Mulheres querem melhorar igualdade de género no setor tecnológico

A organização do Web Summit 2o18 recolheu uma série de dados junto dos participantes, speakers e investidores femininos do evento, de forma a avaliar as perspetivas face ao estado e papel atual das mulheres na tecnologia.
Os resultados mostram que as mulheres sentem-se respeitadas, confiantes e capacitadas para os papéis que desempenham, mas que, apesar disso, ainda é preciso que os governos, os locais de trabalho e até mesmo a sociedade como um todo, se adaptem ao mercado.
Eis algumas das principais conclusões da pesquisa efetuada pelo Web Summit junto da audiência feminina que marcou presença na conferência.
# Há uma divisão evidente sobre se as relações de género na tecnologia se tornaram mais equilibradas
Quando questionadas se há mais equilíbrio de género no setor da tecnologia, nos últimos 12 meses, 34% das entrevistadas concordaram, 26% discordaram e 40% afirmaram não ter certeza. No entanto, quando se trata de saber se houve melhoria no número de mulheres em cargos de liderança tecnológica, apenas 17% concordaram que houve uma melhoria face ao ano passado.
#A maioria das mulheres sente-se respeitada, confiante e habilitada no seu cargo
74% das entrevistadas afirmaram sentir-se respeitadas nos seus cargos. Muitas sentem que isso se resume ao facto de haver uma mistura saudável de empregados homens e mulheres nas empresas, a uma mudança de mentalidade das mulheres na tecnologia, e a trabalhar para empresas com uma cultura saudável.
Quanto à confiança na função que desempenham, isso foi confirmado por 87% das entrevistadas. A maioria afirmou que está muito consciente das suas capacidades, expertise, experiência e impacto positivo que trazem para o local de trabalho. 75% das inquiridas também concordam que se sentem habilitadas a conquistar ou a manter uma posição de liderança.
# 61% das mulheres sentem que têm mais pressão para provar seu valor do que os homens nos mesmos cargos
Quando se trata de averiguar se as mulheres sentem que são tratadas de forma diferente ou são pagas injustamente face aos seus homólogos masculinos, os resultados variam: 43% sentem que são tratadas da mesma forma, contra 40% que considera que não. 17% não têm a certeza.
Quanto ao salário igual, 37% acreditam que são pagas razoavelmente, comparativamente ao seus colegas homens e 31% afirmam que não o são.
Algo que gerou um forte consenso foi a pressão que as mulheres sentem para provar o seu valor já que 61% das inquiridas referiram sentir essa pressão. Algumas mulheres mencionaram que este é um revês que ainda favorece os homens como sendo mais competentes.
Algumas também frisaram a necessidade de provar que são um investimento valioso para as empresas, uma vez que, muitas vezes, são percecionadas como colaboradoras mais caras, especialmente se planeiam tornar-se mães. Embora, 50% afirmem que já não sentem a pressão de escolher entre carreira ou família.
# 49% das mulheres acredita que as empresas fazem o suficiente para garantir a igualdade de género, mas mais de 57% refere que os seus governos precisam de fazer mais
Quando questionadas sobre o que acham que os governos poderiam fazer, muitas frisaram a necessidade de introduzir leis que proíbam a discriminação de género, como por exemplo a igualdade de licença de maternidade e de paternidade, de melhorarem o sistema educacional e de impôr quotas. No que diz respeito às quotas, 37% consideraram que as mulheres só acedem a funções de liderança para preencher quotas, 33% discordam e 30% não têm certeza.
# 87% acreditam que são responsáveis por melhorar a igualdade de género na tecnologia
A ideia dominante é a de que é preciso mudar a mentalidade através da educação e da consciência pública, um trabalho que deve começar em casa com os pais a capacitarem as suas filhas. E a ensinar pelo exemplo, mostrando como a próxima geração pode viver numa sociedade dominada pela igualdade de género igual.
Outras acreditam que essa responsabilidade passa também pelas empresas e outras entidades privadas (63%) e pelos governos (41%).
# Departamentos de RH devem manter mais responsabilidade
63% das inquiridas acredita que as empresas e outras entidades privadas têm um alto nível de responsabilidade, em particular os departamentos de recursos humanos. Como podem as mulheres obter grandes empregos tecnológicos se nunca lhes são dadas oportunidades de mostrar o seu talento, questionaram-se algumas das inquiridas.
Muitas sugeriram inclusivamente um conjunto de melhorias nas práticas de recrutamento, como por exemplo em aspetos como a triagem de currículos. A necessidade de mudar a cultura tecnológica no local de trabalho, para que as mulheres sejam genuinamente incluídas, também foi um dos temas referenciados pelas inquiridas.