Escolher ou ser escolhido? A importância de trabalhar a marca do empregador.

“Employer of choice” pode ser um conceito ainda pouco conhecido no mercado português, mas se falarmos da dificuldade que as empresas têm atualmente em atrair novos talentos, já não é assim tão estranho. A verdade é que hoje as empresas deixaram de ter o ónus de escolher e passaram a ser escolhidas.

O tempo em que bastava colocar um anúncio de emprego e esperar pelos candidatos já lá vai. Agora é preciso desenvolver a reputação da empresa de modo a que seja um “employer of choice” e, por isso, um local de trabalho desejado para os novos talentos. Este é um dos grandes desafios que as empresas enfrentam nos dias de hoje: como construir a confiança com o stakeholder potencial colaborador (e atual colaborador), de modo a tornar-se atrativa?

O primeiro passo é trabalhar a reputação da empresa. Aliás, de acordo com o Reputation Institute, ser um “employer of choice” é uma das macrotendências da reputação para 2019. Saber o que torna uma empresa num “employer of choice” e reter esse estatuto, cria um negócio de sucesso a longo prazo.

Num contexto em que o mercado de trabalho é mais competitivo do que nunca, a aquisição de talentos assume uma importância vital. É aqui que entra o “employer branding”, que mais não é do que trabalhar a marca corporativa do empregador e promovê-la junto de todos os stakeholders, entre os quais potenciais colaboradores. E mais – fazê-lo com o mesmo envolvimento e intensidade que dedicamos à gestão de uma marca na vertente de relacionamento com os clientes.

Uma organização que tenha por objetivo ser uma”Employer Brand” deverá, antes de mais, começar por conhecer muito bem a sua própria cultura – ou seja, deve ouvir os seus colaboradores. Este feedback ajuda a recolher novos insights que podem servir de base a novas orientações estratégias. Não é por acaso que o “employer branding” conquistou um lugar na agenda dos Conselhos de Administração.

Com a crescente utilização das redes sociais, estes canais assumem um papel decisivo na implementação da estratégia de “employer branding”. Mas este é apenas um canal. Uma estratégia eficaz deve ser omnicanal – prever diferentes tipos de interação ao longo do “candidate journey” (sim, “candidate” e não “client journey”).

Outro aspeto fundamental é a estratégia de conteúdos. Neste ponto, os dois conceitos críticos são autenticidade e personalização. Uma boa solução é o storytelling. Os testemunhos reais de colaboradores, parceiros ou clientes humanizam as mensagens, tornando-as genuínas e aproximando a empresa dos seus stakeholders. Estes conteúdos são alavancados pela utilização de meios digitais, pela partilha de iniciativas e histórias de sucesso, criando uma imagem dinâmica, autêntica e envolvente.

Ser um “employer of choice”’ está nas mãos das empresas. É apenas mais um desafio que têm que agarrar se querem distinguir-se da concorrência e conquistar os melhores talentos. Mas depois de conquistá-los é preciso mantê-los, mas isso fica para as cenas dos próximos capítulos.

Filipa Montalvão é licenciada em design, pelo IADE.  Com um percurso desde sempre ligado ao universo das marcas, conta com uma passagem pela Fábrica da Comunicação, onde teve oportunidade de trabalhar várias contas, com destaque para o Casino do Estoril, Novarede e Sumol.

O empreendedorismo e a energia que a caracterizam, levaram-na em 1999 a aceitar um convite para integrar em sociedade uma agência de design. Nos sete anos seguintes, contribui para o sucesso de uma carteira de clientes que contou, entre muitas outras, com a Allianz, BP, Cimpor, Danone, EMAC, Porto de Setúbal e Tranquilidade.

Em 2006 abraçou um novo desafio lançado pelo WYgroup, o de constituir uma nova agência cujo foco assenta na estratégia e criatividade de marcas. Há mais de 13 anos que partilha a gestão da White Way®, tendo um foco particular no business development e a supervisão da carteira de clientes como a Brisa, Deloitte, Grupo Mota-Engil, REN, OGMA, Sonae, Siemens ou Oney Bank.