Porque falham as start-ups? Aceleradoras deixam pistas

Dois empreendedores, consultores e autores norte-americanos, Michael Houlihan e Bonnie Harvey, questionaram mais de uma dezena de aceleradoras internacionais sobre quais os fatores que podem levar ao fracasso de uma start-up.

Apesar de serem de todo o mundo, é curioso perceber que quase todas as aceleradoras concordaram quando se trata de identificar os motivos pelos quais as start-ups falham. São quatro os que mais contribuem para o insucesso.

Testes inadequados
Esta foi de longe a razão mais mencionada para o insucesso das start-us. Este fator também poder ser identificado por não saberem como chegar ao mercado ou não entenderem as barreiras que encontram. Greg Wright, fundador do HATCH, resumiu esta razão sucintamente: “falha em testar e validar hipóteses e suposições. O seu corolário é procurar financiamento cedo demais, aumentar a produção, a equipa ou a publicidade antes de alcançar o mercado. Ou como explicou Keith Hopper, CEO da Danger Fort Labs, aos autores desta “pesquisa” , não corresponder a uma necessidade suficientemente importante pela qual os clientes estão dispostos a pagar”.

Construir algo que ninguém pode representar, segundo Eric Mathews, fundador e CEO da Start Co, 50% dos fracassos. Por isso, aconselha os empreendedores a consultarem os verdadeiros clientes antes de construirem qualquer coisa.

Ashish Bhatia, fundador da Aceleradora da Índia acrescentou ainda que atrasar o lançamento da start-up é um pecado capital. O perfeccionismo excessivo não funciona. O fundador tem de sair e conhecer o cliente. As empresas em fase inicial que não saem e não conversam com os potenciais clientes muitas vezes falham.

Equipas incompatíveis
Este foi o segundo obstáculo mais referido quase se trata do fracasso de uma start-up: a forma como os membros da equipa fundadora trabalham juntos e as capacidades que têm para superar os desafios futuros. Joseph Bush, diretor executivo da Worcester CleanTech Incubator, acredita que a incapacidade de recrutar, construir e gerir uma equipa de pessoas mais inteligente do que a própria pessoa é um grande fator no fracasso das start-ups. Podem falhar quando a equipa não tem capacidade para executar as linhas base.

O fundador e CEO da Start Co, Eric Mathews, lembra que é importante que a equipa fundadora tenha  skills complementares, que não seja grande demais, que se sacrifique de igual modo para construir o sonho, seja flexível e colaborante. Recorda que quando os investidores, fundadores, funcionários, membros do conselho ou partes interessadas não remam na mesma direção, a empresa fica dilacerada à medida que as várias partes tentam puxar o negócio em direções diferentes.

Falta de persistência
A falta de persistência foi o terceiro motivo mais comumente mencionado para o insucesso das start-ups. Ou, como refere Keith Hopper, CEO da Danger Fort Labs,  a falta de criatividade e persistência em trabalhar os inevitáveis ​​desafios de lançar um novo empreendimento.

Este motivo é visto por Alyse Daunis, do Launch Alaska, como falta de coragem. “Todos sabemos que as start-ups são difíceis. Exigem muito tempo e muitas vezes exigem sacrifício. Os fundadores precisam de ter coragem para superar os obstáculos e o desgaste”, explica.

A falta de persistência também pode acontecer quando há incapacidade ou falta de vontade do empreendedor em se adaptar rapidamente quando há falta de adequação do produto ao mercado, destaca Elza Seregelyi, diretora da L-SPARK

Outras razões
A ganância interna que pode levar ao colapso dos fundadores, a falta de ferramentas e relatórios adequados, o facto de não definirem metas e não entenderem a necessidade de gerar vendas, são outras das razões apontadas pelas aceleradoras para o fracasso de algumas start-ups.