow-on em empresas como a Treez, uma plataforma de software de gestão para negócios de canábis, ou a Wurk, empresa de software para pagamento de salários e recursos humanos.

Michael Gruber, managing partner na Salveo Capital, diz que a empresa está interessada em investir em várias áreas em 2020, como testes de laboratório e outras soluções de conformidade, marcas, oportunidades internacionais, distribuição e comércio eletrónico, e empresas em dificuldades.

Phyto Partners
A empesa da Florida lançou o primeiro fundo em junho de 2015, investindo em negócios como a LeafLink, a Flowhub, a Front Range Biosciences ou a Baker Technologies. O segundo fundo de investimento, Phyto II, avançou em maio de 2018 e fez um total de 25 investimentos, 14 dos quais já em 2019.

Os novos investimentos incluem a Vangst, uma agência de pessoal para o setor da canábis, e a Mattio Communications, uma empresa de comunicação estratégica que trabalha com muitos clientes relacionados com a canábis. Também estão na lista a VCC Brands, uma marca de produtos comestíveis da Califórnia, e a Mood33. Larry Schnurmacher, diretor da Phyto, afirma que, em 2020, está focado em oportunidades internacionais no CBD e cânhamo, canabinóides sintéticos produzidos por biossíntese, e oportunidades em tecnologia de publicidade e marketing, entre outras.

Poseidon Asset Management
Cofundada pela equipa de irmãos Morgan e Emily Paxhia em 2013, esta empresa com sede na Califórnia fez 18 negócios em 2019. No ano passado Morgan Paxhia declarou ao Business Insider que estava “muito otimista” ao investir em empresas complementares no setor de canábis. Investimentos anteriores dignos de nota incluem empresas como a Baker, que ajuda os dispensários a otimizar o crescimento, e a Headset, uma empresa de análise.

Em 2019 a Poseidon fez um total de 18 negócios através de dois fundos, com quatro novos investimentos: na Sublime, no Grupo Landsteiner, na Groundworks e na Sparc.

Este ano será um desafio para as  empresas de canábis, segundo Morgan Paxhia. À medida que a concorrência aumenta, esta executiva acredita que as marcas terão de se concentrar em fornecer um produto de qualidade consistente e “que algumas marcas muito boas podem emergir deste ambiente. É como um período final de recalibração para a indústria”.

Entourage Effect Capital
Sedeada no Texas, fez 18 investimentos relacionados com a canábis em 2019. O portefólio do fundo inclui a empresa de dados BDS Analytics e a start-up de consumo Sublime, cujos produtos incluem cigarros já enrolados e artigos comestíveis.

Matt Hawkins, diretor da Entourage, diz que em 2020 estará focado em setores da indústria que considera “subcapitalizados. Nós vimos que existem várias oportunidades em grande escala com as quais já lidámos, e espero que tal continue”. Até à data, a empresa (cuja primeira denominação era Cresco Capital) investiu em 38 empresas em diferentes segmentos, incluindo tecnologia de canábis, cultivo e infraestruturas.

Arcadian Fund
Fundado em 2017 e com sede em Beverly Hills, em 2019 o Arcadian Fund investiu em 18 novas empresas e fez três investimentos de follow-on. As novas empresas incluem companhias de pesquisa e tecnologia como a CB2 Insights, e de plataforma como a Sava, que faz a ligação entre marcas de canábis e consumidores na Califórnia.

O CEO e fundador, Matthew Nordgren, afirma que a empresa fornece aos seus investidores uma “exposição diversificada ao setor auxiliar, com ênfase no avanço tecnológico”, e concentra-se principalmente em empresas num estágio intermédio/a avançado, com um histórico comprovado e que desejam sustentar e aumentar o crescimento.

Matthew Nordgren está entusiasmado ao ver empresas a “destacarem-se como líderes, comprovando o seu profissionalismo, quota de mercado e crescimento auditado das receitas financeiras”. Isto, acrescenta, leva uma “maior probabilidade de apoio institucional”, que acredita ser essencial para o amadurecimento da indústria da canábis.

CanopyBoulder
Este fundo de risco, criado há seis anos, ajudou a lançar 100 empresas e já fez mais de 120 investimentos. Com sede em Boulder, no Colorado, o também acelerador de start-ups investiu em 26 empresas em 2019, incluindo plataformas de comércio eletrónico como a Sticky Leaf, ou empresas de CBD como a 6 Degrees Wellness.

O cofundador e CEO, Patrick Rea, afirma que em 2020 pretende investir mais nas empresas que tem em carteira e numa variedade de negócios que incluem empresas complementares e de serviços, equipas de produtos de marca CBD, e empresas que estão a “desenvolver propriedade intelectual única e valiosa”.

Merida Capital Partners
Lançada em 2016, a empresa fez um total de 37 investimentos no setor da canábis em 2019, 12 dos quais são novidades no seu portefólio. Entre as aquisições recentes estão a Cresco Labs ou a publicação Canábis Now. A Merida investe, sobretudo, em negócios em estágio avançado e concentra-se em quatro setores verticais: cultivo para fins medicinais, infraestruturas de cultivo, serviços de dados e tecnologia, desenvolvimento farmacêutico e ciências da vida.

Mitch Baruchowitz, diretor, acredita que este ano as áreas mais interessantes para investir são a análise preditiva de dados médicos e de consumidores, pesquisa e desenvolvimento de medicamentos à base de canábis, equipamento de precisão de apoio à pesquisa e desenvolvimento, e oportunidades operacionais em locais onde os operadores multi-estaduais recuaram.

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