67% dos jovens estão preocupados com o impacto das mudanças climáticas no seu futuro
A falta de green skills necessárias para combater eficazmente as alterações climáticas está no centro das preocupações dos jovens, segundo um estudo do Research Institute.
O novo estudo do Research Institute da Capgemini e do Generation Unlimited, da UNICEF, analisa as perspetivas dos jovens sobre a crise climática, concretamente os seus pontos de vista sobre as green skills, a obtenção de diplomas que os capacitem para os green jobs, e a forma como as empresas e os governos podem trabalhar com os jovens para impulsionar uma maior consciência sobre as questões climáticas e a defesa do ambiente.
O “Young People’s Perspetives on Climate: Preparing for a Sustainable Future“ concluiu que a maioria dos jovens está preocupada com as mudanças climáticas, e que mais de dois terços em todo o mundo reconhece que estão apreensivos com a forma como as alterações climáticas podem afetar o seu futuro, o que representa um aumento face aos dados recolhidos em 2023, altura em que um inquérito da UNICEF, nos EUA, revelou que 57% dos jovens a nível mundial sofriam de “ansiedade ambiental”.
Neste âmbito, os jovens do hemisfério norte reportaram na altura níveis mais elevados de ansiedade relacionados com as alterações climáticas (76%), por comparação com os seus colegas do hemisfério sul (65%).
A divisão entre os mundos rural e urbano apresentava-se então também de forma evidente, com 72% dos jovens a viverem em zonas urbanas e suburbanas a manifestarem preocupação com o impacto das alterações climáticas no seu futuro, contra apenas 58% dos seus homólogos das zonas rurais.
Apesar dos altos índices de ansiedade ambiental/climática, a maioria dos jovens acredita que as green skills são essenciais para que o futuro possa ser melhor, e 61% consideram que ao desenvolverem-nas estão a potenciar as suas possibilidades de acesso a mais oportunidades profissionais.
Além disso, os jovens querem alinhar as suas carreiras profissionais com os seus valores climáticos/ambientais: 53% dos jovens em todo o mundo, e 64% no hemisfério norte, estão interessados em ter um emprego e uma carreira na área ambiental.


Fonte: Research Institute, Capgemini|Generation Unlimited, UNICEF
O estudo conclui ainda que apenas 44% dos jovens em todo o mundo acredita possuir as competências ambientais necessárias para poder em ser bem-sucedidos no atual mercado de trabalho. Neste contexto, verifica-se igualmente que os jovens das zonas rurais estão mais atrasados do que os das zonas suburbanas e urbanas. A percentagem também varia conforme as regiões. Por exemplo, no hemisfério sul, cerca de seis em cada dez jovens brasileiros afirmam possuir competências ambientais, um valor que contrasta com os 5% dos jovens etíopes que dizem possuí-las.
Entre os jovens com idades entre os 16 e os 18 anos na Alemanha, Áustria, EUA, França, Japão e Reino Unido, a reciclagem e a redução de resíduos continuam a ser as competências ambientais mais difundidas. Mas a proporção de jovens com conhecimentos de design sustentável, energia e transportes diminuiu significativamente desde 2023.
Por seu turno, no hemisfério sul os jovens têm mais conhecimentos sobre reciclagem e redução de resíduos, conservação de energia e água, mas menos sobre tecnologias verdes, análise de dados e design sustentável. 71% dos jovens em todo o mundo concorda que devem ter uma forte influência na política e na legislação ambiental. No entanto, consideram que os líderes empresariais e políticos não estão a desempenhar o seu papel e devem contribuir mais para o combate contra as alterações climáticas. O estudo incita os líderes locais a apoiarem os jovens na promoção das soluções e das competências ambientais.
O “Young People’s Perspetives on Climate: Preparing for a Sustainable” revela igualmente que integrar a educação ambiental, expandir o acesso à formação e alinhar os objetivos climáticos com as estratégias de emprego dos jovens, são aspetos que devem ser parte da solução a ser implementada pelos decisores políticos. Por sua vez, os líderes empresariais devem ser incentivados a colaborar na criação dos green jobs, a investirem em iniciativas lideradas por jovens e a integrarem as suas vozes nas estratégias de ESG e clima das suas empresas com o objetivo de reforçar a confiança e estimular a inovação sustentável.
Refira-se que a pesquisa do Research Institute da Capgemini realizou-se entre fevereiro e março de 2025, via online junto de 5.100 jovens entre 16 e 24 anos, de 21 países da África, Américas, Ásia-Pacífico e Europa.








