Opinião

Ócio e Negócio

Diogo Alarcão, gestor

Esta semana ouvi um podcast que recomendo vivamente. Uma das coisas que me chamou a atenção foi a ligação entre o “ócio” e o “negócio”. Dei por mim a pensar que o “negócio” pode ser a negação do “ócio”. Mas também constatei que muitas vezes planeamos o “ócio” como se fosse um “negócio”.

Como canta Dino Meira:
Meu querido, mês de Agosto…
Por ti levo o ano inteiro a sonhar
Trago sorrisos no rosto
E trago Deus para me ajudar.

Chegámos a Agosto!
Tempo de ócio.

Esta semana ouvi um podcast que recomendo vivamente.
Uma das coisas que me chamou a atenção foi a ligação entre o “ócio” e o “negócio”. Dei por mim a pensar que o “negócio” pode ser a negação do “ócio”. Mas também constatei que muitas vezes planeamos o “ócio” como se fosse um “negócio”.

Infelizmente, passamos a maior parte do ano enredados nos nossos “negócios” que nos consomem, que nos distraem do Essencial e que nos fazem perder tempo em discussões fúteis e pormenores estéreis. Apesar do negócio ser de per si bom, a forma como o gerimos pode desvirtuar a sua essência.

E o pior é que muitas vezes contaminamos o nosso tempo de ócio com os vícios dos nossos negócios. Planeamos as férias como um business plan ou, se quiserem, planeamos o “ócio, em modo negócio”. Antes de entrar no carro, avião, comboio ou barco já anotámos tudo o que queremos fazer e não podemos perder:

  1. Visitar a praia que a nossa influencer preferida postou no Instagram;
  2. Jantar no restaurante que o amigo disse ser o melhor do mundo em que já sabemos o que vamos escolher, mesmo antes de ver o menu;
  3. Tirar a selfie no secret spot mais conhecido do Mundo;
  4. Garantir que não falhamos nenhuma das “10 experiências da nossa vida”;
  5. Combinar 10 jantares nas 10 noites de férias que vamos ter e, se possível, garantir que a noite acaba no bar ou na discoteca onde vamos encontrar todas as pessoas com que nos cruzamos durante todo o ano.

Enfim, uma canseira…

E isto porquê?

Porque não conseguimos distinguir, de facto, o “ócio” do “negócio”. Ora, é importante darmos tempo para um e para outro. Neste sentido, seria bom que “neste querido mês de Agosto” conseguíssemos dar tempo e espaço ao ócio para fazer aquilo que verdadeiramente nos preenche, reequilibra, recentra e nos ajuda verdadeiramente a recuperar a energia boa e a força:

  1. Silêncio
  2. Contemplação
  3. Leitura
  4. Caminhada (a sós ou acompanhado)
  5. “Modo voo” (sem telemóvel, sem redes sociais, sem notificações)

Sei que não é fácil darmos tempo e espaço ao ócio e, provavelmente, se o fizéssemos de uma vez e de forma abrupta, corríamos o risco de um burnout provocado não por excesso de “negócio” mas por excesso de “ócio”. Eu optei por não arriscar e, por isso, nas duas semanas de férias irei procurar dedicar a primeira ao “ócio, em modo de negócio” e a segunda ao “ócio, em modo ócio”.

Veremos como corre…

Boas férias!

Comentários
Diogo Alarcão

Diogo Alarcão

Diogo Alarcão tem feito a sua carreira essencialmente na área da Gestão e Consultoria. Atualmente é Vogal do Conselho de Administração da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. Foi Chairman da Marsh & McLennan Companies Portugal e CEO da Mercer Portugal. Foi Diretor da Direção de Investimento Internacional do ICEP, de 1996 a 2003. Foi assessor do Presidente da Agência Portuguesa para o Investimento de 2003 a 2006. Licenciado em Direito, pela Universidade de Lisboa, concluiu posteriormente... Ler Mais..

Artigos Relacionados