Menopausa afeta o dia a dia laboral de 63% das mulheres portuguesas

O estudo “Dar voz e ouvidos à Menopausa” aprofunda as causas e os efeitos desta fase que impacta diretamente 22% da população ativa em Portugal.
De acordo com um estudo do projeto Saúdes, apoiado pela Médis, 63% das mulheres afirmam que a menopausa impacta negativamente o seu dia a dia no trabalho, sendo o desconforto e a falta de memória as principais causas apontadas. A maioria (68%) confessa aceitar ou disfarçar os sintomas em contexto de trabalho.
As conclusões do “Dar voz e ouvidos à Menopausa” foram apresentadas esta semana no decurso de um debate sobre o tema, organizado pela Médis, e permitem um olhar mais realista sobre o quotidiano da mulher no contexto de trabalho nesta fase da sua vida.
Assim, 73% das inquiridas referiu que este é um tema que impacta negativamente a sua eficiência e a sua produtividade. Além disso, 77% nunca abordou o tópico com a chefia e 9% já faltou ao trabalho por causa de sintomas relacionados com a menopausa, entre os quais cansaço físico (65%), questões psicológicas como a ansiedade e depressão (58%) e desconforto físico (54%).
No encontro que serviu de base à apresentação do estudo, e onde se discutiu a “Menopausa e o trabalho: a urgência de agir, sem rotular”, os vários especialistas presentes reforçaram a mensagem de que a menopausa não é uma doença, mas um processo natural pelo qual todas as mulheres passam ou irão passar. Como tal é necessário preparar o mercado e os empregadores para terem uma resposta adequada e equilibrada a esta fase da vida das trabalhadoras.
Cristina Mesquita de Oliveira, fundadora da Comunidade de Saúde em Menopausa e da VIDAs – Associação Portuguesa de Menopausa, defendeu que “é necessário transformar a menopausa num assunto, para que consiga ganhar relevância e seja vista como uma necessidade de justiça, inclusão e de equidade na vivência do trabalho”.
Também Maria do Carmo Silveira, responsável de orquestração estratégica do ecossistema de saúde do Grupo Ageas, ao lembrar que é fundamental trazer este tema para a discussão e encorajar as mulheres a sentirem-se à vontade para abordá-lo em contextos laborais. Temos presente que esta questão pode tornar-se difícil de abordar, especialmente perante a predominância de chefias do sexo masculino, e falar desta questão é, ainda e infelizmente, desconfortável”.