O que as empresas europeias podem aprender com Silicon Valley

As dicas de uma fundadora europeia que passou seis meses num programa de incubação em Silicon Valley.
“Silicon Valley traz-nos um pensamento muito americano.” As palavras são retiradas de uma entrevista do Link to Leaders a um fundador português que trabalha no conhecido ninho de inovação. Mas o que é um pensamento muito americano?
Uma fundadora austríaca parece ter uma resposta concreta para isto. Numa publicação no Entrepreneur, Rebecca Vogels, CEO da All of the Above, adiantou quatro coisas que as empresas europeias podem aprender com a forma de operar das firmas de Silicon Valley.
Vogels passou seis meses em São Francisco num programa de incubação da Salesforce – uma experiência que a ajudou a abrir horizontes no que diz respeito à forma como as empresas operam. Segundo a empreendedora, as organizações norte-americanas já responderam a questões que os fundadores do velho Continente ainda nem começaram a levantar.
Foi por este motivo que decidiu começar uma brand agency. A ideia é trazer o mindset de Silicon Valley para a Europa.
Qual é a história da sua marca? Segundo Vogels, quase todas as empresas de Silicon Valley sabem que a história de uma marca influencia tudo: desde a facilidade de recrutar, ao marketing, vendas e ao desenvolvimento dos produtos.
Em oposição a esta estratégia, na Europa, só depois de um produto entrar no mercado é que as marcas começam a publicitá-lo. Tal tática faz com que as equipas tenham de trabalhar mais para terem um retorno pouco positivo. Nos Estados Unidos, caso um produto não tenha potencial para ir para o mercado ou uma história forte por trás, é pouco provável que chegue a ser comercializado.
É, portanto, fundamental que pense na narrativa por trás do produto ou serviço que está a tentar vender.
Onde é que se encontra o seu produto? Durante o programa de incubação, a CEO da All of the Above conheceu uma investidora norte-americana que criou um conceito à volta da validação de um produto. Neste, o empreendedor vê-se obrigado a passar três fases:
– Exploração do contexto: ignorando o seu produto, faça uma avaliação do mundo em que este se vai inserir.
– Valor: qual é o valor que o seu produto vai acrescentar à vida destas pessoas? Que pressões é que o seu público está a sofrer? Quais são as suas prioridades? Caso o seu produto ou serviço responda a um destes problemas ou incida no top de prioridades do seu público-alvo, tem uma grande probabilidade de ser bem-sucedido.
– Introdução do produto: esta fase pressupõe a apresentação do produto ao público-alvo. Tendo em consideração os passos anteriores, neste estágio já vai saber que problemas é que o seu público-alvo está a enfrentar e que soluções é que o produto vai trazer.
A sua equipa está alinhada? O terceiro ponto apresentado por Vogels prende-se com a perceção da sua equipa em relação à empresa. Independentemente do cargo, todos os colaboradores das firmas de Silicon Valley têm presentes os valores e a história da empresa para que trabalham. Este fator é fundamental tendo em conta que os fundadores e CEOs do vale norte-americano acreditam que os maiores embaixadores da marca que representam são os seus funcionários.
Onde nascem as ideias inovadoras? À frente de uma secretária? Num escritório tradicional? As melhores ideias acontecem em espaços que potenciam o pensamento livre. É por isso que ideias “fora da caixa” surgem quando estamos no banho, a correr, a praticar um desporto ou simplesmente sentados num sofá confortável em silêncio.
As empresas de Silicon Valley já se aperceberam disso. Por este motivo, começaram a dedicar parte do escritório a espaços que potenciem este tipo de pensamentos.
Vogels deixa ainda um conselho: caso não tenha na sua empresa um espaço dedicado a esta finalidade e precise de ter uma reunião de brainstorming, pondere ir fazer uma caminhada com a sua equipa.