Opinião
2022, a Humanidade em particular e Portugal em geral
A Humanidade, perdoem-me a soberba, avança mesmo se aos tropeções. Umas vezes rapidamente, outras após retrocessos, pequenos ou maiores, mas avança. Há quem diga que avança imparável para a sua destruição, mas há quem – como eu – acredite que, apesar de tudo o que de mau vai acontecendo nos entretantos, avança para melhor.
Vivemos nos dois últimos anos algo que não imaginávamos, num tempo de torpor em que vimos a nossa vida colectiva suspensa na esperança de que “passadas as duas próximas e decisivas semanas” tudo voltasse ao normal. Vivemos assim num entretanto! E nisto andamos, de duas em duas semanas há quase dois anos! Parece sina, mas não pode ser fatalidade!
Já cansados, e cada vez menos optimistas, são muitos os que querem crer que será em 2022 que o normal voltará. É verdade que “o normal” sempre foi muito sobrevalorizado, e somos nós mais que as circunstâncias que fazem a vida acontecer, para o bem e para o mal. Não nos é possível prever se em 2022 a nossa vida “nos será devolvida”, mas no que me diz respeito muito gostaria que, em especial em Portugal – pais onde vivo e de que muito gosto apesar de todas as suas excentricidades – as pessoas não mais aceitassem este discurso catastrofista que nos vem sendo imposto até à exaustão, por todo o tipo de “autoridades”, da politica passando pela saúde – e seus inúmeros “especialistas”, muitos dos quais para nossa felicidade até há pouco desconhecidos – até aos media que, mais que informar como é sua responsabilidade, agiram muitas vezes como megafone do apocalipse, e que exigissem viver em liberdade com responsabilidade. A responsabilidade de cada um tomar as suas decisões de forma autónoma e informada sobre o que fazer com a sua vida, individualmente, em família, em comunidade e em sociedade, e assumindo as consequentes responsabilidades pelas suas decisões e pelos seus actos.
Num país com quase 90% da população vacinada, em que os portugueses deram provas de elevada responsabilidade perante as dificuldades que lhe foram impostas por um vírus perigoso e, quantas vezes, por decisões absurdas e/ou contraditórias por parte de quem, mesmo num cenário de elevada incerteza e muito desconhecimento, tinha responsabilidade de fazer bem melhor.
Muito gostaria que em 2022 os portugueses dissessem bem alto que não admitem ser tratados como cidadãos de primeira ou segunda em função da posse de um “certificado de boa cidadania”. Que não é de bom tom serem obrigados a continuar a usar uma máscara que lhes fere dignidade e retira identidade, e muito menos que crianças as usem. Crianças essas que estão a crescer num clima de injustificável medo, onde “o outro”, mesmo se familiar ou amigo, é percepcionado como ameaça, alguém de quem se tem de manter distancia em vez de saudável proximidade. As implicações no desenvolvimento de muitas destas crianças serão bem mais perniciosas que a potencial infecção por parte de um vírus que felizmente não as afecta significativamente, e que vem perdendo maldade a cada dia que passa.
Milhares de pessoas perderam parte ou a mesmo a totalidade das suas fontes de rendimento, passaram noites de pesadelo preocupadas com o presente e futuro das suas famílias. Quantos foram os decisores que realmente se importaram com as consequências destruidoras das suas decisões? Quanta dessa insensibilidade não resultou do facto de quem decide raras vezes ter sido negativamente afectado pelas suas decisões, tendo mesmo mantido rendimentos ou até os ter visto aumentados? Não creio que alguém tenha tomado decisões com o intuito de prejudicar, e estou certo que muitos foram os que as tomaram de boa fé, suportados na informação há data existente, mas menos crença na opinião de “especialistas da catástrofe” e mais sensibilidade pela vida dos afectados, em suma mais bom senso, teria, estou certo, levado a decisões bem menos danosas para os portugueses e para Portugal. Já não se pode mudar o passado, mas pode e deve aprender-se com ele para não se continuar a prejudicar o presente e o futuro.
Neste difícil período da nossa vida colectiva muitos foram os empreendedores que contribuíram positivamente, com o seu conhecimento, inovação e criatividade, para o desenvolvimento de produtos e serviços que mitigaram problemas e potenciaram soluções. Bem hajam, e que assim continuem! E que nunca esqueçam que a liberdade é a matriz fundadora da sociedade em que vivem, e que as suas decisões impactam na vida dos outros, positiva e negativamente, pelo que é sempre bom manter uma boa dose de humildade e de bom senso.
Sei que a maioria destes meus desejos para 2022 não se irão concretizar, mas é um exercício libertador este que, pelo menos uma vez por ano, podemos fazer. Pensar no que gostaríamos de ver realizado e acreditar, nem que seja por breves instantes, que se pode vir a concretizar.
Desejo a todos um bom ano de 2022, com máxima liberdade, máxima responsabilidade.
Nota: Este artigo segue a antiga ortografia por vontade expressa do seu autor.