Cada vez mais portugueses consomem notícias nas redes sociais

O consumo diário de notícias nas redes sociais revela-se uma tendência crescente e transversal a todas as faixas etárias, revela o estudo Meaningful Media, da Havas Media Network.

A 4.ª edição do Meaningful Media, um estudo realizado pela Havas Media Network com o objetivo de estudar a forma como os portugueses se relacionam com os meios de comunicação e a publicidade, traz algumas conclusões quanto ao perfil de consumo diário de notícias.

E uma delas é que o recurso a notícias através das redes sociais é uma tendência crescente e transversal a todas as faixas etárias. No entanto, apenas os mais jovens colocam as redes sociais no top 5 dos meios mais credíveis para obter informação noticiosa.

Fonte: Meaningful Media (Havas Media Network)

Segundo esta edição do Meaningful Media (que envolveu 600 entrevistas, em Portugal Continental, a pessoas com idades entre os 15 e os 64 anos), as motivações para a procura destes meios têm-se vindo a alterar e são notórias as diferenças geracionais. Por exemplo, o entretenimento é algo que as gerações entre os 45 e os 64 anos procuram nos meios, a rivalizar de perto com a função informativa. Já para a Geração Z, a relevância dos meios é cada vez mais assente na descoberta de coisas novas, função que atribuem maioritariamente a motores de busca e redes sociais.

No que respeita à credibilidade, esta é mais consensual e os canais de TV aberta permanecem como os meios mais credíveis em todas as idades, seguidos dos jornais. Contudo, partir de 2023 registou-se uma mudança entre os mais jovens (15 aos 34 anos), com os motores de busca a conquistarem espaço em detrimento da rádio e, especialmente, com as redes sociais a entrarem no top5 da credibilidade.

Fonte: Meaningful Media (Havas Media Network)

O estudo refere que o consumo crescente de conteúdos noticiosos através das redes sociais pode ser um fator determinante para este aumento de credibilidade – inclusive com os vídeos virais a tornarem-se, cada vez mais, o “prime time” dos jovens, não só como fonte de entretenimento, mas também de informação.

Paralelamente, a tendência de “fuga a notícias” está a aumentar, refletindo cansaço face à negatividade e ao contexto de instabilidade e insegurança generalizado. Se associarmos este movimento à crescente substituição do jornalismo profissional por criadores de conteúdos digitais, ou “jornalistas-influencers”, enfrentam-se riscos acrescidos de escassez de confiança, potenciados pela desinformação e pela polarização de opiniões.

Também a publicidade associada a conteúdos jornalísticos caiu 33%, a nível global, entre 2019 e 2024, de acordo com a pesquisa da Havas Media Network. Em Portugal, a queda rondou os 27%. No que diz respeito à forma como as diferentes gerações encaram a publicidade, os resultados também mostram perceções muito diferentes.

Os mais jovens revelam ter menos tolerância face à publicidade e são os que mais utilizam adblockers. Na faixa etária dos 15-34 anos, 54% utilizam adblockers, face a apenas 21% da geração X. Entre os mais velhos, há uma maior aceitação da publicidade, quase uma questão cultural assente no hábito.

As conclusões apontam para que as gerações mais jovens sejam mais propensas a consumir user generated content, a desvalorizar o jornalismo profissional e a procurar um consumo mais imediato e menos cuidado. Por sua vez, as gerações mais velhas aceitam melhor conteúdos longos, de produção profissional, que associam a entretenimento e credibilidade.

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