Opinião

Como abrir portas ao mundo e ajudar empresas a explorar novos mercados

Pedro Magalhães, diretor de Comércio Internacional da CCIP*

Todos conhecemos os constrangimentos atuais que a geopolítica e geoeconomia colocam ao comércio internacional. Mas nem esses desafios, por mais complexos que sejam, devem abrandar os planos de internacionalização das nossas empresas e economia.

Deve ser esta a base do nosso desenvolvimento económico. As portas fechadas ao mundo, mesmo em tempos conturbados e perigosos, nunca contribuirão para o desenvolvimento. Só a abertura económica e as relações comerciais servem de motor para o crescimento. O receio, nos tempos que correm, é natural, mas há formas de ajudar as nossas empresas e gestores a lançarem-se além-fronteiras.

A perspetiva de crise económica e política em países centrais para a Europa, como em França e na Alemanha, em nada contribuem para fazer crescer os níveis de confiança dos empresários e gestores. A pergunta que nos devemos colocar, e que as empresas portuguesas se devem colocar-se, é como crescer internacionalmente, apesar destas circunstâncias?

A internacionalização é o que realmente desafia as nossas empresas e o que dinamiza a nossa economia. É através dela que se potencia a inovação, a competitividade e, no final do dia, a construção de marcas fortes com origem em Portugal. Estes são fatores cruciais para a criação de uma economia sustentável e realmente dinâmica, capaz de gerar prosperidade.

A conclusão das negociações do acordo de cooperação económica e política entre os países do Mercosul e da União Europeia veio dar um sinal muito positivo. Apesar de ainda faltar a aprovação final no Parlamento Europeu, esta é uma nova relação que abre diversas oportunidades às empresas europeias e, em particular, portuguesas, que contam com relações muito próximas com alguns destes países. As nossas exportações podem ter aqui o empurrão que faltava para voltar a níveis registados anteriormente. Mas, mais importante do que isso, mostra que as relações comerciais e a abertura económica são não só para manter, mas para serem estimuladas. Isto reveste-se de especial importância num período em que grassam os conflitos e tensões.

Cabe ao Estado, mas também à sociedade civil e associativa, dar a ajuda necessária para que as nossas empresas aproveitem as oportunidades que o mundo apesar de tudo oferece. Por exemplo, é isso que a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) faz com o seu plano de missões internacionais que prepara todos os anos. No próximo ano prevê-se a realização de 32 missões empresariais a 25 mercados de elevado potencial. Através deste plano levam-se empresas portuguesas, de todas as dimensões, a novos mercados, apresentando novas oportunidades de negócio e estabelecendo-se novas relações. Isto pode ser, em muitos casos, absolutamente decisivo para o seu crescimento e para o nosso.

Na maioria dos casos, apenas falta aos nossos gestores a dose de confiança necessária para explorarem o mundo, ainda que este esteja em convulsão. A história mostra-nos que só aqueles que estão abertos à inovação, à competitividade, ao talento e ao mundo conseguem alcançar a prosperidade.

* Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa

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