A sua start-up faliu ou foi vendida: O que fazer a seguir?

Criar um projeto e fazer com que este vingue no mercado nem sempre é uma tarefa bem sucedida. Quando o insucesso bate à porta ou, pelo contrário, start-up é vendida, o fundador tem de começar de novo e voltar ao mercado de trabalho.
É do senso comum que muitas start-ups não vingam e, inclusivamente, os especialistas estimam que cerca de 90% falhe pelas mais variadas razões. Já muito se disse sobre o assunto, mas ainda há pouca informação sobre o que acontece aos empreendedores depois de verem as suas empresas colapsarem.
Por outro lado, o afastamento de uma start-up bem sucedida também pode ser um enorme desafio já que os empreendedores podem, de repente, não saber o que fazer a seguir, uma vez que o negócio que fundaram deixou de ser sua responsabilidade, mas ao mesmo tempo não se sentem preparados para embarcar numa nova aventura ou regressar ao mercado de trabalho.
Num artigo publicado no Entrepreneur, Lilia Stoyanov, CEO da Transformify, aborda vários caminhos que um empreendedor pode seguir quando se afasta da sua start-up tendo por base a sua própria experiência. Quando criou a Transformify já tinha mais de uma década de experiência como senior executive na Skrill/ Paysafe e na Coca-Cola. As pessoas à sua volta nem queriam acreditar na sua decisão já que, aparentemente, já tinha tudo. Então porquê arriscar a criação do seu próprio negócio?
Os amigos perguntavam-lhe frequentemente o que aconteceria se a Transformify falisse. Para tornar a sua decisão ainda mais difícil, os pontos de vista variavam entre os que acreditavam que seria fácil conseguir novamente um emprego e os mais céticos que defendiam que os empreendedores são-no para a vida e não têm mais nenhuma opção.
Ao longo dos anos, Lilia Stoyanov falou com muitos recrutadores, uma vez que a Transformify é uma empresa de software para recursos humanos, e percebeu que estes muitas as vezes se mostravam reticentes em contratar empreendedores ou alguém com uma mentalidade empreendedora. Os empreendedores são, frequentemente, olhados como sonhadores que nunca estão satisfeitos com o que têm, sempre prontos para embarcar numa nova aventura. Assim sendo, quais as opções que um empreendedor pode ter caso tenha de começar de novo?
Para a minoria bem sucedida que consegue vender o seu negócio, existem várias opções:
Aceitar uma oferta de trabalho e juntar-se à equipa da empresa compradora
Alguns fundadores querem continuar na direção da empresa e dar apoio à nova liderança, já que não querem, simplesmente, abandonar a aventura que fez parte das suas vidas durante anos.
Sejam quais forem as razões, para quem quer continuar a fazer parte do projeto depois do acordo de venda assinado, é importante assegurar-se que essa vontade foi referida ao comprador e que está mencionada no acordo. Paralelamente, é aconselhável elaborar um documento escrito que descreva a nova função, o salário, as opções de ações, bónus, etc. Com sorte, o empreendedor acabará por gostar do seu novo emprego e continuará a contribuir para o crescimento da empresa.
Contudo, a experiência pode não ser positiva. É frequente as fusões gerarem conflitos internos e situações de lutas de poder. Se nada foi discutido ou incluído no acordo, enquanto fundador, o empreendedor pode não estar protegido, acabando por ser dispensado e perder todas as opções de ações e outros benefícios. Ou então, o papel pode alterar-se, assim como as responsabilidades que podem já não ser do interesse do fundador. Não faltam estratégias que podem ser utilizadas para pressionar alguém a sair se isso for a intenção da nova direção.
Retirar-se ou embarcar numa nova aventura
Apesar de retirar-se para uma espécie de reforma antecipada ser o sonho de muitos empreendedores, são poucos os que o tornam real. Muitos são tentados a abraçar um novo projeto ou a juntarem-se a uma grande organização e crescer com ela.
Start-up falida
Este é o pior cenário, mas não menos realista porque é frequente os fundadores de uma start-up que não foi bem sucedida enfrentarem dificuldades financeiras. É difícil negociar com recrutadores nestas circunstâncias já que muitos deles, logo à partida, mostram-se resistentes à contratação de empreendedores.
Contudo, há um recurso que muitos empreendedores ainda possuem mesmo depois de verem o seu negócio falir: a rede de parceiros e de clientes. São pessoas que o conhecem, que viram o seu esforço para fazer a empresa vingar e não terão dúvidas em dar referências ou até mesmo oferecer-lhe uma proposta de trabalho.
Mais uma vez a CEO da Transformify recorre ao exemplo da sua empresa, constituída por pessoas que trabalharam como freelancers e outras que têm o seu próprio negócio. O que aprenderam com as suas experiências e erros é uma grande vantagem, assegura. Aliás, os designers e developers da Transformify podem ter outros clientes, uma situação que a empresa encoraja já que, desta forma ampliam os horizontes e ganham novas competências. No que diz respeito à fidelidade e à qualidade do trabalho, Lilia Stoyanov considera ainda que os freelancers e os empreendedores são mais dedicados que um empregado típico.