77% das empresas não encontram profissionais criativos e inovadores

Na era da inteligência artificial, grande parte dos líderes tem dificuldade em encontrar colaboradores com as características que melhor nos distinguem das máquinas.
Em 2017, um estudo da PwC apontava uma falha no mercado de trabalho: 77% dos CEOs tem dificuldade em encontrar pessoas com as competências de inovação e criatividade necessárias para as suas empresas.
Numa altura em que a digitalização e a automatização tomaram conta dos processos das organizações, estes dois pilares tornaram-se muito importantes. Longe vão os tempos em que os padrões de funcionamento eram importantes e levavam negócios ao sucesso, como explica Chris Westfall, escritor e business coach, num artigo na revista Forbes.
Em oposição às primeiras linhas de montagem criadas por Henry Ford, o sucesso atual já não se rege por pessoas a seguirem padrões. Estes últimos foram tomados pela inteligência artificial e os algoritmos que têm vindo a ser implementados nos últimos anos. As máquinas não só são mais baratas do que a mão-de-obra humana, como também são capazes de processar mais informação e mais rapidamente.
Neste novo mundo é essencial quebrar padrões
Não é, portanto, de espantar que a próxima grande procura no mercado de trabalho seja pela criatividade e a inovação, visto que, ainda, não é possível automatizar estas duas competências.
Westfall defende que nesta nova era é importante quebrar os antigos padrões. Apesar destes continuarem a ser importantes em, por exemplo, linhas de montagem, só quando os interrompemos é que descobrimos novas formas de abordar o mesmo problema. O resultado pode traduzir-se em soluções diferentes que, por sua vez, podem significar inovação.
Embora tenha sido importante implementar um novo formato de construção de carros, que depois veio revolucionar toda a indústria, não significa que devemos continuar a segui-lo. Para o business coach, esta descoberta deve ser encarada como um lembrete histórico e não como um método que se deva continuar a seguir.
“Essa é a forma como sempre fizemos as coisas”
Para haver uma contínua inovação nas organizações são precisas pessoas que pensem e trabalhem de forma diferente. O ato de seguir um padrão e o mesmo método de trabalho das gerações anteriores não é, segundo Westfall, uma receita para uma carreira de sucesso ou para o bom desempenho organizacional.
Tanto a estratégia, como o pensamento crítico e a empatia estão entre as competências que as máquinas ainda não são capazes de executar. Coincidentemente, nenhuma destas características é gerada ou fomentada por um padrão tradicional.
Para o escritor, “um desempenho consistente vem do constante abraço às variáveis”, o que significa que frases comummente ditas pelos chefes, como “essa é a forma como sempre fizemos as coisas”, são um entrave à inovação e ao avanço das organizações.
Nos dias que correm, a missão dos líderes não se prende apenas com a gestão de pessoas, mas também com procurar, e fomentar a procura junto dos colaboradores, novas formas de executar as tarefas que têm sido realizadas da mesma forma.
A inovação pode surgir dos colaboradores
Tome por exemplo o motorista da Net-A-Porter, um caso que foi relatado durante o evento Building the Future da Microsoft por Anand Vengurlekar, especialista em inovação. O condutor da marca de luxo online – que se orgulha de ouvir as ideias dos colaboradores – apercebeu-se que quando as mulheres recebiam os seus vestidos ficavam tão entusiasmadas que ele tinha de esperar que elas abrissem a caixa para assinarem o papel de confirmação. O compasso de espera levou-o à ideia aguardar que as clientes experimentassem os vestidos antes de ele se ir embora. Desta forma, caso a roupa não servisse, era imediatamente devolvida e poupava-se uma viagem para recolher o produto. Isto traduz-se na redução de custos, e também numa experiência mais enriquecedora para as clientes.
Neste caso, ao aliar o poder de observação com a criatividade, o condutor mudou o padrão que era utilizado pela empresa para criar uma forma de reduzir custos e tornar a experiência mais enriquecedora para as clientes – o resultado pretendido pela inovação.