Clareza é o novo diferencial competitivo no mundo dos negócios

Profissionais querem ter maior clareza e transparência em temas como remuneração, flexibilidade, tecnologia, cultura e valores organizacionais, de acordo com o mais recente estudo da Michael Page.
Os profissionais portugueses estão a adotar novas formas de encarar o desenvolvimento da carreira. Neste contexto, a mobilidade interna e a negociação ativa de salários assumem maior protagonismo, relegando para segundo plano a mudança de emprego, segundo os dados do Talent Trends 2025, da Michael Page, estudo global sobre tendências de talento.
O salário é uma prioridade, mas cresce o número de profissionais que prefere renegociar as atuais condições de remuneração, dando prioridade à estabilidade e transparência. Além disso, os trabalhadores querem maior clareza por parte das organizações em temas como a política salarial, a flexibilidade, a adoção de Inteligência Artificial (IA), os valores e a cultura organizacional.
Ainda segundo o estudo, 36% dos profissionais em Portugal procuraram negociar um aumento salarial junto do atual empregador, tendo 13% destes sido bem-sucedidos. Já a percentagem de trabalhadores ativamente à procura de novas oportunidades regista uma descida constante nos últimos anos: de 59% em 2023, para 56% em 2024 e 45% em 2025.
Quando questionados sobre o grau de transparência da política salarial da organização, apenas 43% dos inquiridos a consideraram bastante ou totalmente clara.
Um terço dos profissionais acredita existir uma disparidade salarial entre homens e mulheres, sendo que esta perceção é mais acentuada nos escalões hierárquicos superiores. A disparidade salarial é apontada pelas mulheres (32% vs11%), comparativamente com os homens.
A procura por equilíbrio entre vida pessoal e profissional mantém-se como uma das prioridades. O modelo híbrido confirma essa tendência: 53% dos profissionais mantêm o regime de trabalho dos últimos anos e 51% dos inquiridos trabalham atualmente num modelo híbrido.
Relativamente à cultura organizacional, a falta de confiança na liderança é um aspeto apontado pelos profissionais. De acordo com o estudo, um em cada cinco inquiridos declara ter pouca, ou mesmo nenhuma, confiança na capacidade da liderança para equilibrar as exigências empresariais com o bem-estar dos colaboradores.
Para Álvaro Fernández, diretor-geral da Michael Page, os últimos anos têm sido marcados por uma transformação nas dinâmicas laborais. “Os dados do Talent Trends 2025 confirmam que a ausência de clareza sobre temas críticos, como a flexibilidade, a cultura organizacional, a integração da IA e a política remuneratória, está a gerar incerteza. Embora a mudança encerre um enorme potencial de progresso, também pode originar incerteza, um sentimento que, nos últimos tempos, se tem tornado visível no comportamento do mercado de talento”.
O estudo conclui que a clareza é o novo diferencial competitivo. “A clareza deixou de ser um ideal aspiracional. Tornou-se uma condição essencial para atrair e fidelizar talento. As organizações que respondem com transparência às questões estruturais dos profissionais posicionam-se com vantagem para se destacarem num mercado de talento cada vez mais exigente”, explica Álvaro Fernández.